tag:blogger.com,1999:blog-70208611607531186042024-02-19T00:54:42.289-08:00Sombra imagináriaUm espaço para os textos que criam a si mesmosVinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.comBlogger17125tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-12692670056671489722012-01-24T16:56:00.000-08:002012-01-24T16:57:19.729-08:00Capítulo 4<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXivgzsz293fPM4MDv0FGwxb2NRSTFACgeSSLiHSPkCD-TiEU9JbT2G_9WdPz1Iink6jPHpOGMvxvnCuIoRqrp6usAT0-30A26_Zp6dkeeBxtThbszc2-hYmXQrqw22cVISkTfMAzbfA/s1600/Myra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXivgzsz293fPM4MDv0FGwxb2NRSTFACgeSSLiHSPkCD-TiEU9JbT2G_9WdPz1Iink6jPHpOGMvxvnCuIoRqrp6usAT0-30A26_Zp6dkeeBxtThbszc2-hYmXQrqw22cVISkTfMAzbfA/s400/Myra.jpg" width="363" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Um rosnado robusto e feroz antecedeu um desesperado grito de dor. O som do combate vinha de longe e Vallen sentia a flecha cutucando seus músculos, reabrindo a ferida, enquanto tentava manter-se na mesma velocidade que Laucian. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Por que raios não está indo atrás de seu amigo? - Quis saber Laucian.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- A esta altura segui-lo seria suicídio. Tenho motivos para acreditar que precisam dele vivo. - Respondeu Vallen, lembrando de como o orc pegara leve com Finarfim. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"></div><a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Chegaram ao ponto onde esperavam encontrar o lobo gigante, mas encontraram apenas seus filhotes. Esgueiraram-se para fora da caverna com o lampião apagado. Do lado de fora, cinco corpos cobertos de sangue, todos orcs. A loba fazia seu caminho de volta para a caverna com a fuça brilhando de sangue e um braço nos dentes. Pareceu não notar os dois elfos e entrou na caverna, levando alimento para suas crias. Tornaram a olhar para o local da chacina e perceberam que o lobo não era a única besta responsável pelo massacre. Uma pantera tinha os olhos fixos nos elfos. Um dos orcs se levanta e tenta acertar o gato gigante, que parecia não lhe dar atenção. O bote foi rápido e certeiro, suas presas cravaram-se na garganta do orc, que voltou a deitar-se, desta vez para sempre.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vamos embora. - Disse Laucian, com temor na voz. - Não temos utilidade aqui.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Tenha calma, Laucian. Acho que esse animal está do nosso lado. - Respondeu Vallen. - Se eu estiver errado, é uma boa hora para você aprender a subir em árvores.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Sabia que Laucian não estava enxergando a mesma coisa que ele daquela distância e com aquela iluminação, mas podia jurar que aquela pantera tinha as mesmas cores de Myra, Preto, branco e vermelho. Nunca vira uma pantera dessa cor e nunca ouviu falar de panteras e lobos lutando lado a lado. Se estivesse certo, isso explicaria muita coisa. Aproximou-se devagar da besta, que começava a se afastar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Khalid? - Perguntou Vallen alto o suficiente para ser ouvido. - É você?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A Pantera caminhou até o elfo e começou uma estranha transformação. Primeiramente pôs-se de pé com um equilíbrio jamais visto em um quadrúpede, então seus pêlos começaram a transmutar-se em um tecido leve e verde. Os cabelos da cabeça cresceram a partir de uma mancha vermelha se transformando em um longo e liso ruivo. Por fim, assumiu a forma de uma bela mestiça com mantos esverdeados, uma coroa de folhas e flores na cabeça e um cajado de madeira na mão esquerda.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não, caro Vallen, mas você chegou perto. - Respondeu com uma voz tão suave quanto a brisa da primavera. - Sou Myra, e assim como Khalid, sou um com a natureza.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen estava sem palavras. Em parte pela revelação e em parte bela beleza estonteante de Myra. Após alguns instantes admirando a mestiça, conseguiu falar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então você é a gata que vinha nos seguindo todo esse tempo, não é isso?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Sim. - Respondeu com o sorriso mais meigo que Vallen já vira, o que tornava difícil se concentrar nas perguntas certas. - Eu estou vigiando Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então por que não assumiu a forma de pantera e nos ajudou quando precisamos?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Por que minha função é apenas vigiá-lo, não devo protegê-lo a cada problema, ele precisa ficar forte sozinho.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então por que esta atacando orcs agora? Porque não continuou como uma gata?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Apesar de minha função ser a de atentar para que Finarfim não se corrompa, eu posso agir quando a situação for de extrema necessidade. E Finarfim corre grave perigo agora.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu o trarei de volta! - Interrompeu Vallen, falando quase que para si mesmo. Estava disposto a abandonar a cautela para resgatar seu amigo. - Laucian, sei que tem poucos motivos ou nenhum motivo para me socorrer, mas se me ajudar nessa tarefa, te darei uma boa recompensa quando chegarmos em Daliam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Laucian, que estava alguns passos atrás, ainda sem reação, aproximou-se.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Tem certeza que não vou traí-lo, Vallen? - Zombou.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Acho que você me esconde algo, mas meu instinto me diz que você não está aliado com os orcs. Sei que estou pedindo muito.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu vou lhes ajudar. Em parte porque preciso de ajuda de vocês para sair dessa floresta e em parte porque você vai me ajudar a recuperar o prejuízo que tive não entregando minha mercadoria, não se esqueça disso.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Pretendem mesmo tentar ajudar Finarfim? - Perguntou Myra, com um pouco de dúvida na voz.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu vou trazê-lo de volta, Myra, e você poderia tornar as coisas bem mais fáceis ajudasse a me infiltrar. Na forma de gata você poderia espioná-los facilmente.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A mestiça riu seu doce sorriso.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Você sempre tem algum tipo de plano não é mesmo? Mas pra sua sorte e de Finarfim eu farei um pouco melhor do que isso.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Tocou o ombro de ambos e uma forte sensação de frescor percorreu-lhes o corpo. Vallen pode sentir como se um vento de inverno expulsasse seus ferimentos como se não passassem de uma desagradável sensação de calor. Escutou a flecha fincada nas suas costas cair no chão, mas sequer percebeu que tinha sido removida. Em seguida uma onda de calor começou a percorrer-lhe o corpo, pulsando em seus músculos. Sentiram-se mais fortes e ágeis, seus sentidos estavam mais aguçados e sua pele adquirira a resistência de uma árvore. Vallen sentia um instinto predatório, enquanto aquela magia permanecesse sentia que nenhum orc poderia lhe tocar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Isso é muito útil. - Riu Laucian. - Quanto tempo durará?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Espero que o suficiente. - Respondeu Myra com uma expressão séria. - Não temos tempo a perder, subam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Levantou seus braços e penas surgiram de seu pescoço e roupas. Seu crânio tomava a forma do de uma ave e seus braços viraram asas. Diante deles uma águia gigante se curvava. Vallen hesitou, mas quando Laucian tomou seu lugar no dorso da ave, decidiu que Myra devia saber o que estava fazendo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Durante o vôo, Vallen sentiu que o vento resolvera ajudar a ave, não vento contra seu rosto e ainda assim tinha certeza que estavam em uma velocidade impossível para qualquer pássaro. Enquanto dirigiam-se à cidade ocupada resolveu abrir o jogo com seu companheiro. Contou-lhe os motivos de sua suspeita e em retorno obteve as explicações de Laucian. Explicou que as diferenças se tratavam de costumes culturais e que nunca tivera a oportunidade de aprender a usar um arco. Quando questionado sobre as habilidades raciais, como a visão no escuro e a necessidade do sono, respondeu que toda sua família era assim e que conhecia muitos elfos deste jeito. Vallen continuou a suspeitar, mas achou que isso não era assim tão relevante quando comparado à enrascada que estavam se metendo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Uma pesada nuvem obstruía a luz das estrelas. Sobrevoavam a cidade élfica protegidos pela escuridão. Podiam ver diversas fogueiras e orcs reunidos ao redor delas. Teria sido quase impossível encontrar Finarfim espreitando-se. Avistaram diversos orcs faziam a guarda de um dos castelos quando a voz de Myra, tão suave como quando na forma humana, vinha do bico aberto da águia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Consigo ouvi-lo daqui. Segurem-se.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- O QUÊ? - Exasperou-se Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Não havia volta agora. A águia gigante iniciara um mergulho em direção a um grande vitral . Entraram quebrando a janela e chamando toda atenção para si. Aquela definitivamente não era uma entrada que ele escolheria fazer.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">No grande salão do trono algumas figuras estranhas os observavam. Um homem trajava uma armadura de batalha azul que lhe recobria todo o corpo, grossas placas de metal sobrepunham-se dando quase o aspecto de escamas. Trazia uma enorme espada nas costas e tinha as feições grosseiras. Ao lado dele, um humano de cabelos, cavanhaque e olhos vermelhos tinha uma expressão insana, como se estivesse prestes a ter um surto de loucura homicida. Uma humana de cabelos presos em um coque trajava roupas justas feitas de couro negro e segurava um coração que ainda pingava sangue. Uma criatura metade homem metade hiena, um gnoll, como eram conhecidos, trazia um machado feito do dente de alguma criatura enorme e usava uma placa de ferro presa por cordas protegendo o peito. Os quatro estavam reunidos e do outro lado mais três pessoas. Uma elfa quase desmaiada estava junto do corpo de Galarin, que agora possuía um buraco onde costumava residir seu amor por Lyanna. Ao lado dos dois, Finarfim estava ajoelhado segurando uma adaga, parecia pronto a tirar sua própria vida.</span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-4142823847124828922012-01-24T11:03:00.000-08:002012-01-24T11:57:30.019-08:00Capítulo 3<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhURPzzUPFkUxkShYH36bhktbWADf_T4dpHfxz75G7hTi3Cp0IjjgUPPzBX3yZgWHgw-E_wsiWbbQSC9SqLiuxFXyu5QtIf3jBm-2SYlU4o2wEO1ENdSFc3nXK1CJduYo8KcLsrLWWdUA/s1600/Galarin+corpo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhURPzzUPFkUxkShYH36bhktbWADf_T4dpHfxz75G7hTi3Cp0IjjgUPPzBX3yZgWHgw-E_wsiWbbQSC9SqLiuxFXyu5QtIf3jBm-2SYlU4o2wEO1ENdSFc3nXK1CJduYo8KcLsrLWWdUA/s320/Galarin+corpo.jpg" width="224" /></span></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Se aquela fosse apenas uma caminhada pela floresta talvez não estivesse tão cansado, mas a tensão de que a qualquer momento poderiam ser avistados por alguma patrulha orc e o pensamento de que Laucian talvez fosse um traidor deixavam suas marcas no humor de Vallen. Caminhavam desde as primeiras horas da manhã e agora tinham a luz das estrelas e da lua sobre suas cabeças. Notou que Laucian não se locomovia tão bem sem a luz do dia, por vezes tropeçando como se tivesse a visão fraca de um humano, e se perguntou até que ponto poderia atribuir isso ao fato dele ter crescido nas cidades. Conhecera outros elfos criados na cidade e até alguns meio elfos, ou mestiços, como eram mais conhecidos, e todos eles tinham a vista aguçada de uma coruja. Suas suspeitas e os crescentes raciocínios que lhe acompanhavam começavam a deixá-lo com uma pulsante dor de cabeça.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></div><a name='more'></a><span style="font-size: large;"><br />
</span><br />
<span style="font-size: large;"><br />
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Quanto tempo até essa passagem, Galarin. - Perguntou Vallen, em um tom visivelmente irritado.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Já podemos avistá-la daqui. - Respondeu o elfo ferido enquanto apontava para um desnível no solo alguns metros a frente. - Se você souber para onde olhar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">O desnível mostrava-se um obstáculo a ser respeitado. Uma inclinação íngreme e rochosa do tamanho de um elfo e meio coberta de muito limo e em alguns pontos limo entrelaçado em trepadeiras. Contornaram-no e Galarin afastou as trepadeiras em um ponto mostrando uma entrada oculta para uma caverna.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Pisavam em terra fofa, escura e fria e respiravam um ar abafado e úmido. Poucos metros adentro, Finarfim acendeu um lampião semi fechado. Todos se incomodavam com a escuridão crescente, mas foi Laucian quem anunciou seu incômodo com as sombras cegantes. Com a luz puderam ver o que seus outros sentidos falharam em anunciar. O maior lobo que qualquer um dos presentes já havia pousado os olhos encarava os intrusos com mandíbulas arregaçadas. O rosnado começou a ressoar grave e poderoso tão logo o fogo do lampião tirou a vantagem da surpresa da fera. A criatura pôs-se de pé revelando ser tão grande quanto um jovem cavalo. Três filhotes de lobo olhavam curiosos para os humanóides agora que o corpo de sua mãe não mais os escondia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Apenas recuem devagar. - Sussurrou Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Essa caverna foi uma péssima idéia. - Reclamou Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Começavam o retorno quando a gata que os seguira começou uma despretensiosa caminhada rumo à morte certa. O lobo rosnou ainda com mais fúria enquanto myra se aproximava. Vallen duelava mentalmente entre o impulso de advertir Finarfim a não tentar salvar a gata atraindo a fúria da loba para todos e a vontade de ele mesmo salvar o animal indefeso. Então myra soltou um fino miado e roçou o corpo nas patas dianteiras da besta. A expressão assassina na loba desfez-se. Soltou um resfolego pelo nariz e tornou a se deitar, apenas observando o grupo, desta vez sem nenhuma ameaça. Finarfim foi o primeiro a tentar a travessia. Um a um todos pressionaram seus corpos contra a parede oposta ao animal, tentando manter a maior distância e calma possível. Galarin foi o último e podia-se ver em seus olhos que o medo fazia com que se arrependesse do caminho que escolhera.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Enquanto avançavam pelo túnel, discutiam o quão seguro seria descansar naquele túnel. Finarfim e Laucian diziam que o lobo poderia ser um problema caso precisassem fugir. Vallen dizia que o lobo poderia guardar uma das entradas da caverna e que provavelmente não avançaria no breu total da caverna e que, se assim o fizesse, o fogo do lampião talvez o mantivesse afastado. Continuaram a discussão até que Vallen achou ter visto algo muito adiante. Somente um elfo conseguiria enxergar tão longe com uma fonte de luz tão fraca, e com essa esperança pediu que invertessem a direção do lampião que carregavam. Pediu silêncio e que esperassem ali e começou a avançar lenta e sorrateiramente. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Um elmo e uma espada pareciam flutuar mais adiante, seus traços pareciam de forja élfica. Aproximou-se mais um pouco e notou que o equipamento na verdade não flutuava, e sim boiava em algum tipo de líquido gosmento mas translúcido como água. A arma e a gosma começaram a se mover lentamente em sua direção. Correu até seus companheiros e tentou explicar o que vira, algum tipo de magia que se aproximava. Não foi preciso que explicasse com riqueza de detalhes pois o que quer que fosse aquilo, estava se aproximando mais rápido. Os elfos atiraram o mais rápido que puderam e quando perceberam que suas flechas penetravam o líquido apenas para dissolver-se logo em seguida perceberam o perigo. Poderiam correr mais rápido do que aquela coisa, mas seriam forçados a passar pelo lobo mais uma vez e não estavam dispostos a abusar da boa vontade do animal.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Começaram uma estratégia comum aos elfos da floresta. Flechas precisas e passos rápidos mantendo a distância a seu favor. Quando as flechas começavam a espirrar a gosma em várias direções fazendo com que o volume da coisa diminuísse aos poucos, pensaram que não teriam maiores problemas, contudo, a coisa ganhou velocidade conforme diminuiu e aproximava-se de Finarfim. Desesperado com o súbito avanço do líquido, Galarin errou uma de suas flechas perfurando a omoplata esquerda de Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Maldito seja, Galarin! - Gritou Vallen. - Se não consegue usar seu arco em momentos de perigo não o use nunca!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Finarfim gritara de dor e, na tentativa de conter o sangramento com a mão, diminuíra a velocidade de seus passos. Valen, que correra mais depressa que os demais, estancou a corrida e procurou algo em sua mochila. Rapidamente desenrolou seu saco de dormir de forma a ocupar mais espaço e o deixou no chão. ainda ajoelhado preparou outra flecha e mirou nos objetos que boiavam.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Use o lampião para atear fogo no saco de dormir! - Comandou Vallen para Laucian, que seria o primeiro a passar por ele. - Talvez consigamos parar o avanço dessa coisa. - E tornou a flechar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Podiam lhe faltar muitas características de um elfo das florestas, mas Laucian era, sem sombra de dúvidas, ágil como somente os melhores de sua raça conseguiam ser. Vallen esperava que o fogo se impusesse como obstáculo somente depois de todos seus companheiros tivessem passado, mas Laucian conseguiu entornar parte do óleo do lampião fazendo com que o fogo se alastrasse ferozmente. Finarfim conseguiu pular o fogo enquanto este batia-lhe apenas na altura das pernas, mas Galarin se assustou com o fogo que obstruía-lhe o caminho. Sacou sua espada e tentou um golpe direto na gosma. O líquido espirrou em uma raiz que brotava da parede. A planta dissolveu-se emitindo o som de uma serpente acuada. O muco avançou na direção do braço que o golpeou como se quisesse englobá-lo. Galarin percebeu o que poderia lhe acontecer e preferiu as chamas. Com um salto para trás no último instante conseguiu livrar o braço. Sentiu o fogo tocar-lhe os cabelos e as partes mal cobertas do torso. Apesar de não ter incendiado nada, suas mãos surraram as labaredas imaginárias de seus cabelos e calças.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Finarfim, jogue o combustível do lampião no fogo quando essa coisa se aproximar. - Vallen estava mais calmo e firme. Se aquilo tivesse algum tipo de inteligência instintiva, não atravessaria o fogo. Seu plano daria certo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Finarfim entretanto parecia não ouvi-lo. Diante do perigo iminente e do sangue que percorria quente as costas foi tomado pelo instinto de sobrevivência. Sentiu algo queimando-lhe os peito e subindo por sua garganta. Ninguém notou o leve brilho em seus olhos quando ele expeliu um pequeno jato esverdeado, que respingou nas mãos de Galarin antes de atingir seu alvo original. As gosmas se chocaram parecendo corroer-se mutuamente. Não se sabe se foi o virote de Laucian, que arremessou o elmo para fora da criatura, se foi o fogo alimentado pelo colchão de Vallen, que tocava o líquido quando aconteceu, ou se fora a magia de Finarfim. O que importava é que o líquido se espalhara pelo chão apagando o fogo e ora quase que imediatamente absorvido pelo solo. Os dois elfos trocaram pedidos de desculpa pelo fogo cruzado e Finarfim ofereceu outro de seus frutos abençoados, que fez com que as queimaduras pelo ácido na mão de Galarin se regenerassem. Finarfim precisou comer todos os seus demais frutos para fechar a ferida causada pela flecha em seu ombro, apesar disso ainda sentia dores.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Caminharam algumas dezenas de metros quando Galarin anunciou que tinham alcançado o meio da caverna. Apesar dos protestos de Vallen, que queria sair o quanto antes daquela caverna maldita, decidiram que passariam a noite ali. Laucian e Finarfim afirmavam não ter condições de continuar andando e que se houvesse outro combate estariam demasiadamente fatigados para se defender. Laucian preparou seu saco de dormir e começou a dormir antes de todos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu vou até a saída dessa caverna. - Anunciou Vallen. - Não vou conseguir descansar sem saber se há mais mucos assassinos perambulando pela caverna.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen, se você encontrar qualquer coisa vai estar encrencado. - Alertou Finarfim. - Descanse um pouco, temos o dia todo pela frente.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen precisava compartilhar suas suspeitas com Finarfim, mas não conseguia encontrar uma hora ou local para fazê-lo. Podia jurar que ouvira Laucian emitir um ruído muito parecido com um ronco. Sabia que muitos elfos meditavam em posições tão confortáveis que pareceriam estar sonhando, mas Laucian estava de fato dormindo. E elfos não dormem, nunca.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Por que não vem comigo, Finarfim. - Tentou Vallen, sutil.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não tenho condições de fazer mais nada hoje, companheiro, já lhe disse.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então apenas me espere, não vou demorar. - Acendeu uma tocha e começou a caminhar, irritado pelo jeito que as coisas estavam acontecendo sem muito planejamento.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu vou com você. - Disse Galarin se levantando. - É perigoso ir sozinho.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Prefiro que fique, Galarin, asseguro-lhe que sei me virar. Descanse.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Mesmo assim, não é bom você ir sozinho.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Gritarei como uma mulherzinha se precisar de ajuda, Galarin, fique e vigie o sono dos dois se está se sentindo tão disposto.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu insisto em ir com você, companheiro. - Disse Galarin, com um sorriso cordial.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Que seja então. - Respondeu Vallen, resignado e aborrecido. - Apenas seja silencioso e não me atrapalhe.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Percorreram mais dez minutos de caminhada quando avistaram o que parecia o portal de saída da caverna. Deixou a tocha ali de modo que a luz não os entregasse e se aproximou. A luz das estrelas revelavam presenças na saída da caverna. Pode contar seis orcs na saída, quatro deles dormiam. Pensou nas possibilidades do seis contra dois e seu braço doído pelo uso excessivo do arco o convenceu, teriam de voltar e talvez até mesmo sair da caverna. Uma movimentação atrás dele fez com que seu coração tentasse sair do peito, tamanho o susto. Galarin sacara sua espada e seu empunhara seu escudo, tinha o combate fixo nos olhos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Galarin, nós não vamos… - Começou Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Em um movimento inesperado Galarin golpeou o próprio escudo com a espada, fazendo com que o som de metal ecoasse por toda a caverna. Vallen amaldiçoou a vontade de combate de Galarin e tentou rapidamente pensar em algum plano quando finalmente percebeu o que estava acontecendo. Galarin aproveitara a confusão de Vallen e tentou expor as tripas de Vallen com um golpe. O elfo cinzento não teve tempo suficiente para evitar o golpe, mas conseguiu diminuir seu impacto. Aproveitou a movimentação ampla de Galarin em um golpe de cima a baixo visando sua cabeça, desviou-se do golpe e girou por sua lateral em um movimento quase acrobático. Correu o mais rápido que pode, diminuindo o ritmo apenas para pegar a tocha que ficara no chão.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Quando alcançou Finarfim e Laucian tinha uma flecha cravada nas costas. Precisou comer três de suas frutinhas enquanto corria após ter recebido a flechada de Galarin, o ferimento se fechara com a flecha dentro e ardia com a movimentação. Estava ofegante, mas reuniu o pouco de forças que tinha. Com um salto debruçou-se por cima de Laucian. Uma mão pressionava seu plexo solar para que não tivesse força para livrar-se com facilidade e a outra segurava uma adaga que mantinha o pescoço de Laucian esticado.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Finarfim, prepare-se, inimigos estão vindo. - Disse Vallen bruscamente para o elfo de cabelos verdes. - E você, me escute bem.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Muita… calma… - Disse Laucian tentando ele também manter a calma.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Acabei de ser traído por uma pessoa que julgava com uma boa chance de ser confiável. Você é um elfo que dorme, tem dificuldades pra se locomover de noite e me deu uma dezena de motivos para perceber que há algo de errado com você. Poderia citar cada um deles, mas não tenho tempo. Ou você me diz o que há de errado com você ou eu vou seguir meus instintos e cravar essa lâmina na sua traquéia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Seja razoável meu jovem… Eu estava apenas dormindo aqui. O que há de errado com você? Ficou louco?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen o que está acontecendo? - Exasperou-se Finarfim. - Onde está Galarin?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu não estou brincando, Laucian. - Sussurrou Vallen, ignorando Finarfim e fazendo com que um pequeno filete de sangue corresse pela lâmina negra de sua adaga. - Eu realmente vou te matar agora se não me falar o que eu preciso saber.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não há nada de errado comigo. - Disse Laucian contendo a irritação crescente. - Mas posso perceber que você está visivelmente alterado.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen, que porra de flecha é essa. - Falou Finarfim confuso sobre que ação deveria tomar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- MEU JOVEM! - Gritou Laucian, com uma ira e propriedade que assustaram Vallen. - ARRANQUE MINHA GARGANTA FORA E MORRA COM A CONSCIÊNCIA PESADA OU SAIA DE CIMA DE MIM ANTES QUE EU PERCA A PACIÊNCIA COM VOCÊ!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen afastou a adaga do pescoço de Laucian, mas manteve-se em cima dele. Laucian estava escondendo alguma coisa, sabia disso, mas seus instintos começavam a lhe dizer que não era um traidor. Estava prestes a desculpar-se quando uma seta perfurou seu já ferido abdômen, lhe tirando de cima de Laucian com violência.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Galarin aproveitara a confusão e já tinha outra flecha pronta para o disparo. Seis orcs vinham atrás dele. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Desculpe, Finarfim. - Disse Galarin em um tom frio. - Mas preciso salvar Lyanna. Se vierem comigo pacificamente, ninguém mais precisa se machucar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Ele nos traiu, Finarfim, e estamos prestes a descobrir se Laucian também. - Gritou Vallen. Fuja, não se pode confiar em orcs e seus aliados.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Outra flechada em Vallen, que desta vez conseguiu desviar. Aparentemente Galarin queria eliminá-lo primeiro, pensou Vallen. Correu para trás juntamente com Laucian, buscando cobertura nas irregularidades da caverna enquanto iniciavam um duelo de arcos e bestas contra Galarin e os orcs. Finarfim, finalmente compreendendo a situação e sentindo o peso da traição de Galarin em seu coração, levantou-se e concentrou seu poder no elfo a sua frente. Seus olhos acenderam e na mesma hora Galarin pode sentir aquela energia maligna invadindo sua mente. Largou o arco no chão e correu em pânico.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- E vocês, orcs, querem morrer aqui? - Finarfim sentia seu poder enfraquecendo-se a cada vez que recorria e sentiu que não conseguiria depender dele enquanto não descansasse, tinha que blefar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não somos frouxos como essa elfa. - Disse um dos orcs em um idioma que somente Finarfim pode compreender. Os demais orcs grunhiram suas risadas, dois deles avançaram em Finarfim, os demais mantiveram o fogo cruzado.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Finarfim não teve tempo sequer de lutar. Um golpe não letal com a lateral do aço do machado atingiu sua cabeça fazendo-o desmaiar. O outro orc o segurou antes que pudesse cair e fugiu por onde veio. Vallen fez menção de correr na direção de Finarfim, mas percebeu o quão idiota era a idéia e voltou quando um virote rasgou-lhe um pedaço da roupa no braço. Laucian conseguira acertar um dos virotes no peito de um deles. O outro orc avançou na direção de Laucian, que não podia ficar tão longe quanto Vallen, bestas não tem um alcance tão preciso quanto arcos. Laucian largou a besta e sacou sua adaga, desviou-se por um triz de uma machadada que mirava seu crânio e fincou a adaga no ombro do inimigo. Vallen aproveitou-se da distração, correu e perfurou a nuca do orc, matando-o. Continuaram o duelo a distância até que o outro orc fora atingido ao mesmo tempo pelos elfos, indo ao chão. O orc sobrevivente tentou a fuga, mas fora detido por uma flecha nas costas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Cada movimento doía e Vallen pensou que desmaiaria a qualquer instante. o calor da batalha fez com que não sentisse suas feridas, mas agora a dor era insuportável. Puxou a flecha de seu abdômen e achou q ia morrer. Engoliu de uma só vez o que lhe restava dos frutos sagrados. A ferida se fechou, mas ele podia sentir que não conseguira recuperar o dano interno. Uma flecha ainda permanecia fincada em suas costas.</span><br />
<span style="font-size: large;">Vallen virou-se para Laucian e aguardou sua reação. Estava pronto a se justificar. Laucian retirou a adaga do ombro verde, limpou-a e a embainhou. Recolheu sua besta, recarregou-a, andou, deu um tiro a queima roupa em um orc caído, recarregou a arma e andou calmamente.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então, meu jovem. - Começou Laucian, em um tom tão calmo que nada parecia ter acontecido. - Quer me explicar o que estava acontecendo antes?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen movimentou seus lábios para falar, mas parou no mesmo instante. Escutara sons de combate vindo da entrada da caverna, na direção da loba.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Acho que vamos ter que esperar por outra oportunidade, ouço o som de batalha. - E correu.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu devia era te abandonar aqui. - Disse Laucian quando Vallen se afastou correndo. - Maldito elfo. - E correu atrás de Vallen.</span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-82878729727054239632012-01-12T19:35:00.000-08:002012-01-13T10:02:44.210-08:00Capítulo 2<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilHosXZqqhbjlK9SgaAuxm9XtFWPOHVU0GbaEtiGZkdjTFv7bsJpZ2Q8dKomDmicxCO189kZxyL2t2SibA8pyjzdh0YYE8YzFPk_5JtzhOx34cGqT-fWE27MLHhfLxEwY-VAAikSnadg/s1600/Finarfim+-+olho+editado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilHosXZqqhbjlK9SgaAuxm9XtFWPOHVU0GbaEtiGZkdjTFv7bsJpZ2Q8dKomDmicxCO189kZxyL2t2SibA8pyjzdh0YYE8YzFPk_5JtzhOx34cGqT-fWE27MLHhfLxEwY-VAAikSnadg/s320/Finarfim+-+olho+editado.jpg" width="320" /></a></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Ainda com a manhã espalhando-se pela floresta como uma gigante e dourada teia de aranha, os três elfos partiram. Levavam consigo mochilas não muito pesadas, de modo que fizessem uma viagem mais rápida. Vallen achou estranho que a gata continuasse a seguir Finarfim, mas ela haveria de abandonar o grupo quando se distanciassem muito de casa. Após não muito tempo caminhando para o oeste, Finarfim parou a marcha, pensativo.<o:p></o:p></span></div></div></div><a name='more'></a><span style="font-size: large;"><br />
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Devíamos seguir rumo ao norte primeiro. - Sugeriu Finarfim. - Não sabemos exatamente onde os orcs estão, mas como foram vistos à sudoeste, devíamos seguir a noroeste.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Isto nos custaria mais três dias de viagem, Finarfim. - Disse Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Mas seria muito mais sensato, amigo. - respondeu Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Vallen, que já havia pensado na hipótese de encontrar os orcs no caminho, na verdade esperava que isso acontecesse. Era a oportunidade perfeita para testar a capacidade de Laucian e ensinar Finarfim a ser mais sorrateiro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Concordo que seria menos arriscado, Finarfim, mas nós teremos uma viagem muito complicada pela frente se não formos capazes de sequer passar desapercebidos por um acampamento orc. Eles não conhecem a floresta, são barulhentos e burros. - Argumentou Vallen. - Mas minha opinião é apenas mais uma nesse grupo, o que me diz Laucian? Você os viu de perto.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Senhores, vocês que conhecem a floresta, por isso mantenho a neutralidade. Os orcs são muitos e isso representa perigo, mas também pode nos servir como vantagem se quisermos passar despercebidos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Então apesar de querer se manter neutro, acha que é uma boa idéia seguir nossa rota original, não é isso? - Pressionou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Bom… Confesso que tenho pressa em regressar e um desvio de três dias é algo complicado. - Confessou Laucian.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Algum último esperneio, Finarfim? - Começou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Sim, algo me incomoda. Os orcs raramente entram na floresta e isso é algo bem curioso. Tenho a impressão que algo estranho está acontecendo e não gostaria de encontrá-los. - Disse Finarfim olhando cabisbaixo para sua gata que miou em resposta tão prontamente que todos poderiam jurar que havia inteligência no animal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Está me dizendo que a presença de orcs na floresta é inédita para vocês? - Estranhou Laucian.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Não exatamente inédita… - Começou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Mas é rara, bem rara. - Terminou Finarfim. - Contudo, eu sou minoria. Vocês dois decidem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Finarfim, sei que é a primeira vez que você deixa a floresta, mas deve entender que muitos farão parte de nossa viagem. - Disse Vallen em um tom quase paternal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Não consigo compreender sua lógica, Vallen, na cabana de Shilmistra você disse que não considerava sensato correr riscos desnecessários, no entanto, agora você diz que três dias de viagem não valem a pena para evitar um confronto com orcs. - Disse Finarfim, lançando sua cartada final.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Não é apenas lógica, Finarfim, está é uma oportunidade perfeita para testarmos nossas habilidades. Além do mais, não haverá confrontos se formos cuidadosos. E se por acaso formos pegos, farei piruetas nu para que corram atrás de mim enquanto você se esconde. - Disse Vallen, que apesar de fazer piadas, nunca perdia o semblante de seriedade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Espero realmente que isto não seja necessário, jovem Vallen. - Riu Laucian, acompanhado por Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Finarfim. - Chamou Vallen, interrompendo os risos. - Não sou seu dono, sou seu companheiro. Se estiver com medo de seguir por nossa rota original eu o seguirei por três dias adicionais pelo norte, mas não se esqueça, há perigos na floresta além dos orcs. Os bosques são ariscos longe da vila. O que vai ser, Finarfim, com medo pelo norte ou seguiremos como verdadeiros elfos sem medo de andar na terra que nos pertence? - Brincou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Você tem razão. - Concordou Finarfim enchendo-se de confiança. - Estou apenas receoso pelos orcs e por nunca ter saído da alcova. Pelo caminho mais breve!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">E partiram enfim. Três elfos e um gato.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Mantenham olhos e ouvidos atentos e seus pés leves. Estas foram as palavras de Vallen quando encontraram os primeiros rastros de folhas arrastadas formando uma trilha, contudo seus esforços não eram bem recompensados. Era quase impossível se locomover pela floresta no início do outono sem que as folhas secas os denunciassem. Vallen liderava a fila indiana seguido por Laucian, Finarfim e Myra, como Finarfim batizara a gata que o seguia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Um estalido alto e oco reverberou pelo silêncio da floresta. Finarfim tentara subir em uma raiz que estava no caminho e descobrira que na verdade se tratava de um grande galho apodrecido. Com os olhos dos outros dois elfos fulminando-o ele gesticulou um pedido de desculpas. Vallen concentrou-se em sua audição, qualquer barulho de passos significaria que alguém tinha notado a presença deles. O que conseguiu captar, no entanto, foi um longe e apagado som de metal contra metal. O som de uma batalha. Ao que parecia apenas ele tinha conseguido captar o som. Sabia que a melhor alternativa era ignorar seus ouvidos e sair dali o quanto antes, mas sempre fora curioso. Estendeu sua mão espalmada para que seus companheiros não o seguissem, preparou uma flecha e deixou que suas orelhas pontiagudas indicassem o caminho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">O caminho estava mais livre da vegetação morta e era mais fácil ser silencioso, porém, aquilo significava que um grupo grande passara por ali. Os sons de batalha estavam altos e pode dar-se ao luxo de apressar seus passos e espreitar o que acontecia de trás de uma árvore. Notou, antes de mais nada, que Laucian estava seguindo-o e gesticulou para que ele se aproximasse pelo caminho oposto, de modo que um não acabasse entregando o outro, caso fosse descoberto. No centro dos dois, três orcs lutavam contra um elfo de cabelos negros e curtos e mais dois orcs divertiam-se olhando o combate. O elfo portava uma espada longa, um escudo de madeira reforçado e usava um camisão de cota de malha. Os três orcs e um dos que os observava tinham o torso desnudo, vestiam calças de couro marrom e pelos e empunhavam em uma mão machados do tamanho de suas cabeças. Apesar da força bruta dos orcs tornarem seus golpes letais, o elfo tinha movimentos ágeis e precisos o suficiente para se manter vivo por mais alguns instantes. Laucian e Vallen perceberam que não havia como o elfo sair daquela situação sozinho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">A primeira flecha foi de Vallen, mas seus pensamentos estavam na promessa de piruetas sem roupa que havia feito e sua flecha errou o alvo. Voltou tão rápido quanto pode para trás da árvore que lhe dava cobertura, de modo que os orcs não soubessem de onde viera a flecha, uma tática básica entre os elfos. Laucian sacou sua besta e cravou um virote na nuca de um dos orcs que lutavam, que teve tempo de tatear sua nuca antes que caísse morto. Laucian não tivera o mesmo cuidado que seu companheiro e agora os dois orcs que assistiam a luta corriam em um frenesi na sua direção. Um dos orcs que partira em investida parecia ser o líder do bando, vestia um corselete de couro e empunhava um grande machado de guerra com as duas mãos. Vallen preparou sua flecha para estagnar o avanço dos orcs contra seu companheiro, mas um dos orcs derrubara o elfo desconhecido com um golpe na perna e o o outro orc certamente lhe exporia os miolos agora que o elfo abaixara a guarda. Tencionou seu arco o mais forte que pode e suas duas flechas deram conta do recado, a primeira acertou o punho fazendo com que o humanóide monstruoso largasse o machado e a segunda o deixaria caolho, caso fosse imortal. Ainda no chão o elfo emboscado conseguiu cravar sua espada no estomago do orc e, a julgar pelo ângulo da penetração e pela reação estática do orc, conseguira atingir também seu coração.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Laucian teve tempo o suficiente para parar o orc mais próximo, não fora um tiro exatamente letal, mas seu alvo se contorcia no chão com um virote no joelho. No entanto, uma besta não era um arco, e ele não teria tempo de carregar sua arma a tempo. O próximo ataque o acertaria em cheio se ele não fosse rápido o suficiente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Finarfim, que começara a andar lentamente na direção em que Vallen fora, finalmente escutara os gritos e atritos da batalha. Correu o mais rápido que pode, com medo do que pudesse ter acontecido com seus companheiros. Quando suas pernas conseguiram lhe levar ao centro da ação e seu cérebro conseguiu processar tudo o que acontecia, estava encarando um orc com quase o dobro de seu tamanho. Vallen, que correra em busca de um bom ângulo para finalizar o orc, notou que os olhos do orc abandonaram seu alvo anterior e se fixaram nas pupilas e cabelos verdes do elfo. Por um momento menor do que um segundo todos ficaram atônitos, alguns com o súbito cessar da investida orc. Levantou seu machado e partiu em fúria na direção de Finarfim, que, percebendo que não teria chance caso resolvesse enfrentar seu oponente com sua espada, recorreu ao poder que sempre o acompanhou. Uma energia maligna e necrótica foi sentida por todos os presentes enquanto a pupila em fenda de Finarfim se abria e fixava-se no orc, deixando os olhos do elfo em um verde intenso. No momento seguinte o orc largara seu machado no chão e correra como se tivesse experimentado a sensação mais horripilante de sua vida. Mas não correu muito, pois as flechas de Finarfim e o virote de Laucian puseram-no no sono eterno.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Vallen ligara os pontos. Caminhou até Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Tenho fortes motivos para acreditar que esses orcs estão atrás de você. - Sussurrou-lhe. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Por quê? - Respondeu Finarfim, confuso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Conheço o olhar de um homem com uma missão e sei que eles não estão aqui para uma guerra, e sim em uma missão de busca. Vou te explicar melhor mais tarde, longe dos ouvidos de Laucian. Apenas tenha em mente que se encontrarmos mais deles. - Disse enquanto removia e limpava a flecha da carcaça de um orc abatido. - Você provavelmente vai ser o alvo. Vamos ver quem é que salvamos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Laucian estancara os ferimentos do homem e o ajudava a se levantar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Finarfim. - Disse o estranho, com uma careta de dor. - É você?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Olá Galarin. - Cumprimentou Finarfim, reconhecendo no elfo uma das crianças que tanto lhe perturbavam durante sua infância. - O que está fazendo aqui?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Estava fugindo. Os orcs tomaram meu vilarejo, mal consegui escapar com vida. - Respondeu Galarin com a voz quase trêmula.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Não se preocupe, irmão, cuidaremos de você. - Acalmou-o Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Obrigado a vocês por me salvarem. Peço desculpas a tudo que te causei no passado. - Disse enquanto olhava nos olhos de Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Consegue andar? - Interrompeu, com urgência, Vallen, pensando na rasteira que o elfo tomara.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Galarin apoiou-se sobre a perna ferida e testou alguns passos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Dói um pouco, mas não será um problema.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Somente estes cinco te seguiram? - Interrogou Vallen, com velocidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Eles não me seguiram, consegui despistar os que estavam na cidade. Esses daí eram um grupo de patrulha. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Precisamos sair logo dessa floresta. - Disse Vallen virando-se aos seus companheiros.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Precisamos voltar para a Alcova e avisar Khalid. - Suplicou Finarfim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Não ache que ele já não está a par desta situação, Finarfim, é tolice de sua parte. - Repreendeu Vallen, começando a se irritar pela demora do grupo em sair dali.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Eu… - Começou Galarin, buscando coragem para as palavras. - Gostaria de lhes pedir ajuda.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Ajuda para quê? - Exaltou-se Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Eles capturaram Lyanna. - Respondeu Galarin, mais para Finarfim que para o restante.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- E você quer que enfrentemos os orcs para salvar sua namorada. É isso mesmo que você quer nós pedir, Galarin? - Disse Vallen, agora tão ríspido que parecia querer recomeçar o combate.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Nós precisamos ajudá-la. - Disse Finarfim, firme.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Há uma passagem secreta que os orcs desconhecem. Ela leva até muito próximo de onde os prisioneiros estão sendo mantidos. Podemos entrar resgatá-la e voltar. - Disse Galarin, ignorando a hostilidade de Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Sabe, Galarin, começo a pensar que a melhor ajuda que eu poderia lhe oferecer seria te socar até que você desmaiasse, te levar inconsciente para longe daqui e te impedir de desperdiçar a vida que acabamos de salvar. - Continuou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Vocês são bastante rudes com seu próprio povo, não? - Disse Laucian, fazendo com que Vallen o olhasse com sua peculiar expressão analítica.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Eu sou uma exceção, Laucian. Uma exceção que tem o hábito de sobreviver à ataques orcs.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Desculpe-me, arqueiro, sei que peço muito, mas não posso viver sem ela.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Precisamos salvá-la. - Repetiu Finarfim, quase como um mantra.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Você precisa salvá-la? - Zombou Vallen.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Sim. - Respondeu Finarfim com uma confiança que não lhe era comum.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Dê-nos um momento. - Pediu Vallen e arrastou Finarfim alguns metros de distância.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Você entendeu o que eu lhe disse quando te falei que você provavelmente é o alvo, certo? E agora você está querendo ir no meio da cidade tomada. Na boca do leão? - Perguntou Vallen utilizando o tom mais calmo que conseguia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Lembra das poucas vezes que te falei sobre minha infância?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Sim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Ela era a única que me ajudava.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Vallen suspirou. - Isso é um risco desnecessário, tem certeza que vale a pena?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Tenho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Então vamos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Laucian aproximou-se deixando Galarin para trás.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- O que está havendo?<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Finarfim quer ajudar. O que você acha disso? - Respondeu Vallen, aguardando a reação de Laucian<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Ora, qual o problema com esse tal de Galarin, vocês não são um só povo afinal? - Respondeu Laucian, fazendo com que as engrenagens na cabeça de Vallen funcionassem a todo vapor.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Nós iremos ajudá-lo, vamos discutir nossos planos na segurança das árvores. - Disse Vallen enquanto apontava para os galhos mais altos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- Eu não subo com facilidade nas árvores, não haviam muitas com as quais pudesse praticar na cidade. Galarin disse que a passagem secreta é desconhecida pelos orcs, podemos discutir lá.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Aquela era a pista final, pensava Vallen. Achara estranho que um grupo de orcs não tivesse conseguido seguir um elfo com um ferimento na perna tão profundo que fizera o elfo desmaiar. Achara curiosa a história de um mercador tão pretensamente honrado, a ponto de falar em recuperar corpos de mercenários. Não entendia por que raios um elfo iria preferir uma besta a um arco, todos os elfos usavam arcos. Começou a suspeitar quando viu que Finarfim era o alvo e que Laucian argumentara para que eles fossem em direção ao perigo sem ter nenhuma razão que lhe beneficiasse. Por duas vezes utilizara expressões que demonstravam como ele não se considerava um membro do povo élfico das florestas. E agora, revelava que não subia em árvores com facilidade. Uma frase que dificilmente seria dita por qualquer elfo, afinal tinham uma agilidade nata.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">Seus anos como um filho das sombras o ensinaram a sempre suspeitar de tudo e principalmente de todos. Agora suspeitava que Laucian não era quem dizia ser. Suspeitava até mesmo que pudesse estar a serviço do inimigo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">- De acordo. - Disse Vallen. - Discutamos na passagem secreta. Vamos, guie-nos Galarin, irei tomar a retaguarda desta vez.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">E partiram.<o:p></o:p></span></div><br />
</div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-18413426841877251922012-01-12T06:37:00.000-08:002012-01-12T19:36:23.169-08:00Capítulo 1<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjydcIqp3x-fDbD9PHqqAhLiUi6RfGZfEHs1LLDbgJpsgboZxiKjUAT2ywmy_KJVTgF-mX0phQyox6X9ZZBnO8lqvAvCEkv9IX2D8HOfkpfnfoRCxCeSWl4BHwGLc5QzK-L-51oaZ4oKA/s1600/warm_mist_by_andreasrocha-d32m9w1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjydcIqp3x-fDbD9PHqqAhLiUi6RfGZfEHs1LLDbgJpsgboZxiKjUAT2ywmy_KJVTgF-mX0phQyox6X9ZZBnO8lqvAvCEkv9IX2D8HOfkpfnfoRCxCeSWl4BHwGLc5QzK-L-51oaZ4oKA/s320/warm_mist_by_andreasrocha-d32m9w1.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><br />
<span style="font-size: large;">Suas pernas doíam e se recusavam a fazer qualquer força além da necessária. Sua garganta parecia querer se fechar para acabar com o sofrimento. Suas costas lhe diziam que o peso do mundo teria que encontrar outro apoio. Tinha que se deitar e repousar, mas estava tão perto que não deixaria a doença contra a qual lutava havia semanas o vencer justo agora. Em uma raiz, que na luta pelos nutrientes com as outras tantas árvores havia deixado o solo, tropeçou, cambaleou e caiu.Desde que entrara naquela floresta, sua marcha tinha dado resultados cada vez piores. Tirara o arco das costas e o carregava na mão para impedir que os galhos o atrasassem. Agora, pensando nos danos que poderia ter causado à arma, se arrependia. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"></div><a name='more'></a><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Já não tinha forças sequer para se levantar, girou de costas e olhou para o arco, na queda uma das pontas havia rachado e a corda se desprendera. Os oito meses como andarilho desde que decidira regressar a sua terra natal sugaram sua saúde como um vampiro, e agora, no fim, podia até mesmo sentir como se presas se fechassem em sua traquéia. Quando já no estado delirante, comum aos que tem febre, viu olhos verdes e fendados como os de uma gigantesca cobra ou de um tigre faminto o encarando de cima. Sabia que seu fim havia chegado. Seu corpo deve ter aceitado a derrota, pois nesse momento o elfo cinzento desmaiou.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">* * *</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Sentado no alto de uma árvore, Vallen admirava sua antiga casa. Os elfos cinzentos haviam sido varridos da floresta naquela noite e as antigas casas foram reformadas e mantidas como uma homenagem aqueles que sozinhos fizeram com que a Horda se acovardasse e fugisse, deixando as demais tribos, cujos habitantes sequer tiveram tempo de vir em ajuda, em paz. Contudo, o lugar estava longe de parecer um cemitério. Os druidas resolveram prestar sua homenagem transformando aquele lugar em sua nova alcova.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">O elfo tinha o pensamento distante enquanto via Shilmistra, a curandeira da alcova, colher suas ervas. Estava ali há duas estações e um grande tapete marrom de folhas exibia a vinda do outono por toda a floresta. Esperava que fosse encontrar seu irmão ou um túmulo dele quando retornasse, mas descobrira que Garionn, assim como ele próprio, havia desaparecido no dia de luto élfico. Esperava que seu irmão pudesse voltar durante as estações quentes, mas agora que o frio começava a dar as caras, sentia que teria mais sorte se tentasse procurá-lo. Achava também que tinha uma dívida com o ser de olhos verdes fendados que o salvara tempos atrás na floresta. Finarfim era um jovem elfo atípico de longos cabelos verdes e assustadores olhos predatórios da mesma cor; mas não era apenas na sua aparência que ele se diferenciava. Apesar de ter uma relação quase de pai e filho com Khalid, o druida mais reverenciado na floresta, Finarfim tinha a auto estima baixa, o que se explicava pelo preconceito que sofrera desde pequeno por causa de sua aparência. Diziam os mais maldosos que nas veias do jovem elfo corria sangue de dragão. Ainda que os dragões estivessem desaparecidos há mais de quatrocentos anos e que Finarfim tivesse pouco mais de um século de vida, os boatos eram fortes. Mas o fato era que realmente havia alguma coisa errada com Finarfim. Após vários meses de convivência Vallen e seu salvador tornaram-se amigos e não era difícil perceber que a amizade era valorizada reciprocamente, ambos se consideravam estranhos no ninho dentre os demais elfos. Uma noite Finarfim revelou ao seu companheiro sua aptidão mágica natural, responsável pela rejeição dos demais elfos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Finarfim lhe revelara que há tempos vinha pensando em viajar. Que precisava partir em busca de si, precisava descobrir mais sobre seu poder e sobre seu passado. O momento era perfeito, pensava Vallen. Ambos precisavam de respostas que não tinham certeza onde encontrar, mas que com certeza não estavam na floresta. Estava prestes a descer e contar ao amigo que iria acompanhá-lo quando um grupo de elfos levava alguém ferido para Shilmistra.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">* * *</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A história que se contava era de que um grupo de mercadores liderado por um elfo da cidade tinham tentado se passar por elfos enquanto conduziam uma caravana pela floresta. A idéia era idiota e tinha tudo para dar errado, pensava Vallen, mas isso não explicava porque o elfo tinha sido o único sobrevivente e estava tão ferido. Até onde ele sabia os espinhos da floresta apenas faziam os invasores recuar e, caso não o fizessem, matavam um ou dois para que o resto corresse por onde veio. Conversando com outros elfos descobriu que a caravana tinha encontrado um acampamento orc pouco depois da fronteira e o sobrevivente na cabana de Shilmistra era o elfo que liderava a caravana.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Intrigado e um pouco descrente das informações Vallen se esgueirava até a janela de Shilmistra. Era muito bom em espreitar, mas os elfos tinham os sentidos muito mais aguçados que os humanos e o terreno estava repleto de folhas e galhos secos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen, preciso falar com você! - Uma voz esganiçada e alta vinda de suas costas o surpreendeu fazendo com que amaldiçoasse baixo quem quer que o tivesse pego.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Quando se virou porem, não havia ninguém ali. Apenas um corvo que pousara em um galho baixo. Olhou com mais atenção.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Quem está ai? - chamou, ainda tentando não elevar muito a voz.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen, não se demore, preciso falar com você. - A voz esganiçada vinha do corvo e aparentemente o animal não tinha controle sobre seu tom ou não se importava de exercê-lo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen já havia visto Khalid utilizar animais como seus olhos e voz em ocasiões anteriores. Já tinha tomado um susto similar a este quando um esquilo o pedira que trouxesse erva-da-lua sem a menor cerimônia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Khalid, se você puder me ouvir, alem de falar, não poderíamos conversar aqui mesmo? - Sussurrou Vallen, para o corvo. - Tenho assuntos a tratar por aqui.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen, é Khalid, venha até meus aposentos, tenho urgência em falar com você. - Respondeu a ave, deixando Vallen confuso se havia sido ignorado ou se o canal de audição não estava dentre os poderes de Khalid.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Espreitou e olhou mais uma vez dentro da cabana. O elfo permanecia desacordado. Torceu para que Khalid não demorasse, queria ouvir a história diretamente da boca do forasteiro.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">* * *</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Com longos cabelos e barbas grisalhos o homem se curvava sobre sua madeira. Na face uma expressão serena e aconchegante de bom humor comum às pessoas de bom coração que alcançam a velhice. A aparência do ancião poderia levar qualquer humano insensível ao sobrenatural pensar que ali, apoiado em seu cajado, estava apenas mais um decrépito que dissera adeus à energia da juventude. Vallen não era estúpido a este ponto e, seja lá o que Khalid fosse pedir, era bom que ele pensasse duas vezes antes de recusar.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Cumprimentaram-se e tiveram uma breve conversa sobre o que significava a presença de orcs em território elfico. Khalid tinha olhos por toda a floresta e era a melhor pessoa para dizer se a situação era crítica ou não. Aparentemente os orcs não planejavam nenhuma invasão, pareciam estar procurando por alguma coisa. Todas as aldeias estavam preparadas e não havia a menor chance de repetição do evento que acontecera décadas antes. Somente quando Khalid teve certeza de ter satisfeito a curiosidade do elfo cinzento resolveu abordar seu pedido.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Diga-me, Vallen, o que você pensa a respeito de Finarfim? - O ancião tinha um tom sério e enigmático, não havia como prever o que ele queria com esta pergunta.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Penso que é uma compania agradável. Um pouco quieto, mas um bom amigo. - Respondeu Vallen, sincero.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Fico Feliz que ele finalmente tenha feito um amigo. - Interrompeu o velo, com um sorriso genuíno, mas breve. - O que mais?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Fez-se um momento de silêncio antes que Vallen terminasse de pensar em suas palavras. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Dizem que ele possui sangue dracônico em suas veias. - Resolveu abordar de uma vez o assunto. - Não sei o que pensar a respeito disso. Já tive sensações estranhas perto dele e já ouvi histórias ainda mais estranhas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">O druida apenas o observava, impassível. Oscilou levemente a cabeça em um sinal de incentivo quando percebeu o conflito de palavras que se formava na cabeça de Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Contudo, creio que sei reconhecer uma boa pessoa e ele definitivamente o é. - Disse conclusivamente. - Mas, diga-me, Khalid, os boatos são verdadeiros? Ele é herdeiro do sangue do dragão?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">O velho abandonou sua postura analítica e começou seu discurso de uma forma cansada e pesarosa.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- O último dragão foi visto há quatro séculos. Eu era apenas um bebê nesta época. Não é de se imaginar que Finarfim fosse resultado de um pacto destes. Contudo, há algo dentro dele. - Khalid fitava o elfo em vestes negras de modo que ele entendesse a gravidade do que estava sendo dito. - Há uma fonte de poder muito forte nele. E é sobre isso que tenho que lhe pedir. Cuide de Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A julgar pela cara do ancião Vallen pensou que seria algum pedido impossível ou algo que realmente fosse lhe custar muito. Não havia necessidade de lhe pedir aquilo, Considerava Finarfim quase como um irmão caçula. Seu ar de insegurança despertava um instinto protetor em Vallen que ele nunca achou que fosse ter.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Por que me pede isso, Khalid? Já vi o elfo de cabelos verdes com um arco na mão. Quase tão bom quanto qualquer guardião. - Perguntou Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não é a esse tipo de cuidado que me refiro. Acredito que em breve Finarfim vai partir e tenho meus motivos para crer que você o acompanhará. Sei que você guardará suas costas, assim são os elfos, sempre cuidam um do outro.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">A afirmação irritara um pouco Vallen, mas ele não demonstrou. Já pensara diversas vezes que se as outras aldeias tivessem vindo em socorro imediatamente, talvez ele estivesse com sua família ainda.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- O que quer que esteja dentro de Finarfim. - Continuou o druida. - Ainda está adormecido. Sinto que o que quer que esteja compartilhando seu corpo, tem uma natureza caótica. Temo pelo dia em que Finarfim possa vir a perder o controle disto. Seja o amigo que ele precisa quando ele precisar, ajude-o a manter o controle. E se isso não for possível… você mesmo terá que… Não! Este dia não chegará, não pode chegar. Ajude-o a manter o controle.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Era a vez de Vallen analisar o velho. Seus olhos não piscavam, não queria perder qualquer pista do que fosse enquanto raciocinava, sopesando as palavras do druida.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu o ajudarei a se lembrar de quem ele é. - Começou Vallen. - Ouvi falar que alguns tipos de dragões consideram elfos uma iguaria deliciosa. Estarei pronto para arrancar seus dentes caso ele resolva me morder. - Afirmou Vallen, em um misto de piada e desafio. - Sei que é isso que você quer me pedir.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Ficaram em silêncio até que Khalid trouxe uma maleta de madeira da estante.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Tenho algo para ajudar em sua aventura.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">* * *</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Encontraram-se Finarfim e Vallen a poucos metros da cabana onde o sobrevivente estava sendo tratado. Uma gata preta, branca e laranja seguia Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Espere! - Sussurrou Valen. - Quero ouvir o que estão dizendo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Aproximou-se da porta e pode ouvir que falavam em élfico, algo sobre os companheiros humanos do sobrevivente. Seja lá de onde fosse esse elfo, não tinha esquecido a língua de seu povo. A conversa se encerrou e suspeitando que sua presença pudesse ter sido notada, adentrou no recinto com Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Shilmistra, uma elfa ligeiramente mais nova que Khalid e que tinha o hábito de tratar a todos como seus netos, tinha as mãos ao redor dos ferimentos na coxa do forasteiro. O elfo deitado na cama recebendo os cuidados da curandeira aparenta ter idade mediana, tem os olhos e cabelos marrons. Suas roupas estão dobradas em cima da cadeira.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Bom dia, Vallen. - Cumprimentou Shilmistra, visivelmente incomodada com a intromissão.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- bom dia, Shilmistra. - Retribuiu Vallen, sem dar muita atenção. - Saudações, forasteiro, como Shilmistra adiantou, me chamo Vallen e este é Finarfim. - Disse com uma leve reverência, que foi acompanhada por Finarfim.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Podem me chamar de Laucian. - Disse o elfo na cama enquanto retribuía o cumprimento. - É um prazer conhecê-los. Foram vocês que me salvaram? </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não. Mas temo dizer que somos nós os curiosos. - Respondeu Vallen. - Pode nos contar a sua versão do que aconteceu?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Bom, trabalho como comerciante em Dalian. - Respondeu Laucian, um pouco intimidade pelo modo direto de Vallen. - Precisei fazer uma viagem urgente para a Mão do Imperador e considerei que, por ser um elfo, não seria atacado na travessia da Chifrada. Não sabia que a floresta estava infestada de orcs. - Admitiu o mercador.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- E qual o destino final de sua viagem, mercador? - Perguntou Vallen, satisfeito por conhecer bem a cidade portuária de Dalian, mas intrigado por nunca ter ouvido falar em uma autoridade com o título de Mão do Imperador. - Ou melhor seria, qual era o destino final?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- A Mão do Imperador… Com os produtos que eu carregava. - Disse lentamente enquanto massageava a têmpora.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eu sei quem te mandou, quero saber para onde ia. - Respondeu Vallen, impaciente.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Como acabei de dizer, meu jovem, para a Mão do Imperador. - Replicou Laucian, com um tom de dúvida na voz. - Você diz saber quem me mandou…</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Desculpe-me, tomei a mão do imperador por algum tipo de autoridade. - Interrompeu Vallen. Apesar de ser visivelmente mais novo que o elfo ferido, não estava acostumado a ser chamado de jovem por alguém que não tivesse os pelos grisalhos. - E quais seus planos agora que perdeu sua mercadoria? teria coragem de tentar recuperá-la?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Finarfim, que agora se sentara no chão para acariciar sua gata, não falava nada, apenas observava o desenrolar da conversa.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Claro! Meu trabalho depende disso... Porém não sei como eu faria sem homens suficientes...</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Que tipo de mercadoria valem a pena arriscar o seu pescoço? - Interrogou Vallen. Estava acostumado a desconfiar sempre de qualquer história e era muito bom em achar falhas de lógica em histórias falsas.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Caro amigo, creio que a honra que leva o nome de nosso colega seja o bem mais precioso. - Interrompeu Finarfim, deixando Vallen levemente irritado. Estava estragando sua estratégia. - E uma missão não cumprida pode retirá-la.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Não acho que seja sábio você tentar recuperar a mercadoria. É melhor partir, agradecido por estar com vida. - Agora até mesmo Shilmistra interrompia.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Mas será que ele assim o pensa? - Reforçou Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Concordo que uma missão não cumprida pode retirar a honra de um elfo. - Respondeu Laucian. - Mas pensando melhor, percebo que não há nada a ser feito. As mercadorias eram quase que em sua totalidade alimentos, que a esta altura não estão mais em condições de uso, dada a natureza dos saqueadores. Eu agradeço aos deuses e a vocês por estar vivo. Se houver algo que eu possa fazer para recompensar, ficarei contente. Caso contrário é importante que eu volte antes que me dêem como morto também.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- E quanto aos seus companheiros? Algum que possa ter sobrevivido? - Insistiu Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Digam-me vocês. - Respondeu Laucian com um pouco de esperança na face. - Pelo que me disseram não havia mais sobreviventes, é um engano?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Shilmistra, o que você sabe sobre os demais membros da caravana? - quis saber Vallen.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Eram todos humanos, mas estavam vestidos para se parecerem com elfos. Todos foram mortos. - Respondeu cautelosamente como se tivesse dito aquilo pela primeira vez.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Algum desejo pelos corpos, Laucian? - Vallen quis saber.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">O elfo ferido respondeu com um triste aceno de cabeça. - São mercenários contratados, porém creio que a família iria querer reivindicar os corpos se fosse possível.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Você iria apenas comigo e Finarfim atrás dos corpos? - Perguntou Vallen, com a mesma expressão analítica que usara para Khalid.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Os corpos já foram recuperados e enterrados. - Intrometeu-se mais uma vez Shilmistra, desta vez conseguindo fazer com que Vallen perdesse a paciência.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Então creio que não há mais nada a ser feito. - Disse tristemente Laucian. - Cara senhora, saberia me dizer quanto tempo até que eu possa andar novamente?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- A magia druídica é poderosa aqui na alcova. Creio que você já possa andar. Correr, ai já é outra história. - Advertiu a curandeira, em um tom de vó.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Tentarei não fazer esforços. Mais uma vez obrigado!</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- E se… - Interrompeu rudemente Vallen. - seus companheiros, vivos ou não, não tivesse sido resgatados.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Vallen. - Sussurrou Finarfim. - Os corpos já estão enterrados.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Os orcs deixaram os corpos para trás e não quisemos deixar que apodrecessem ao ar livre. - Explicou Shilmistra.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Qual seria sua atitude, Laucian? - Continuou Vallen, como se os dois nada houvessem dito. - Voltaria pelos corpos ou evitaria um risco desnecessário?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Prezo pelos meus homens, meu jovem. Se pudesse resgatá-los, faria tudo ao meu alcance. - O mercador falava com tristeza verdadeira na voz. - Porem entenda que sou um mercador sem muitos recursos.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Perdoe a insistência, meu caro, quero apenas saber um pouco mais sobre a natureza do elfo a quem estou prestes a oferecer minha companhia. - Explicou-se Vallen, finalmente satisfeito com as respostas que conseguira. - Você parece ter um bom coração, mas não muita prudência.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Você não iria atrás de companheiros de viagem, se pudesse?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- No presente caso? Não. Eles já estariam mortos com certeza e não arrisco um corpo vivo por um cadáver - Respondeu Vallen. - Mas admiro sua resposta. A prudência varia de acordo com o tempo, mas um bom coração sempre será um bom coração. Penso que poderia acompanhá-lo em sua viagem de regresso à Dalian, o que me diz?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Gostaria muito de uma companhia em minha viagem! - Respondeu o mercador, tão genuinamente feliz de não precisar atravessar a floresta sozinho que esquecera que fora chamado de imprudente por um elfo mais novo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">- Dê-me alguns momentos, por favor. - Disse Vallen. - Finarfim, pode me acompanhar um instante?</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">-Cla... claro. - Gaguejou o elfo de cabelos verdes, que acabara de ficar confuso com a notícia.</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">* * *</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Vallen contou de seus motivos para viajar junto com Finarfim e chegaram a decisão de que mesmo que ambos não soubessem exatamente o que procuravam, seria mais fácil se procurassem juntos. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Daliam era uma importante cidade portuária que recebia embarcações de todos os lugares devidos as suas tarifas mais baixas, sendo também uma importante cidade de troca. Uma vez por ano havia uma espécie de competição de pescadores onde aquele que conseguisse o maior peixe levava todos os demais como prêmio. Ficava a apenas seis dias de viagem. Quando Vallen compartilhou todas essas informações ficou decidido que Daliam seria a primeira cidade em buscariam suas respostas. Contudo, Vallen achou melhor contar em um outro momento que um bruxo morava na cidade.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Dividiram as suprimentos dados por Khalid na maleta de madeira: duas poções que deixavam a pele resistente como madeira por alguns minutos, dez frutos abençoados com poderes regenerativos e uma entrega especial de Khalid para Finarfim, o colar de pedras preciosas de sua mãe. A mãe de Finarfim nunca surgia nos temas que conversavam e Vallen chegara a conclusão que seu amigo não sabia muita coisa sobre ela. Ao ver como Khalid hesitara em entregar a “recordação de uma pessoa muito querida” para quem ela por herança deveria de fato pertencer, Vallen notou que devia haver alguma história complicada por trás de tudo.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">Reuniram o pouco de coisas que tinham e que iriam precisar e partiram, juntamente com Laucian, para Daliam.</span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-77148498503191226372012-01-11T14:33:00.000-08:002012-01-26T07:25:03.515-08:00Relato de sessão - Capítulo 0: histórico<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYQfUks1PtEbsal3arBx3FS1vPdijtkpRhYrX8VDjJ3SVu6FzKnAZvLe8C3fSR2t4_IsudHeM59pvIiFdqydJkCe2ptnBKrA0JxwvUvIRI1QRAOr0oRKfJNneaDDODenZ5mz8I9iZpVQ/s1600/the_gloaming_battle_by_rodrigoelven-d3c6nqu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="355" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYQfUks1PtEbsal3arBx3FS1vPdijtkpRhYrX8VDjJ3SVu6FzKnAZvLe8C3fSR2t4_IsudHeM59pvIiFdqydJkCe2ptnBKrA0JxwvUvIRI1QRAOr0oRKfJNneaDDODenZ5mz8I9iZpVQ/s640/the_gloaming_battle_by_rodrigoelven-d3c6nqu.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Esconda-se nas sombras.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Essas foram as últimas palavras ditas ao pequeno elfo por seus familiares.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Aquele por do sol representou o fim de uma série de eventos que tornariam os elfos conhecidos por sua intolerância com os povos de fora e o início de uma cadeia de eventos ainda mais obscuros.</span></div></div><span style="font-size: large;"><br />
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<a name='more'></a><span style="font-size: large;"><br />
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<span style="font-size: large;"><br />
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<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">I<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Considerando a floresta como o seu lar sagrado, os elfos controlavam a entrada e saída através de freqüentes patrulhas. Os “espinhos da fronteira” eram um grupo de elfos altamente treinados para repelir qualquer um que adentrasse a floresta sem a permissão do conselho. Por séculos este comportamento foi tolerado pelas demais raças como apenas mais um fricote élfico. Nas últimas décadas, entretanto, cidades ascenderam à condição de reinos e estes tinham uma insaciável fome pelo progresso. Dizia-se que se os homens não guerreassem tanto entre si já poderiam ter tomado todo o continente. Os humanos eram brutos e cruéis com qualquer coisa que se interpusesse em seu caminho. E assim foi com a floresta élfica, cujo norte tinha o formato geográfico de um chifre. A “chifrada élfica”, como diziam os mercadores, acrescentava vários dias de viagem por um terreno acidentado, atrasando e onerando as relações comerciais entre as cidades a leste e oeste. Diversas foram as tentativas de negociação para que fosse aberta uma trilha na floresta ou que fosse concedida uma autorização aos mercadores para cruzar a área. Por fim o ouro falou mais alto e um grupo de nômades mercenários foi contratado para se livrar do problema. A “horda” era um grupo perigoso e por muito pouco não obteve êxito em sua empreitada. Os elfos sempre foram inteligentes e conseguiram perceber que os mercenários eram movidos pelo dinheiro de poderosos, mas não compreendiam por completo as redes de intrigas que acobertavam e habitavam as cidades humanas. Na ausência de um rosto a por a culpa a retaliação élfica, que deveria ser focada e dura, se limitou a um fortalecimento de sua xenofobia. Os espinhos da fronteira se tornou um grupo letal e somente os mais corajosos e loucos adentravam na floresta. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">II<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-size: large;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Os vigilantes da fronteira já haviam dado o aviso, mas os invasores se deslocavam em uma velocidade nunca esperada para um povo que não estivesse em sintonia com a floresta. Quando os quatro elfos, que constituíam uma família, fugiam para o abrigo, o mais antigo sacou seu arco e pôs em prática seus muitos anos de prática. O tempo gasto dando a ordem para que sua mulher e seus dois filhos continuassem a correr foi mais longo do que o necessário para parar dois de seus perseguidores. O movimento fluía naturalmente. Puxada suave, mas rapidamente da aljava com a ponta dos dedos em um movimento curvado. Apoiada nos dedos da outra mão e tencionando a linha do arco em um movimento perfeitamente reto. Abandonando o corpo único que arco e arqueiro se tornaram em uma parábola que atingia algum ponto vulnerável exposto pela armadura. Um goblin caído. Um orc. E outro. E outro. E outros tantos. Quando a distância tornou-se crítica duas espadas leves e letais como quem as empunhavam iniciaram um trágico espetáculo que demorou apenas o tempo necessário para que seus entes queridos chegassem ao lar, protegidos pelos melhores arqueiros e espadachins que o mundo haveria de ver. Isto deveria bastar. Tinha que bastar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;"> Anariel, a mãe dos dois elfos, chegara a sua casa. Via que seus companheiros lutavam bravamente e achava que se alguém conseguiria deter os invasores, seria o seu clã. Com um beijo na testa tão carinhoso como somente as mães que se vêem forçadas a abandonar suas crias consegue dar, ela se despediu de seus filhos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- Se escondam na sombra, não importa o que aconteça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">E os direcionou ao melhor esconderijo que conseguiu pensar dentro de sua casa.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Lá fora ela mantinha suas flechas em seus inimigos, mas seus olhos ocasionalmente se dirigiam a porta de sua casa, o que diminuía sua capacidade combativa. Por fim, quando percebeu que a derrota era iminente, correu até seus filhos, os levaria até a aldeia do próximo clã ou se esconderia na floresta, não se decidira. Na confusão de seus pensamentos não percebeu o gnoll e os orcs que a seguiam.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Os pequenos viram com alegria e esperança quando sua mãe retornara e quase desobedeceram sua mãe. O combate aconteceu diante dos olhos dos meninos. Anariel era uma guerreira quase tão boa quanto o seu marido, mas tinha os números como desvantagem. Quando o gnoll finalmente resolveu entrar no combate, após a morte de um dos orcs, seu machado fincou-se na coluna da mulher como uma lâmina que encontra uma madeira resistente demais para quebrar-se em um só golpe. Em um misto de desespero e instinto de proteção pelo irmão mais novo, Garionn correu até outro aposento sem ser visto e voltou com alguns frascos. Notou que o gnoll não estava mais na casa mas que os orcs ainda cravejavam lanças no corpo de sua mãe. Atirou os vidros de surpresa contra os orcs com um grito enfurecido e recuou. Na confusão os orcs tropeçaram no cadáver e bateram na mobília. O fogo percorria seus corpos como uma amante em frenesi, devia haver alguma substância especial naqueles frascos que produzia um fogo mais forte que o normal. Quando os orcs ajoelharam-se no chão, agonizando, Garionn se aproximou com um estranho sorriso fechado e torto no rosto. Um sorriso que seu irmão nunca vira e nunca se esqueceria. Atirou outro frasco na face de um deles e aproveitou o espetáculo. O fogo começava a reivindicar partes da casa para si e Garionn escutou quando a voz gutural de outros inimigos se aproximou da casa. Virou-se uma última vez para onde seu irmão menor estava.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- permaneça nas sombras, irmãozinho, vou atraí-los. Quando achar que é seguro fuja daqui e faça isso antes do fogo te prender. Fuja sempre pelas sombras.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">E correu com seus frascos e a expressão de fúria.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Vallen esperou no baú que sua mãe e irmão lhe deixaram até que fosse seguro sair. As chamas não pareciam estar tão próximas e ele conseguia converter seu choro desesperado em lágrimas involuntárias. Esperou até que não ouvisse mais gritos. Até que não ouvisse mais vozes. Até que não ouvisse mais passos próximos. Até que, pela falta de ar, adormeceu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">As vozes o acordaram. Uma fria e suave, outra ríspida e autoritária.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- O ataque foi um sucesso, mas não venceremos os reforços. Peça a seus homens que apressem-se com a pilhagem, iremos recuar. - disse friamente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- meus homens não recuam e ninguém voltará aqui. Provavelmente estes covardes apenas esperarão por nós com seus frágeis arcos. - disse rispidamente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- Arcos estes que deitaram metade de seus homens. - zombou com a suavidade necessária para não ofender o outro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Vallen ouviu passos aproximando-se do baú e preparou o presente que seu pai lhe dera a menos de uma semana. Uma pequena adaga que para o garoto servia como uma espada.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- não tenho interesse em me demorar aqui. Tenho fome e desejo pelas sobreviventes. - disse, aceitando o argumento do outro. - apressem-se e recolham o que tiver valor por aqui.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Quando o baú se abriu Vallen avançou na garganta esverdeada do orc como uma cobra no bote. Enquanto o orc sufocava e tentava prender seu sangue com as mãos o garoto correu em direção a porta. Driblou um dos orcs e passou pelas pernas de outro. Parados na porta, estavam os donos das vozes que o acordaram. Um orc diferente dos demais, era magro, apesar de aparentar força, não tinha cicatrizes aparentes e possuía uma armadura negra repleta de cravos. Seus olhos tinham cores diferentes. Um era vermelho como os demais orcs e o outro tinha um azul de alguma forma maligno que passaria a habitar os pesadelos de Vallen por toda sua vida. Ao lado dele, um elfo como o garoto jamais vira. Tinha a pele totalmente enegrecida, o cabelo longo e branco derramado pelas ombreiras do corselete de couro negro. Tinha um aspecto nobre e um sorriso debochado na face.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- fim da linha, garoto. - Disse o elfo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">O orc a sua frente chutou-lhe o peito. A força do impacto da bota de metal arremessou garoto para trás e lhe tirou o ar. O garoto tentou um giro para cair com as mãos no chão, mas só conseguiu quebrar o nariz ao bater a cara no chão. Aproveitando-se da queda do garoto, um dos soldados desceu o machado no chão, certamente abriria seu peito se o garoto não tivesse rolado para o lado. Levantou-se e correu para a janela. Em um salto que já dera tantas outras vezes, apesar das broncas da mãe, apoiou-se na mobília e conseguiu alcançar a janela. Via o caminho lá fora, conseguiria fugir. Mas algo o segurou. Tentou desvencilhar dos braços que o seguravam no ar, mas percebeu que não tinha nenhum. Girou e encarou o elfo com a mão estendida em sua direção, magicamente segurando-o no ar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- Agora chega, pequeno elfo, durma. - disse em um tom tão amigável que poderia ser o de seu pai.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- Passe-o pra cá. Ele matou um dos meus. - disse o orc na armadura negra.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- um dos seus morreu porque foi imprudente, não acredito que vai culpar uma criança desse tamanho pela morte de um guerreiro da Horda. - disse o elfo negro, a mais de um metro de distância, fazendo a criança levitar até seus braços. - Além do que, eu conheço alguém que faria bom uso desse menino. Considere que esta é a minha pilhagem pessoal.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">III<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Não demorou muito para que Vallen entendesse que teria que se adaptar se quisesse sobreviver. Fora vendido a algum tipo de organização que o treinava duramente. A tristeza e a memória que vieram com aquele por do sol nunca o abandonaram, mas com o tempo passou até mesmo a considerar os “filhos da sombra” como uma família. Havia outros em situações parecidas com a dele, vindo de diversos lugares. Já tinha percebido que aqueles que se demoravam no luto ou que se recusavam a cooperar acabavam desaparecendo, e ele tinha alguma idéia do que acontecia. Fez amizade com Raeonar, um membro do povo felino que tinha a mania de fazer o tempo correr com as histórias de sua tribo e seus jeito hilariante.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Vallen gostava do lugar e, apesar de se ver como uma espécie de prisioneiro, gostava dos ensinamentos. Aprendeu a ser silencioso como uma sombra e uma série de truques para entrar em um lugar ao qual não fora convidado. Havia, também, um treinamento na luta das sombras. Raeonar apelidava este treinamento de técnicas para quando se é pego, mas conforme as lições se tornavam mais avançadas, com estudos da anatomia e os melhores lugares para se enfiar uma faca, ou como se assassinar alguém sem que a pessoa sequer perceba que perdeu a vida, Vallen foi percebendo aonde tudo aquilo desembocaria, e ai começaram a surgir idéias de fuga. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Até que seu tempo começou a se dividir entre estudo, treino e missões. Inicialmente suas missões eram fáceis e até parecia que tudo ainda era um treinamento. A esta altura já havia descoberto de onde tinha vindo, mas ainda hesitava quando pensava nas conseqüências que poderiam lhe ocorrer se tentasse fugir da irmandade. Até que o dia que ele temia se apresentou. Tinha recebido, juntamente com Raeonar, missão de assassinar um político em ascensão. Entraram pelo telhado removendo as telhas e chegaram no quarto onde o alvo e sua esposa dormiam. Parecia tudo muito fácil, mas a missão já se prolongava por dias de planejamento e horas de infiltração. Aproximaram-se da cama e trocaram um olhar confuso. Raeonar sabia do coração bondoso que possuía o elfo e desde o início achou que ele não seria capaz. O homem gato sacou sua adaga. Aço enegrecido, lâmina afiadíssima. Uma arma que devia ser usada para evitar lutas, não para ganhá-las. Aproximou a adaga do pescoço do homem. Foi então que Vallen escutou passos leves, mas descadenciados vindos do quarto ao lado. Apoiou-se na parede e colocou um pequeno espelho no chão, de modo a ver quem se aproximava. Uma criança, 6 anos de idade no máximo. Vallen ficou estático. Estava prestes a dar um destino semelhante ao seu a outra criança inocente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Gestuou para Reonar o que acontecia, sabia que tinham de tomar uma decisão logo. Quando seu companheiro avançou o punhal em direção ao peito do homem, Vallen segurou seu braço. A movimentação acabou por acordar o homem e sua mulher, que logo começou a gritar. Com um solavanco Raeonar livrou-se de Vallen e o empurrou para longe. Perdera sua faca no processo, mas havia outros meios de terminar o serviço. Com um salto de impressionar qualquer predador, debruçou-se sobre o homem e silenciou-lhe a garganta com seus dentes afiados. Percebendo a movimentação da mulher e tentando evitar sua morte, Vallen a segurou e a arremessou para a porta. Foi quando notou que a criança presenciava todo o ocorrido, estarrecida e imóvel, na porta.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">Vallen tinha trazido seus pertences escondidos em sua bolsa. Como sabia que era provável que aquilo acontecesse hoje, furtou um dos livros de ensinamento que ainda lhe era proibido. Achou que precisaria continuar melhorando mesmo que não tivesse mais um professor. Esperava que a irmandade não levasse para o lado pessoal, havia outros como aquele.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- eu sei o que acontece agora. Não vou te impedir. - apesar de tanto tempo de convivência, Vallen ainda achava engraçado o jeito como o felino pronunciava o R, quase um ronronar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">- Talvez um dia nossos caminhos se cruzem novamente, amigo gato. - riu nervosamente Vallen. E pulou do telhado enquanto se agarrava em uma corda.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large;">-só espero que você não tenha que ser meu rato. - disse baixo e com uma expressão de profunda tristeza. - meu amigo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6.0pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif;"><br />
</span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-87941415600373290842011-05-24T05:49:00.000-07:002011-08-20T20:49:22.782-07:00Panteão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO9gtof7QrswTE-7ptoMy4aeaApd4kyCLqoNklYGuCuPhHxCf4icw9hhL1S-34Y7E0ie5MrluILj-OFRMVMbh2Iwr75B2SzGzrK5zQq6JhjFdj46fLan2MTy4vJQQxvxRzPwtx09_YDw/s1600/Heaven_and_Hell___Wallpaper_by_RedXen.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO9gtof7QrswTE-7ptoMy4aeaApd4kyCLqoNklYGuCuPhHxCf4icw9hhL1S-34Y7E0ie5MrluILj-OFRMVMbh2Iwr75B2SzGzrK5zQq6JhjFdj46fLan2MTy4vJQQxvxRzPwtx09_YDw/s640/Heaven_and_Hell___Wallpaper_by_RedXen.jpg" width="640" /></a></div><br />
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Para marcar o ressurgimento oficial do Blog, exponho aqui meu texto mais recente. Ele é a introdução da introdução de um cenário de RPG que ainda estou desenvolvendo e trata da formação do próprio mundo. Nele eu apresento boa parte do panteão, as raças mais comuns, a relação entre os deuses e um pouco da história do mundo.<br />
O texto tem muita influência dos livros de D&D, qualquer semelhança não é mera coincidência.<br />
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</div><div><a name='more'></a><br />
<div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i><u><span style="color: black; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt;"><br />
</span></u></i></b></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i><u><span style="color: black; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 16pt;"><br />
</span></u></i></b></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><i><u><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Capítulo I – Surge o Universo</span></span></u></i></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 9.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 9.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">“No princípio foi a grande explosão, e isso já faz muito tempo. Aqui só se falará do bis da noite. Ainda é possível conseguir uma entrada. Numa palavra: a recompensa consiste em criar o público do espetáculo. Sem a platéia, não teria sentido chamar de espetáculo o que aconteceu. Continua havendo lugares vagos.”<o:p></o:p></span></span></i></div><div align="right" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 9.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Jostein Gaarder</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;"><br />
</div><div align="right" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">No que poderia ser uma nula quantia de tempo ou incontáveis eras, o universo era um ponto avolumado onde energias de polaridades opostas coexistiam em um equilíbrio dinâmico. Até que, por razões insignificantes para a história que se segue, subitamente a estabilidade na energia contida neste ponto singular de gênese teve fim e em um movimento frenético alastrava-se pela nulidade circundante. No início, havia o caos. Abraçado pelo nada, um vórtice de pura energia paria as mais bizarras criaturas e criações. As primeiras criaturas a surgirem foram os demônios, a manifestação corpórea do caos. E por um período imensurável, seres grotescos com o propósito único de destruição formavam um turbilhão de violência e desordem pelas inúmeras camadas do abismo que se formara acima da origem do universo.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Contrapondo-se à infinita expansão do caos e para sempre separando-se do ciclone da criação, ascenderam os deuses, a personificação da ordem. Não eram apenas mais uma criação, e sim parte da fonte de tudo. Detentores de uma colossal quantidade de energia distribuída em um único ser, estas divindades consideravam intolerável a conjuntura do universo: anárquico e brutal.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Com a ascensão divina, a origem do universo perdeu sua luz e converteu-se em um famélico e monstruoso lodaçal negro. O caos ansiava ser uma vez mais completo, pois os deuses levaram consigo grande parte de seu poder. Os demônios agora tinham intuitivamente o objetivo de destruir os deuses trazendo sua força de volta à gênese. Teve, então, início a guerra entre deuses e demônios.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Apesar da inquestionável superioridade dos deuses, os demônios, em uma questão quantitativa, eram os senhores do universo. Após incontáveis batalhas, os deuses receavam que o número de demônios fosse infinito e que aquela guerra jamais tivesse fim. Quando um demônio era exterminado em batalha, não tardava para que outros com as mesmas características surgissem agindo da mesma forma. Contudo, o mesmo não acontecia com os deuses. Se algum deles perecesse em batalha, seu poder retornaria ao abismo e sua essência desapareceria do universo para sempre.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Temerosos, os deuses uniram-se para encontrar uma solução. Decidiram que todos trabalhariam na criação de algo que pudesse guardar suas essências de modo a nunca serem completamente perdidas. Então cada deus extraiu um pouco de seu poder e armazenou em um lugar que seria protegido por todos os outros deuses.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Foi então criado o plano material. Um universo paralelo com reflexos materiais dos deuses. Nesse plano reinaria o poder da ordem. Os elementos reagiriam sempre da mesma forma a estímulos iguais, a gravidade teria sempre a mesma direção e o tempo passaria de forma regular. Cada ponto deste novo mundo teria o reflexo de alguma divindade.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><u><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">Capítulo II – Surgem os mortais</span></u></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><b><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">Humanos</span></i></b><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Para garantir que fosse possível reviver um deus com a mesma personalidade que o antigo, uma nova reunião foi feita e os deuses decidiram pela criação de um ser que refletisse o modo de pensar de todos eles. Foi criada então a raça humana, que por representar tantos deuses ao mesmo tempo, se tornou uma raça extremamente versátil e variada. A criação demandava que uma boa quantidade dos poderes dos deuses fosse desviada para o plano material, contudo, a sobrevivência dos deuses agora estava garantida. Se algum deus perecesse em combate, poderia ser revivido a partir de suas criações no plano material.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Nem todos os deuses estavam de acordo com a criação dos humanos como havia sido em seu início, e dado o grande gasto de energia que envolvia a criação dos homens, alguns deuses decidiram observar como agiam os humanos para somente depois contribuir com seu desenvolvimento tornando-se assim patronos de determinadas civilizações.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Após eras do domínio humano, alguns deuses decidiram fazer a sua própria versão dos mortais. Criações que refletissem de uma maneira mais fiel suas características e que fossem livres da influencia de outras divindades. Dentre as criações pós-humanas que povoaram o mundo em seu início, três se destacavam: os anões de Moradin, os elfos do Seldarine e os orcs de Gruumsh.<o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><b><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">Anões, elfos e orcs</span></i></b><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Os anões foram a última obra de Moradin, o criador, e a primeira raça humanóide a ser criada após os humanos. Moradin era uma das divindades mais antigas e era conhecido por sua perícia na criação de coisas novas. Dele, foi a primeira criação no mundo material, a terra, que veio a servir de base para tantas outras criações. Ele sabia que suas criações deveriam durar por muito tempo se quisesse que atingissem sua finalidade principal e refletiuproteção uns para com os outros. Sendo obras do deus artesão, os anões eram criaturas mais estáveis e tinham um ciclo de vida maior que o dos humanos.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Ao mesmo tempo em que Moradin começou a trabalhar na criação dos anões, um grupo de divindades conhecida como Seldarine, a irmandade da floresta, começou a trabalhar em uma nova raça de humanóides, os elfos. Contudo, os elfos demoraram alguns séculos para surgir, pois os deuses do Seldarine queriam criar uma raça perfeita. Após muito planejamento, foram criados os elfos à imagem dos deuses do Seldarine. Eram graciosos e tendiam a fazer suas atividades com perfeição não importando o tempo que levasse, uma vez que, sendo a raça criada com maior esmero, possuíam a vida mais longa dentre os humanóides. Tinham grande afinidade com a natureza e habitavam as florestas em uma atmosfera de harmonia. Possuíam, sem dúvida, a cultura mais rica e complexa de todo o plano. Eram uma raça pacífica, mas isolada.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Enquanto os deuses dedicavam seus esforços para a criação do plano material, a guerra contra os demônios não cessara. Percebendo um desfalecimento nas defesas divinas, os demônios multiplicavam-se mais do que nunca e investiam contra a morada dos deuses ferozmente. Pressentindo a energia ordeira que emanava das criações provindas dali, os demônios entravam em um frenesi destrutivo. Em reação às investidas demoníacas, destacaram-se grandes deuses guerreiros que viriam, mais tarde, a liderar os demais deuses. Tendo como seus comandantes os irmãos de ascensão Heironeous, o deus da justiça, e Hextor, o deus da guerra, um grupo de deuses guerreiros garantia que os deuses tivessem a tranqüilidade de que necessitavam para criar o mundo material. Durante as batalhas desta época, um deus em especial destacava-se por sua ferocidade e brutalidade, era Gruumsh. Não que fosse o melhor guerreiro, mas nenhum outro deus sentia tanto prazer no combate como ele. Alheio ao que acontecia na morada celestial, ele passava tanto tempo batalhando no abismo que já adquirira algumas características de seus inimigos, como a visão no total escuro do abismo, presas proeminentes e uma pele escamosa e resistente.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Quando soube da possibilidade de ressurreição no caso de algum dia perder uma batalha ansiou pela criação da sua própria raça de guerreiros, assim poderia se entregar ao combate sem a apreensão de ser revivido sem sua noção de prazer na luta. Tendo seu posto temporariamente tomado por Kord, o deus da força, Gruumsh ocupou-se de fazer sua própria criação. Para garantir que nenhuma característica sua fosse mudada no processo de ressurreição, fez suas crias o mais parecidas consigo que pôde, surgiram então os orcs. Destemidos e encrenqueiros, os orcs tinham sede de guerra e não se ocupavam de muita coisa além dela. Gruumsh tinha uma visão de si como um deus dominante e assim foram seus filhos, ansiosos por conquistar terras e povos. Assim como seu criador, os orcs possuíam algumas características demoníacas como uma visão perfeita no escuro e presas protuberantes. Contudo Gruumsh era um combatente e não um artesão, quando encontrava alguma dificuldade na elaboração dos orcs sua energia fervilhava de fúria e durante todo o processo pensava somente na grandiosidade que teriam suas batalhas a partir daquele ponto. Como conseqüência suas crias apresentavam alguns dos defeitos marcantes de seu criador em uma forma acentuada: possuíam uma mentalidade voltada apenas para a guerra, sensibilidade à luz do dia e o ciclo de vida mais curto dentre os humanóides.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><b><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">Halflings</span></i></b><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">A esta altura, todos os deuses tinham um papel definido no plano de criação do mundo material. Alguns deuses ocupavam-se da criação ou da orientação de suas raças como se estes fossem verdadeiros filhos. Outros, de menor poder, haviam decidido habitar o mundo material assumindo a forma de criaturas de imenso poder. E os que não estavam trabalhando como artesãos ou habitando o mundo, ocupavam-se em garantir a segurança contra o abismo e sua prole. No entanto, uma divindade ainda permanecia incerta quanto ao seu propósito neste novo projeto, era Fharlanghn, o andarilho. Por eras ele vagou observando e apreciando as diversas criações de seus irmãos. Tinha prazer em admirar e usufruir das belezas em cada detalhe desse mundo ainda em desenvolvimento. Um mundo tão distinto das trevas de onde escapara.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Então o ritmo em que surgiam novas criações abrandou-se até cessar. Incomodado pela ausência de novas belezas que pudesse contemplar, o Andarilho tomou uma atitude. Caminharia pelo mundo uma última vez observando todas as criações que tanto admirava e faria algo melhor que todas elas, algo que pudesse passar o resto dos tempos a admirar.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Observou o povo das fadas, sátiros, dríades e ninfas. Todos crias de Obad-Hai, o senhor da natureza. As criaturas tinham um grande gosto pela vida, uma curiosidade para coisas novas e alguns possuíam um tamanho diminuto que lhes poupavam de várias enrascadas. Contudo eram criaturas levianas que temiam os demais seres e então Fharlanghn caminhou novamente.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Em seguida visitou os elfos, que eram belos e detentores de um grande orgulho. Fharlanghn apreciava a liberdade de espírito que possuíam e achava que detinham uma agilidade e graça incomparáveis. No entanto eles eram frágeis e se demoravam em demasia para fazer qualquer coisa e, ansiando por ação, ele continuou sua viagem.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Os próximos a serem analisados foram os anões. Habitantes da terra abaixo das montanhas, o seu senso de família o impressionou, afinal, o que seria dos mortais sem a sua família? Quem lembraria deles quando estes se fossem? Mas os anões eram um povo áspero e tendente ao trabalho árduo. Quem poderia ser feliz escavando as entranhas da terra sem nunca sentir o ar livre na face? E logo prosseguiu com sua andança.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Então encontrou os orcs. Quão terríveis eles eram. Sempre brutais e ferozes, satisfaziam-se preenchendo suas vidas com a raiva e o combate. Porem, não tardou para que ficasse fascinado com sua coragem. Não demonstravam medo diante de nenhum inimigo, da morte ou de qualquer sofrimento. Mas, sabendo que não poderia conviver com criaturas tão belicosas, continuou seu caminho.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Por último avaliou os humanos, os primogênitos. As criaturas eram espertas e se adaptavam rapidamente a quaisquer circunstâncias. Tamanha era sua flexibilidade que não havia duas colônias idênticas em todo o mundo. Tanta diversidade permitia que se espalhassem por quase toda a terra e também garantia que estivessem em constantes guerras uns para com os outros.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Finda sua viagem, ele sentia-se pronto. Cada raça tinha alguma característica que ele queria para sua obra, mas também continha muitos defeitos. Incapaz de criar a partir do seu próprio poder as virtudes que desejava, ele tomaria uma pequena parte das demais raças e adicionaria a uma criação única que passaria a ser sua. Utilizando uma fada do tamanho de seu punho como recipiente, começou a acrescentar-lhe a essência das virtudes que havia capturado. Com a agilidade dos elfos a criatura cresceu alguns centímetros e pôs-se a dançar com tamanha destreza que quase fugiu da vista de Fharlanghn. Com a devoção à família vinda dos anões a criatura cresceu ainda mais. Suas asas definharam e seus traços se tornaram menos delicados. Seus movimentos frenéticos tornaram-se mais lentos e ela agarrou a perna de Fharlanghn imaginando-o como uma figura materna. Com a coragem dos orcs a criatura tornou a crescer e começou a perambular procurando por encrenca. Antes que pudesse encontrar alguma, Fharlanghn apressou-se e lhe imbuiu a adaptabilidade dos humanos. A criatura cresceu outra vez e se libertou do domínio de Fharlanghn. Diante da divindade estava uma criatura com quase um metro de altura e perfeitamente proporcional. Seus brilhantes olhos azuis refletiam curiosidade e ausência de medo, sua forma irradiava vitalidade e graça e quando a criatura reuniu madeira e pedras afiadas para construir ferramentas, Fharlanghn soube que havia criado o mais primoroso ser vivo do mundo material.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Ao descobrir que suas criações tiveram parte de sua essência roubadas, os deuses enfureceram-se. Houve tumulto no reino dos céus. Ao descobrir que os orcs demonstravam medo em raras ocasiões, Gruumsh quis destruir Fharlanghn e devastar qualquer obra que ele já tivesse feito. Contudo, Fharlanghn sempre tivera a fala macia e o raciocínio rápido. Diante de uma iminente e catastrófica represália ele bajulou os deuses atingidos por suas ações. Discursou sobre como era difícil criar obras tão perfeitas quanto às que ele quis imitar e apelou para o fato de que retirara uma porção muito pequena da essência de cada raça, porção esta que não seria o suficiente para descaracterizar os filhos dos deuses. Diante da lábia de Fharlanghn os ânimos se acalmaram, mas ainda se falava em punição. Temendo pelo julgamento apontado por Gruumsh, o deus andarilho descobrira como atenuar sua situação. “Sábios deuses criadores, não há em nossa morada ninguém mais indicado para resolver esta situação do que o senhor da justiça, Heironeous. Ele é neutro na celeuma e tem experiência na resolução de conflitos internos. Acredito que você se dará por satisfeito, Gruumsh, uma vez que será seu companheiro de batalhas e capitão que dará a sentença. Aceitarei resignado qualquer punição que ele julgar cabível.” Fharlanghn sabia que Heironeous tinha-o em boa conta e esperava que isto pudesse favorecer a questão para seu lado.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Houve o juízo e Fharlanghn surpreendeu-se com o peso da sentença. Suas criações, agora chamadas de halflings, uma vez que eram constituídas de partes de outras raças, poderiam existir, mas não teriam uma terra para chamar de sua como as demais raças. Quanto ao criador, teria que ser expurgado das características que o levaram a cometer tal ato. Então, em sacrifício pelos seus filhos, Fharlanghn fendeu-se deixando para trás os traços ladinos que o levaram a cobiçar e roubar os outros deuses. E antes que os outros pudessem perceber, uma versão negra de Fharlanghn se formara. Surgira o deus ladino. Com a mente marcada por conceitos como furto, trapaça e intriga ele identificou-se como Olidammara e desapareceu antes que os demais deuses pudessem perceber o que havia acontecido. Dando um passo a frente emergiu Yondalla, o aspecto feminino de Fharlanghn. Em seu coração havia um sentimento materno em relação aos halflings e uma ânsia pelo retorno da harmonia entre os deuses. Heironeous analisou-a por alguns instantes e não conseguiu achar culpa na deusa que o olhava.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Os deuses ficaram satisfeitos com a maneira como as coisas terminaram. Gruumsh tinha saciado a sua sede de vingança e Yondalla permanecia com seus filhos. A partir deste dia foi estabelecido que Heironeous seria permanentemente o juiz da morada celestial e o imbuíram com autoridade para tanto. Como seu primeiro ato ficou decidido que já havia raças o suficiente no mundo material e que Yondalla seria a mãe da mais jovem e última raça a ser criada.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><b><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;">Drows e Mestiços</span></b><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Havia, contudo, uma deusa inconformada com o desfecho do caso. Larethian, a tecelã, permanecia enfurecida uma vez que não houve reparação aos danos causados aos seus filhos. Ela não mais confiava na justiça de Heironeous e temia por seus elfos, pois começava a prever um futuro que não lhe agradava. Considerando a criação de Gruumsh como uma ameaça a seus filhos, Larethian, mais jovem divindade e segunda em poder no Seldarine e também considerada como o oráculo das florestas, reuniu seus companheiros para expor suas preocupações. Ela afirmava ter previsto em seus fios muitas batalhas entre orcs e elfos e receava por seu povo, que não conhecia a arte da guerra e eram frágeis em comparação à obra de Gruumsh. Sabia que não poderia contar com Heironeous no caso de uma guerra entre as raças, pois o deus limitava-se a intervir nas desavenças divinas. Clamou que o Seldarine transmitisse aos elfos a força necessária para afastar os orcs. Então Corellon, o mais persuasivo membro do Seldarine e também seu líder, convenceu seus irmãos dizendo que eles haviam criado a raça perfeita e que não deveriam alterá-la apenas para se parecer com a criação feita às pressas por Gruumsh.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Contrariada e enfurecida, Larethian agiu por trás de seus companheiros e selecionou alguns dos elfos que mais se parecessem com ela. Na escuridão da noite, secretamente eles se encontraram e ela lhes ensinou a arte da magia e das estratégias de guerra. Os escolhidos por Larethian surgiram como heróis entre seu povo, mas quando o Seldarine descobriu sua traição, uma nova reunião foi convocada, desta vez para julgar a traição da deusa tecelã e dos elfos que a seguiram.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Por ter desrespeitado as regras de criação dos elfos, modificando-os contra a vontade de seus irmãos, Larethian teria sua essência retirada dos filhos do Seldarine que não haviam recebido seus ensinamentos. Por ter traído a confiança dos Irmãos da Floresta, agindo furtivamente contra sua decisão, a grande tecelã seria expulsa do Seldarine. Quanto aos elfos que aceitaram receber secretamente os ensinamentos proibidos, seriam punidos de acordo com suas motivações. Por demonstrarem irreverência por seus demais criadores, os drows, como eram agora chamados, foram expulsos do convívio de seus irmãos em uma batalha fratricida onde os elfos originais eram influenciados e apoiados pelo Seldarine. E por demonstrarem uma sede de poder que os igualassem aos orcs, foram amaldiçoados a compartilhar da fraqueza diante da luz do dia com as crias de Gruumsh. Suas peles tornaram-se brancas como o tecido em que Larethian conseguia ver o futuro e o menor feixe de luz solar era capaz de enfraquecê-los e feri-los. Então a partir deste dia foi criada uma raça conhecida como drows que refletia a essência apenas da deusa vidente. Os drows abandonaram as florestas e foram morar na escuridão do subterrâneo, onde já viviam anões e orcs. Tendo agora os drows e Larethian como inimigos, o Seldarine ironicamente teve que ensinar aos elfos a arte do arco e da espada.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Exilados para o mundo subterrâneo, os drows tiveram que desbravar o que passariam a chamar de lar. Encontraram-se primeiramente com os anões, que não vendo com bons olhos os elfos negros, uma vez que haviam traídos seus próprios criadores, forçaram os elfos a procurarem abrigo em áreas mais afastadas de suas cidades. Apesar da antipatia entre os filhos de Moradin e Larethian, não houve derramamento de sangue entre ambos, pois ambos sabiam que havia inimigos piores nas sombras da terra.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Costuma-se dizer que a energia emanada por Pelor, o deus sol, purifica a maldade dos seres vivos e que as criaturas que tinham prazer na maldade escondiam-se dele em frestas e cavernas. Até que ponto isso é verdade, nem mesmo os deuses poderiam dizer. O fato é que nas entranhas da terra viviam monstros incrivelmente perversos, a começar pelos filhos de Gruumsh. Larethian sabia que o verdadeiro intuito do Seldarine ao expulsar os elfos negros para debaixo da terra era o extermínio, pois os orcs eram um povo violento e dominador. A única razão para os anões ainda não terem sucumbido era que surgiram milhares de anos antes e possuíam fortalezas impenetráveis. Obstinada a garantir a sobrevivência de seus filhos, Larethian participou de diversas guerras entre mortais. Sempre disfarçada na forma de uma aranha negra monstruosa, pois tal forma permitia que continuasse a prever o futuro no mundo material através de suas teias e disfarçava a sua presença.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Uma vez que os drows haviam conquistado seu próprio espaço, uma aliança tácita com o povo anão aconteceu, pois a ameaça de destruição pelos orcs permanecia presente e seus ataques eram incessantes. Apesar da animosidade sempre presente, anões e drows uniram-se diante da singular possibilidade de aniquilação dos orcs.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">A campanha fora extremamente bem sucedida e os orcs estavam reduzidos a números ínfimos quando Gruumsh, através dos clérigos de seu povo, soube que Larethian estava pessoalmente contribuindo com a ruína dos orcs. O orgulho guerreiro de Gruumsh inflamou-se ao saber que sua criação estava sendo derrotada no campo de batalha e, na ira contra Larethian e os mortais que ousavam atacar sua progênie, transferiu mais poder do que qualquer outros deus havia transferido para fortalecer sua raça.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Os orcs se tornaram mais fortes e brutais do que nunca, conseguiam enxergar normalmente na luz do dia e se reproduziam mais rápido do que qualquer outra raça. Gruumsh perdera boa parte do seu vigor guerreiro, mas seus filhos começavam a alastrar-se em um ritmo assombroso. Os orcs abandonaram a sua antiga moradia e rumaram para a superfície. Humanos, elfos, halflings e outras raças, que até então sequer tinham ouvido falar dos filhos de Gruumsh, foram pegos de surpresa e muitos foram subjugados. No subterrâneo, os anões, após tantos anos de resistência, tinham suas fortalezas destruídas e seus tesouros saqueados. Os drows, contando com a ajuda concreta de Larethian, não sofriam ataques, mas podiam perceber que tudo não passava de uma estratégia do orcs na qual eles seriam enfrentados no fim.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Uma aliança entre anões, elfos e humanos foi feita para opor-se aos orcs. E após inúmeras batalhas os orcs foram expurgados da superfície e tornaram a habitar somente o subterrâneo. Um novo plano de batalha entre os orcs foi elaborado e ele continha como etapa inicial a derrocada dos drows, pois os anões contavam com a ajuda das demais espécies.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Por décadas Larethian conseguiu manter a guerra equilibrada, mas após tanto tempo habitando o mundo material seus poderes começavam a diminuir e suas visões tornavam-se cada vez mais imprecisas. Suas teias tornaram-se cada vez mais negras até que o dom da visão no futuro foi completamente perdido. E foi neste cenário que ela planejou seu mais ousado plano.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Por anos a fio ela concentrou-se apenas em produzir seu mais concentrado veneno, uma substância tão vil que corromperia perpetuamente a essência de um deus, impedindo a sua ressurreição. Os drows começavam a perder a guerra e contavam apenas com a magia como vantagem, pois a deusa tecelã passara a espreitar a morada celestial pelas sombras em sua forma aracnídea, observando os movimentos dos deuses guardiões. Aguardando a oportunidade perfeita. Apesar de enfraquecido, Gruumsh era o primeiro a adentrar o campo de batalha e o ultimo a deixá-lo, esta era a informação de que precisava. Um dia, após uma batalha particularmente difícil, Larethian esperou que os demais deuses guerreiros voltassem para o repouso e começou a tecer uma armadilha para Gruumsh. Cansado, ele sequer percebeu as teias que o aguardavam até que estivesse emaranhado nas mesmas. Rápida e pronta como somente os peçonhentos conseguem ser, Larethian injetou seu veneno frenética e repetidamente na garganta, nuca e coluna do deus bárbaro, que apesar do cansaço rugia e golpeava o ar ferozmente. Ao tempo que ele soltou-se das teias, Larethian já havia desaparecido. Gruumsh procurou por Larethian na morada celestial enlouquecido pelo ódio, e com seus urros ansiando pelo combate os demais deuses tornaram-se uma confusa platéia. Quando começou a sentir seu corpo pesado e a vista embaçada entendeu o que acontecia, em instantes seria destruído. Arrastou-se até uma das entradas para o mundo material e bradou suas últimas palavras. “Aranha covarde! Pensas que teu veneno pode te afastar da minha vingança e fúria. Eu hei de ver o terror no teu rosto quando o meu ódio consumir toda a tua essência.” E em seu último esforço transferiu toda a energia que lhe restava para sua criação, os orcs.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Larethian observava a cena escondida em suas teias de escuridão e ria baixo em desafio à ameaça de Gruumsh. Ela sabia que não havia provas contra ela, principalmente quando Gruumsh, em toda a sua burrice, havia transformado o corpo que continha seu veneno em energia pura. A voz envelhecida de Boccob, o deus da magia, sussurrando ao seu lado fez com que Larethian ficasse paralisada. “É uma bela magia que você fez aí, Larethian. Você chegou a se dar conta do que acabou de fazer?” Com o seu olho formando um pentagrama de energia, Boccob conseguia enxergá-la mesmo naquela escuridão. “Do que você está falando, senhor da magia e o que você quer aqui. Veio para alertar os outros?” Perguntou Larethian preparando-se para o ataque. “Não tenho interesse nesses jogos que vocês conduzem no mundo material, mas achei interessante o que acabou de acontecer. Ao transferir seu poder já corrompido pelo seu veneno, Gruumsh alcançou um feito além do seu plano original. A combinação transformou os orcs na única raça capaz de procriar com outras raças gerando filhos férteis. Como se suas sementes fossem um veneno, eles conseguirão gerar versões combinadas de sua própria raça em seres distintos.“<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Larethian não conseguia distinguir se Boccob estava tentando entregá-la aos demais deuses ou se este era apenas mais um de seus devaneios diante da arte da magia. O que importava era que seu falatório começava a atrair a atenção de Heironeous, que já se aproximara do local. Com um movimento rápido ela tentou amordaçar Boccob com sua teia, mas já era tarde. Atiçado pela curiosidade, Pelor direcionou sua luz para o local de onde Boccob sussurrava. Ao laçar o deus da magia com suas teias, Larethian foi invadida por uma visão que a deixou distraída por tempo suficiente para que fosse capturada. Em sua visão viu surgir uma nova raça de orcs enquanto os antigos orcs eram levados à quase extinção. Eram os mestiços, metade orcs e metade elfos, humanos, anões ou qualquer outra coisa. Espalhavam-se rapidamente e sofriam com o preconceito das raças puras. Eram fortes e perseverantes como os orcs, mas mais inteligentes e sociáveis. Gruumsh conseguira enfim criar uma raça e talvez algum dia fosse revivido graças a ela. Graças a Larethian.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">A grande tecelã fora mais uma vez levada a julgamento. Desta vez seria julgada por Heironeous e não pelo Seldarine. Por ter violado o acordo de paz entre os deuses, atacado e envenenado Gruumsh e por tentar atacar Boccob, Larethian fora considerada uma ameaça para todo o panteão. O lugar para os que desejam a morte dos deuses era o abismo, juntamente com os demônios. Esta foi a punição dada por Heironeous e era o equivalente à morte, pois nenhum deus resistiria sozinho aos infindos demônios do abismo. Pelo menos era o que se supunha.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Por mais que não fosse uma deusa guerreira, Larethian passara muito tempo em luta no mundo material e não se pode dizer que sua queda foi rápida. Alternando entre sua forma aracnídea e a forma humana ela lutou dias a fio. Os demônios não tinham pressa em derrotá-la, poderiam ter encerrado o combate de uma vez se atacassem como uma só força, mas parecia que o abismo divertia-se com a queda da tecelã. Aproveitando cada momento da presente ironia, que o oráculo dos deuses não tivesse sido capaz de prever seu fim. Era a coroação do caos sobre a ordem.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Contudo, ausência de ordem nunca foi sinônimo de ausência de inteligência e havia intenção por detrás do comportamento dado à Larethian. Mais do que apenas destruí-la, o abismo queria convertê-la. Quando a deusa não tinha forças sequer para manter sua forma aracnídea e encontrava-se prostrada na sua forma humanóide e albina, um dos lordes do abismo surgiu. O cerco de demônios cessou o ataque e então surgiu Zuggtomoy. De seu torso para cima sua forma lembrava a de uma bela humana de pele roxeada e com seios fartos. De sua cabeça despencavam longos cabelos negros por onde um líquido viscoso escorria e brotavam quatro chifres acinzentados que cresciam em ângulos tortuosos. A metade inferior de seu corpo, porém, comprovava-lhe sua natureza. Um emaranhado de grossos tentáculos negros cobertos por um muco verde brilhante davam um aspecto repulsivo onde deveriam estar as pernas do demônio. Fungos e protuberâncias cresciam, mudavam de lugar e desapareciam ao longo de seus tentáculos e abdomem. <o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Demônio e divindade conversaram e acordos nefastos foram selados. A partir deste evento Larethian seria conhecida como Lolth, o demônio aranha. Assumindo uma forma bizarra e horrenda na qual se misturavam aranha e mulher, a senhora dos drows passou a viver no abismo, para sempre tramando contra os deuses e suas criações. Ainda era a senhora dos drows, mas algum tipo de proteção havia sido criada e ela estava impedida de qualquer intervenção direta no mundo material.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">O que de fato aconteceu é que para evitar futuras desavenças entre os deuses, foi acordado um pacto de não intervenção divina no mundo material. Os mortais poderiam continuar com a energia adquirida dos deuses através da servidão, como faziam os clérigos, mas nenhum deus poderia voltar a interferir diretamente no mundo material. Como agradecimento a Boccob e forma de reparar o desequilíbrio causado por Larethian, agora Lolth, a magia seria ensinada a todas as raças e, através dela os mortais poderiam manipular a energia ao seu redor.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><u><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;">Capítulo III – Surge o inferno</span></u></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></span></div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="center" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">No início a guerra surgiu entre os humanos. A diversidade era ao mesmo tempo sua virtude e ruína. Depois, lutaram elfos e drows como inimigos jurados. Por fim, não tardou para que as presciências de Larethian se tornassem realidade e, com a guerra jazendo em seus peitos como brasa, os orcs incendiaram o mundo na tentativa de submeter as demais raças a seu julgo.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">O mundo criado pelos deuses, apesar de todos seus esforços, exalava uma instabilidade que começava a germinar na morada celestial, como a batalha entre Larethian e Gruumsh comprovara. Uma nova reunião do panteão se fazia necessária. Por horas debateram os deuses sobre os recentes acontecimentos e quando exaltaram-se os ânimos ao estágio da quase batalha, um estrondo soou acima das vozes divinas. Erguendo-se em sua armadura negra, Hextor não conseguia mais conter-se e batera sua espada no chão. “Teriam vocês esquecido do verdadeiro propósito dos mortais?”. Suas palavras tinham o peso da ira contida a muito custo e ecoavam no silêncio repentino. “Eles existem para garantir a nossa sobrevivência, nada mais. Enquanto muitos de vocês desperdiçam eras aperfeiçoando e guiando estes seres, nós temos que lidar com o enxame de demônios que assolam as portas dos sete céus.” E ao passo que Hextor demonstrava sua insatisfação, outros deuses sentiam-se inflamados por suas palavras. “Ao adotarem os mortais como se filhos fossem vocês lhes dão demasiada liberdade. Invólucros de pequena parte de nossa energia é o que são. Meras cápsulas que nos garantirão a sobrevivência. Recipientes. Cartuchos! NADA MAIS!” E com essa afirmação muitos dos deuses criadores se revoltaram, mas antes que pudessem argumentar, Hextor recomeçava. “Como esperam que se sintam os que guerreiam lá fora em saber que o risco que correm pode ser em vão? Sabendo que a qualquer momento os mortais que deveriam conter nossa essência podem destruir a si mesmos porque vocês acharam uma boa idéia dar-lhes o livre arbítrio. Eu vejo dia após dia os mortais irem cada vez mais longe. Dizimam sua própria espécie, saqueiam das entranhas da terra as suas riquezas trazendo a ruína à terra em que vivem, brincam com a magia como se deuses fossem e alguns começam a abrir portais para a entrada de demônios no mundo em que tivemos que deixar parte do nosso poder para mantê-los longe!”<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">E percebendo a direção que o discurso tomava, interveio Heironeous. “Você está condenando o cesto pela maçã podre, Hextor. É verdade que nosso trabalho como guardiões é árduo, mas ali estamos por vocação e no mundo material estão os criadores pela mesma razão. Você diz que eles desperdiçam eras como se estivessem alheios ao universo, mas percebemos, com as crias de Gruumsh, que se deve ter zelo e dedicação quando se armazena a essência divina em um mortal. Nenhuma outra raça é tão propensa ao caos e não posso deixar de pensar que isso aconteceu porque um deus guerreiro quis ser arquiteto e não teve o esmero necessário para a tarefa. Todos poderemos ser revividos a partir das criações deles se contribuirmos com nossa energia e cumprindo nosso papel de guardiões. E quando digo que reviveremos através deles, é PRECISO que tenham livre arbítrio, pois somente assim serão verdadeiramente o nosso reflexo.” E com as palavras em tom de trégua muitos deuses acalmaram-se e concordaram com Heironeous.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">“Tolice!” Urrou Hextor. “Tratem os mortais como o que são e não como deuses. Se de livre arbítrio eles precisam em sua essência, retirem-lhes a liberdade para que cumpram seu papel sem mais delongas e somente assim sairão os deuses de seu trono de conforto e acomodação para nos auxiliarem na batalha que há muitos já consumiu.”<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">O duelo de argumentos não demorou a se tornar uma verdadeira batalha entre dois segmentos de deuses. De um lado liderava Heironeous, defendendo a preservação do mundo material e dos mortais livres e com ele estava a maioria dos deuses. Do outro havia Hextor e seus seguidores ansiando pelo rebaixamento dos mortais à escravos dos deuses, como gado, e desejosos pela posição de liderança dentre os demais deuses.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">A discussão perdurou por muito tempo e deu origem a uma rebelião liderada por Hextor. Ele declarava que era o mais apto a ser o juiz do panteão e muitos deuses o apoiavam, principalmente os guerreiros.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Muito se fortaleceram Hextor e seus combatentes no período em que sozinhos defendiam a morada celestial, mas não eram fortes o suficiente para causar a revolução que cobiçavam. Sua revolta acabou por alcançar objetivos avessos e, com a vitória sobre os rebeldes, Heironeous fora elevado a categoria de líder dos deuses. Como qualquer deus que se voltasse contra os demais, Hextor e os seus deveriam ser banidos da morada celestial, destinados ao provável extermínio no abismo. Contudo, partiu de Nerull, senhor da morte, a idéia que moldou o universo na forma dos dias atuais.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Percebendo a relutância de Heironeous em mandar tantos deuses ao abismo, inclusive seu irmão de ascendência, Hextor, Nerull sugeriu um acordo. Os rebeldes seriam banidos da morada celestial, mas não seriam lançados aos demônios. Seria criada uma intersecção entre a morada celestial e o abismo. Este lugar, habitado pelos rebeldes, serviria de defesa contra os demônios, aumentando assim a segurança dos céus e evitando o fortalecimento do abismo com a energia que ele absorveria dos deuses condenados. Como contraprestação aos serviços, estes deuses teriam poder sobre as almas dos mortais que em vida tivessem contribuído para o surgimento do caos no mundo material e delas retirariam a energia para continuar a luta contra os demônios. O acordo parecia satisfatório a todos e assim surgiram os nove infernos, acima do abismo, abaixo dos céus e morada final para os maus.<o:p></o:p></span></span></div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><br />
</div><div align="right" style="margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Universo, diverso e perverso,</span></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></i></span></div><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i> </i></span><br />
<div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Diga adeus à deus.</span></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Em alegoria ele cria</span></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">E em luta disputa.</span></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.45pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: white;"><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Uma cruzada para o nada</span></i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></span></i></span></div><div align="right" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: x-small;"><i><i><span style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">Rumo ao auto consumo.</span></span></i><span style="color: black; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></i></span></div></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-86112681847842673762011-05-24T05:26:00.000-07:002011-06-01T13:10:49.543-07:00Para Lailah<div>Tinha feito esse poema para Lailah há algum tempo e não consegui publicar no Blog de jeito nenhum. Depois disso nada no Blog funcionava. Descobri hoje que era só usar o Google Chrome :D<br />
Clique na imagem para ampliar.<br />
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</div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM7QeXwQgv8ynUALf7WfHE5ghzBV3_Q-d73-SCyrn1xiXIWwGLneU0SIuH7FsmSUSsg7qMErkTCKvtVCfjW6LQSvm78UZY00IX02SAhg8IbFlLdF4sfUwxHctwssQHTiWt2G8femeAdQ/s1600/poema.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5610258215446992818" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM7QeXwQgv8ynUALf7WfHE5ghzBV3_Q-d73-SCyrn1xiXIWwGLneU0SIuH7FsmSUSsg7qMErkTCKvtVCfjW6LQSvm78UZY00IX02SAhg8IbFlLdF4sfUwxHctwssQHTiWt2G8femeAdQ/s400/poema.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 397px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-68814119475065892192011-02-17T23:18:00.000-08:002011-06-01T13:08:43.147-07:00Tacape<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGYkNfxnMdqlUfF5vkqfToC1qDYp0zm2b2FYaBFfwO6-X_BCWBWcr7k8HviyakFS2DS-ztqrOBXOThttOhcmL7OjIjXu9dOKww5UQAH3hFbc3X_pJZ-lEE_wLLZNyekkAx53AUL5nPJA/s1600/upcoming_love_massacre_by_xxjjdxx-d34py6t.jpg"><br />
<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5576295033957471346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGYkNfxnMdqlUfF5vkqfToC1qDYp0zm2b2FYaBFfwO6-X_BCWBWcr7k8HviyakFS2DS-ztqrOBXOThttOhcmL7OjIjXu9dOKww5UQAH3hFbc3X_pJZ-lEE_wLLZNyekkAx53AUL5nPJA/s320/upcoming_love_massacre_by_xxjjdxx-d34py6t.jpg" style="cursor: move; display: block; height: 257px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: center; width: 320px;" /></a> <br />
<div align="center"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';">Competição poética feita com Dmitri sobre uma palavra aleatória. Serviu mais pra passar o tempo, mas até que gostei do resultado.</span></span><br />
<span style="font-family: 'times new roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"><br />
</span></span><br />
<span style="font-family: 'times new roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman';"></span></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: 'times new roman';">* * *</span><br />
<span style="font-family: 'times new roman';"><br />
</span><br />
<span style="font-family: 'times new roman';">Primeiro era o tacape.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Disfuncional e promissor como somente as ferramentas de destruição almejam ser.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'times new roman';"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Depois veio a vontade.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Bruta, pura e egosísta como somente as crianças conseguem ter.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'times new roman';"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Acabou enfim o aparte</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Encontraram-se e encararam-se como se presos em um torpor</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'times new roman';"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Surgiu então como arte</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Do encontro de amor, a carnificina alegre de um predador</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';"></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'times new roman';"></span></o:p></div><div align="center"><br />
</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'times new roman';">Enfim chegara o dia do abate.</span></div></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-18528099945880300582010-11-11T05:02:00.000-08:002011-06-01T13:09:29.246-07:00Brumas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW_Iwbrti57sDbBG_zxbva9LiHzlFCQa8zI-t6g-9fdtMZsnQvFWjO7BtL-xfZm-t51hQJfmCOiw-v6eiBlpP_YaV_GFFoaM5f5FckTvRbDJQY8WzapUn0LvUrK0ZkLuLG-pDtSbB2Ww/s1600/pine_forest__fog_by_AVENGED7X.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW_Iwbrti57sDbBG_zxbva9LiHzlFCQa8zI-t6g-9fdtMZsnQvFWjO7BtL-xfZm-t51hQJfmCOiw-v6eiBlpP_YaV_GFFoaM5f5FckTvRbDJQY8WzapUn0LvUrK0ZkLuLG-pDtSbB2Ww/s400/pine_forest__fog_by_AVENGED7X.jpg" width="400" /></a></div><br />
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<br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">Este conto, na verdade, é o histórico de um personagem ambientado no cenário de Ravenloft. No final das contas a campanha não durou quase nada e eu gastei mais tempo fazendo o histórico do que jogando, mas gostei tanto do conto que valeu a pena do mesmo jeito.</div><div><br />
</div><br />
<br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<div style="text-align: center;">* * *</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: FangSong;">Neblus</span></b></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">A chuva fina mantinha seu reinado na </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri;">cidade de Neblus. O céu, assim como o espírito do lugar, era sempre cinza. Muitos já não se importavam se a garoa era o prenúncio de um raro e ameno sol ou se precederia uma sombria e barulhenta tempestade, tudo o que podiam fazer era prosseguir com suas vidas enquanto a chuva fosse fina o suficiente. Em Neblus, o clima refletia o coração das pessoas. Em uma terra tão marcada pela maldade, era comum que esperanças fossem destroçadas diariamente e que as expectativas de melhoras não passassem de sonhos apagados.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Combatendo este derrotismo contagiante como uma praga, erguia-se a igreja de Ezra. O templo situava-se no extremo norte da cidade e sua arquitetura grandiosa lembrava um pequeno forte. Nos quartos rústicos encontravam-se diferentes tipos de adoradores. Pregadores da senhora das brumas tinham ali um repouso intermediário entre suas andanças. Clérigos mais tradicionais faziam do templo sua moradia e recebiam diariamente os que precisavam de consolo espiritual. Ali, seres com a alma perdida ou dilacerada encontravam a cura, pois a guardiã das brumas recebia bem os novos fiéis.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">No entanto, mais triste do que uma alma acinzentada, é uma alma reluzente que aos poucos perde o brilho e pode até mesmo enegrecer-se em meio a revolta. Era exatamente o que acontecia com um dos servos mais devotos de Ezra, o frade Columba. Tendo sido iniciado no culto a Ezra muito jovem, Columba sempre exibira uma fé radiante e inspiradora. Muitos dos fiéis haviam sido cativados por ele e sua ascensão clerical foi acompanhada pelo aumento da influencia da Igreja no país.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O tempo se passou e Columba tornou-se um sábio respeitado. Sua calvície dividia espaço com uma meia lua de cabelos brancos evidenciando-o como um dos membros antigos e a combinação do rosto rechonchudo e barriga proeminente dava-lhe uma agradável expressão patriarcal. Contudo, o céu de Neblus era sempre cinza e por muitas vezes negro. Não tardou para que até mesmo a fé de Columba fosse posta em cheque. Após tantos anos vivendo em Ravenloft, o frade começava a indagar se sua fé era o suficiente para um lugar tão vil. Em seu íntimo questionava-se se Ezra havia abandonado aquela terra, se havia desistido após ver tamanha maldade nas pessoas. Se seus pensamentos eram certos ou não, não importava. A fraqueza crescente em suas próprias crenças estreitou seus laços com o divino, a fé não comporta dúvidas, e, aos poucos, seus poderes foram se esvaindo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: 'Monotype Corsiva';">Celanil<o:p></o:p></span></b></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Se houvesse no plano material alguma terra que refletisse os reinos celestiais, esta seria Celanil. Clima, fauna e flora convergiam em um hábitat perfeito e harmonioso. Em meio a árvores centenárias e relvas cuidadosamente planejadas estava Celanil. A cidade anciã, cujos únicos senhores por séculos eram os elfos, era isolada por grandes extensões de florestas e, após, por um relevo acidentado que circundava a região como um grande escudo natural.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Diferentemente de muitas outras raças daquele mundo, os elfos medem sua existência em séculos. A longevidade de suas vidas era refletida em seus costumes. Eles raramente fazem algo apressadamente e sua paciência e perícia conquistada através da prática extensiva podem ser notadas desde a roupa que usam, com tecidos finos e trabalhados por meses, as suas armas, com lâminas tão afiadas que parecem ter sido marteladas mil vezes, e na sua magia, executada através do estudo exaustivo de línguas tão antigas quanto o próprio tempo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Os habitantes de Celanil sempre prezaram por sua individualidade. Não há, como poderia se esperar, um estereótipo racial. Alguns elfos nascem para a caça, outros para a música e outros para a magia. Se após duzentos anos explorando uma das facetas de sua cultura um elfo quiser optar por outro caminho, nada o impede. Contudo alguns caminhos são mais penosos que outros. Aprender a arte da magia requer uma cautela adicional se comparada ao aprendizado da arte da harpa, por exemplo. E nenhum outro caminho era tão árduo quanto o aprendizado adquirido no templo dos solares. Assim como na casa das três luas, onde a arte arcana era ensinada, somente os aptos eram aceitos. Era esse o caminho que Guron, um jovem elfo começava a trilhar.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Antes mesmo que atingisse a puberdade o jovem surpreendeu amigos e familiares, com quem compartilhara seus vinte e três anos de idade, ao decidir seu caminho. A trilha do monge exigiria dedicação integral e muita disciplina, e nem mesmo sua amiga mais íntima, Tanandriel, que iniciava os estudos arcanos, adivinharia a vocação de seu amigo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Anos tornaram-se décadas e Guron aprendeu a arte da força interior. Adestrando seu corpo para que se tornasse arma e armadura. Afiando a mente para que pudesse prever os ataques do inimigo através da intuição e da percepção aguçada. Fixando o conhecimento marcial de como conseguir o melhor de suas habilidades físicas através da técnica passada por muitas gerações.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O elfo tinha agora mais de setenta anos e era um discípulo aplicado. Os dias desgastantes e as noites meditando no chão duro eram testes de perseverança cada vez mais árduos. Não fossem os encontros escondidos com Tanandriel, teriam sido anos solitários. A elfa que crescera junto com Guron costumava estar sempre eufórica com algum feitiço novo aprendido e os dois se divertiam trocando histórias sentados nos galhos das árvores agigantadas. Ela o encantava mostrando o quanto tinha aprendido e ele se exibia como qualquer macho. Ela recitava palavras que ele não compreendia enquanto deixava com que pétalas de uma flor nativa caíssem fazendo com que o javali, cobaia de sua exibição, adormecesse tranquilamente. Ele a divertia ao demonstrar sua graça enquanto esquivava-se das presas do mesmo javali enfurecido por ter sido acordado sem precisar machucá-lo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Foi em uma noite de primavera que ambos fizeram juras de amor e prometeram-se em segredo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Tudo era perfeito em Celanil.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: FangSong;">Neblus<o:p></o:p></span></b></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Columba sentia a benção de Ezra cada vez mais tênue. Perguntava-se se era culpa de sua própria fraqueza ou se era mais uma evidencia do abandono de sua deusa. Em meio ao desespero de ver a razão de sua vida esvaindo-se, Columba sabia que tinha de fazer algo. Foi numa noite de tempestade que ele tomou sua decisão. Utilizando o pouco poder que lhe restava pediu proteção contra o frio e a chuva que castigavam a terra e pôs-se a caminhar para o norte sozinho.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">A localização da igreja de Ezra era estratégica. Havia limites territoriais em Ravenloft feitos pelas brumas que ninguém em sã consciência ousaria cruzar. As brumas faziam com que os mortais se perdessem por tempo incerto e havia lendas de criaturas espreitando em meio às névoas, aguardando que algum desavisado lhe servisse de alimento. Para qualquer outro, estas brumas seriam apenas outro mal que habitava Ravenloft, mas para os anacoretas, como eram chamados os clérigos de Ezra, esta era a demonstração suprema do poder da Guardiã das Brumas.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Foi com este raciocínio que Columba rumou para as brumas que limitavam o norte de Darkon. Caminhou por dois dias sem olhar para trás até que percebera que adentrara a área proibida. Não voltaria atrás. Tomado pelo desespero e pelo medo clamou por sua protetora.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- EZRA! POR MAIS DE QUARENTA ANOS EU LHE DEDIQUEI MINHA VIDA. ESPALHANDO SUA PALAVRA E SERVINDO-A DA MELHOR MANEIRA QUE PUDE. POR QUE ME ABANDONA NO MEU MOMENTO DE FRAQUEZA? POR QUE ABANDONA ESTAS TERRAS A SUA PRÓPRIA SORTE EM UM LUGAR COM TANTO MAL?</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Percebendo que nada acontecia esperou por alguns instantes enquanto seu coração parecia querer furar o peito e deixou que seus olhos procurassem o caminho de volta. Estava perdido.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- SERÁ QUE NÃO CONSEGUE ENXERGAR A BONDADE DE SEUS FILHOS? O POTENCIAL PARA O BEM QUE TEMOS TODOS NÓS, MESMO IMERSOS NESSE MUNDO DE ESCURIDÃO!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Ainda sem uma resposta divina, Columba começava a ceder à raiva. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- SE É DE UM SACRIFICIO QUE VOCÊ PRECISA PARA PERCEBER QUE PODEMOS SEGUIR TEU EXEMPLO ME TOMA O CORPO! MAS APARECE E MOSTRA QUE AINDA NOS ESCUTA. Que escuta aqueles que te pedem auxílio...</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Lágrimas escorriam do rosto de Columba enquanto ele sentava-se no chão. Ficaria ali e rezaria até que sua fé fosse renovada ou encontrasse seu fim. O que viesse primeiro.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: 'Monotype Corsiva';">Celanil</span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Até que chegou a fase do alinhamento, quando as três luas que percorriam o céu de Celanil se encontravam durante o dia e encobriam o sol. O evento grandioso acontecia a cada setecentos anos. O grande caçador, o guardião do conhecimento e o alto sacerdote se reuniriam na área dos lagos e todas as tribos se preparavam para a comemoração, pois dizia-se que os deuses tinham seus olhos sobre Celanil nesta época. Os elfos festejariam em agradecimento aos deuses pelo paraíso em que viviam. Guron aproveitaria a época para anunciar aos seus pais que apesar de novo, já tinha a sua escolhida e Tanandriel faria o mesmo. Ambos desejavam perpetuar sua felicidade.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">No entanto, da mesma forma que não existe mal absoluto fora do inferno, não existe a pureza suprema fora dos céus. O poder sempre será uma das tentações mais perigosas, a sensação viciante era forte mesmo para os que ocupam o topo. E foi tomado pela cobiça e ansiando por transformar a cidade de Celanil em uma lenda viva conhecida como a mais poderosa cidade arcana, que o guardião do conhecimento traiu seus companheiros. Durante o mês do eclipse, as magias arcanas eram proibidas e os clérigos de Corellon, a mãe de todos os elfos, dedicavam-se ao jejum e rezavam em tempo quase integral. Tais rituais e restrições eram necessários devido a delicadeza que o eclipse trazia. Clérigos e magos tinham visões diferentes do que acontecia. Na visão dos devotos, Corellon visitava Celanil e poderia abençoar seu povo, caso gostasse do que via, ou castigá-los, se não sentisse gratidão por parte de suas crias. Os magos, que estudavam o fenômeno por séculos, tinham outra versão. Eles sabiam que nesta época haveria um estreitamento entre as barreiras que separam os diferentes planos. O eclipse marcava o auge do processo, quando as barreiras invisíveis estariam mais tênues. E foi sabendo disso que Khalidyr, o guardião do conhecimento, preparou o seu golpe. Quando o eclipse tivesse em si todos os olhares de Celanil, ele começaria o ritual que traria o poder para dentro de si e para seus irmãos.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O dia começava a apagar-se e os três líderes élficos estavam no centro do lago. Alguns caminhos estreitos de terra cruzavam a área coberta pela água dos lagos que refletia os céus e, em um círculo central, o guardião do conhecimento e o grande caçador se ajoelhavam ao redor do alto sacerdote. Dizia-se que a própria Corellon entraria em seu corpo e, usando-o como intermediário, abençoaria seus filhos. Quando o sol retirou seu ultimo brilho do céu o transe do alto sacerdote teve fim. Porem, o que se escutara em seguinte não era o que todos esperavam. A voz que ecoava no silêncio não era uma voz divina ou mesmo a voz do alto sacerdote, era a voz de Khalidyr em uma língua desconhecida pela maioria dos elfos. O grande caçador se levantara confuso, pensava que talvez Corellon estivesse utilizando o corpo errado, mas o alto sacerdote estava em transe ainda e possuía os olhos esbranquiçados.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Khalidyr, você... O que esta acontecendo? – Perguntou o grande caçador segurando os ombros de Khalidyr. - Seus olhos estão se enegrecendo, irmão, fale comigo!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">A incapacidade do grande caçador de perceber a maldade que crescia em Khalidyr foi sua ruína. Ele só precisava de mais uma coisa para terminar seu ritual, e foi pegando o elfo desprevenido que a adaga de Khalidyr encontrou o peito de seu amigo. Os demais elfos gritaram em horror e pânico e o barulho da corda de centenas de arco se tencionando vinha de todos os lados. A corpo do grande caçador murchava e de decompunha em uma velocidade sobrenatural ao passo que o mago se fortalecia. Khalidyr virava-se para o alto sacerdote, indefeso pelo transe. Flechas eram disparadas e algumas atingiram o corpo do mago sem causar efeito algum. Ele havia planejado por muito tempo e flecha alguma iria Pará-lo agora. Ele se posicionou atrás do sacerdote e gritou mais palavras incompreensíveis enquanto guerreiros corriam pela ponte de terra que cortava o lago. Uma tempestade nunca antes vista se formava em Celanil. Trovões destruindo casas suspensas anunciavam o fenômeno anti natural e o vento tornava a arquearia difícil. Suas palavras arcanas tiveram fim. Posicionou a adaga para o golpe final.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Com apenas uma fração do seu poder, nos criaste. Hoje você deixa os céus e passa a exibir sua majestade de dentro de nós. Venha Corellon, nos entregue todo seu poder e seja um com seu povo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">A adaga rasgou o coração do sacerdote e o eclipse permaneceu. O mago sentia o poder penetrando seu corpo. A sensação maravilhosa do poder, poder inigualável como um mortal jamais deveria sentir. E a sensação o enlouqueceu, voando e disparando raios aleatoriamente ele se tornou parte da tempestade, longe da vista dos outros. Os lagos enegreciam-se como se estivessem tornando-se trevas e pariam pequenos olhos vermelhos em sua superfície. Os elfos corriam em pânico para a cidade. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron viu seus pais correndo para sua antiga casa e desesperou-se. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Por que raios eles não estão indo para a cidade, os anciões são os únicos capazes de nos defender! – Praguejava Guron enquanto corria com Tanandriel. – Você vai para a cidade com os outros, eu vou atrás deles.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Você está louco se acha que eu não vou com você. – E vendo que ele se exaltaria emendou. – E não perca tempo sequer pensando em me impedir, não é hora para isso. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron sabia que era uma péssima idéia. Ele teria que diminuir seu ritmo a uma velocidade que ela conseguisse acompanhar e se os donos daqueles olhos vermelhos saíssem do lago ele não conseguiria se concentrar com ela correndo perigo. Mas ela tinha razão, não havia tempo para isso e então, ele começou a correr.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">A casa dos pais de Guron era um pouco diferente das outras casas. Temendo pela segurança de seu único filho, não quiseram uma tradicional casa suspensa nas árvores e preferiram a tranqüilidade da vila ao leste da região dos lagos com suas casas fincadas no chão. Posteriormente, quando tais cuidados não eram necessários, eles estavam apegados demais para mudar de residência. Agora a localização da vila era um problema que perturbava Guron. O caminho de volta para a cidade seria perigoso.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Podia-se ver a porta escancarada ao longe e quando adentraram na sala, Guron teve uma surpresa que lhe tirou o fôlego. Sua mãe tinha no rosto um sorriso eufórico e preocupado e nos braços um bebê élfico com menos de um ano.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Nós iríamos lhe dar a notícia hoje. – Ela tinha lágrimas nos olhos. – Conheça Ethon, seu irmãozinho.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron estava em estado de choque e tardou a notar os braços estendidos do pai lhe entregando um objeto cilíndrico envolto em seda violeta.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Sei que não é hora para rituais, mas não podemos esquecer quem somos mesmo nos tempos mais difíceis. Esta é sua primeira responsabilidade, Guron, a proteção de Ethon é dever de nós três e – Permitindo-se um pequeno sorriso. – Se os boatos forem verdadeiros, talvez de nós quatro. – a pele branca de Tanandriel corava. – Ela é sua agora, filho, use-a pelo bem de nosso povo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron pegou a espada embainhada das mãos de seu pai em silêncio. Já tinha a visto várias vezes, mas jamais pudera sequer tocá-la. A espada era forjada a partir da prata sagrada com esferas de esmeralda cravejadas em sua bainha. Folhas de prata adornavam o cabo formando uma das obras mais belas que Guron conhecera, e agora ela era sua, assim como a responsabilidade por seu irmão.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Foi o barulho agourento e pesado como o sibilar de uma cobra gigante que o despertou. Criaturas de alguma forma monstruosas estavam do lado de fora da casa.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Rápido, a saída dos fundos! – Sussurrou o pai de Guron.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Atravessaram a porta e viram o que causava os ruídos aterrorizantes. Vindo pelo caminho que Guron fizera estavam três criaturas bípedes. Tinham o dobro da altura de um elfo comum e possuíam mais músculos que o grande caçador. Escamas negras como as trevas encobriam sua pele e garras ainda mais escuras projetavam-se de seus dedos. Um deles estava agachado cheirando o chão, os outros dois encaravam o grupo de elfos com seus olhos vermelho faiscantes. Com um urro grotesco investiram pesadamente.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Corram para a cidade! – Ordenou Guron.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">As criaturas eram fortes, mas não tão rápidas, e até mesmo seus pais, que não possuíam treinamento na arte da guerra, conseguiam superá-los. Correram até que dois dos monstros reptilianos surgiram da direção contrária. Guron tomou a frente aplicando uma rasteira com o impulso de sua corrida no primeiro, que caiu desengonçado. O segundo avançava as garras em direção ao seu pescoço, mas o elfo conseguia prever seus movimentos rudimentares e o bloqueou com sua espada ainda na bainha. Ainda deitado golpeou o joelho do monstro com a sola de seus pés e ele caiu por cima do outro. Tanandriel conjurava alguma magia que fazia com que os três que os perseguiam escorregassem e demorassem a se levantar, como se houvesse limo em seus pés. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Tornaram a correr em desespero e faltava pouco para que alcançassem o portão leste de Celanil. Um último obstáculo os impedia de chegar à segurança. Dezenas de monstros começavam a se juntar nos arredores do castelo numa distância segura das flechas élficas. Se conseguissem passar por eles, estariam salvos. Guron olhou sua família por alguns instantes para que nunca desaparecessem de sua memória. Alisou o cabelo de sua mãe e de Tanandriel e beijou a testa de seu irmão.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Pai, eu tenho a solução, mas o senhor precisa fazer exatamente o que eu disser. Não há tempo para discussões. Eu conheço um caminho secreto e subterrâneo para o templo dos solares perto daqui. Vou distraí-los e abrir uma passagem para vocês. Não olhem para trás, apenas corram para a cidade.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Você não vai conseguir dar conta de todos eles, Guron! – Exasperou-se Tanandriel. – Deixe-me ir com você!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Tanandriel! – Interrompeu Guron, com o tom mais autoritário que conseguia. – Sei que ainda não passamos pelas cerimônias, mas você já é parte da família para mim. Por favor, vá com meus pais e proteja meu irmão até que eu volte, não vou demorar.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Então, apressados pelo grupo que vinha atrás deles e sem nenhuma outra opção eles concordaram com Guron. O elfo correu em direção ao grupo de monstros que estavam em seu caminho e começou a lutar. Tanandriel repetia seu encantamento conseguindo mais algum tempo com os seus perseguidores. Guron era ágil e conseguia evitar a maioria dos ataques, mas seu braço tinha sido atingido fundo por uma das criaturas e ele não conseguia revidar direito. Seu objetivo, entretanto, havia sido alcançado, as criaturas estavam tão irritadas por não conseguirem trucidar aquela criatura frágil que se lançavam num combate cego, abrindo um espaço largo o suficiente para que os demais passassem enquanto o monge lutava.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- AGORA! VÃO! ENCONTRO COM VOCÊS LÁ DENTRO!</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">O grupo conseguiu passar tranquilamente, mas uma das criaturas arremessara uma pedra que atingira a mãe de Guron no calcanhar, fazendo com que o bebê caísse no chão. O pai pegou a criança e correu para levantar sua companheira. Aproveitando-se do atraso dos elfos dois reptilianos corriam num frenesi sanguinário em direção a eles e teriam certamente alcançado a mãe de Guron não fosse por Tanandriel. Com uma voz que ecoou assustadoramente ela pronunciou seus encantamentos e um jato de chamas rompeu de suas mãos. Os répteis tiveram seus olhos queimados e se contorciam no chão. Eles estavam salvos e sob a proteção dos arqueiros.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Aliviado pela segurança de seus queridos o elfo permitiu-se um breve sorriso e a dor vinda de seu calcanhar atingido pela cauda de uma das criaturas não o incomodava. Era hora de tentar sobreviver. Ele não conhecia passagem secreta alguma. Não tinha planos quando pensou em salvar sua família, apenas queria vê-los em segurança, nem que para isso precisasse se sacrificar. Agora, porém, pensava que talvez pudesse sobreviver. Ele era muito mais rápido que as criaturas, era preciso apenas de uma brecha na roda que o cercava.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Com um corte transverso e profundo em seu antebraço esquerdo ele conseguiu escapar por entre as pernas dos monstros. Teve sorte, mas não tanta. O caminho para a cidade estava definitivamente bloqueado e o único lugar que parecia livre para que corresse era em direção aos lagos. Não tinha opção, talvez se conseguisse uma boa distância as criaturas desistissem de persegui-lo e pudesse mudar sua rota.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Não foi o que aconteceu. Como se a fúria as tivesse deixado mais ágeis as criaturas o seguiam a uma distância constante. Por sorte não havia mais criaturas surgindo de dentro dos lagos, o eclipse começava a passar. Correu o máximo que pode margeando os lagos até que penetrou em uma neblina espessa. Podia ouvir ainda os passos pesados das criaturas o seguindo e fugiu. Não conseguiu acreditar que falhara em ouvir a criatura que o pegara desprevenido. Surgindo a sua frente, um dos reptilianos lhe derrubara com um soco na face. E novamente ele estava cercado. Ele, as névoas e as brumas.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">- Em momento algum de minha existência após a morte eu me arrependerei do meu sacrifício, mas até que as suas vidas tenham fim, vocês se arrependerão desta luta.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Os reptilianos pareciam ter alguma inteligência e talvez tivessem entendido as palavras do elfo, pois um sibilo que lembrava vagamente uma gargalhada ecoou de suas gargantas.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Com um movimento único ele arremessou a bainha de sua espada na face de uma das criaturas e cortou a mais próxima. Para qualquer observador neutro pareceria que o elfo dançava enquanto lutava, esquivando-se dos golpes brutos e lentos e cortando membros e fazendo com que tripas fossem expelidas, tamanha a precisão e profundidade de seus cortes. Mesmo quando lhe tomaram a espada ele continuou a lutar tão graciosa e ferozmente quanto antes. Seus punhos acertavam juntas e nucas e seus dedos penetravam garganta e costelas como se fossem afiados. Seu corpo estava banhado de sangue e ele sequer percebia que uma névoa o envolvia e condensava-se, protegendo-o dos golpes que deviam encerrar sua luta.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Quando o combate teve fim ele ainda estava de pé, mas sabia que morreria. O sangue jorrava de suas feridas misturando-se com o líquido fétido que jorrara das criaturas em seu corpo. Ele cambaleou para o sul e por mais de uma vez sentiu que seu espírito tentava abandonar o corpo. Só conseguia sentir gratidão por seus entes queridos não tivessem que compartilhar o mesmo destino. Mas alguma coisa passava a ocupar seu coração juntamente com toda aquela gratidão, pois não há bondade suprema fora dos céus. Estava instalada a semente da vingança e sem mesmo que conscientemente soubesse, ele lamentava ter que morrer sem que fizesse que Khalidyr pagasse por seu crime. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Então em um último suspiro lembrou-se de seus pais, Tanandriel e de seu irmão. E tombou com um sorriso na face.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: Calibri;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: FangSong;">Neblus<o:p></o:p></span></b></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Havia duas semanas que Columba estava sentado em meio à névoa. Mesmo acostumado com o jejum e com o pouco sono, seu corpo havia cruzado seu limite. Ao menos começava a acreditar que a lenda de monstros que habitavam a névoa era apenas uma lenda. Sabia que provavelmente não teria forças para voltar mesmo que soubesse o caminho e ainda assim, permaneceu sentado, rezando pela proteção de Ezra.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Então ouviu o barulho de algo caindo. Abrindo os olhos e cessando suas orações andou curioso em direção ao barulho. Pensou que talvez fosse uma criatura que daria um fim a sua vida. No entanto, o que viu lhe cessou os movimentos. Um jovem elfo loiro, com o corpo e as feições de um homem pouco mais velho que um adolescente estava caído e ensanguentado. Em sua mão direita uma espada longa de prata adornada com folhas de beladona de prata. Aquilo com certeza era um sinal de Ezra. As lágrimas surgiram nos olhos de Columba e ele percebeu que faltava algo para o símbolo ficar completo. Se o jovem carregasse um escudo de corpo de alabrasto seria óbvio demais, talvez Ezra gostasse de ser sutil. Foi então que Columba viu a figura como um todo. Ele próprio era o escudo. Era sua função proteger e cuidar daquele menino vindo das brumas. Retomado e fortalecido pela renovação de sua fé, Columba despejou a benção de Ezra sobre o corpo do estranho, rogando para que ainda houvesse alguma vida em seu corpo. Tratou das feridas e as curou magicamente. O elfo ainda estava desacordado, mas Columba tinha agora forças o suficiente para carregá-lo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron acordou em um quarto feio e de concreto, mais parecia uma prisão. Ao seu lado um homem dormia sentado em uma cadeira.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Guron e Columba conversaram por horas e quando o frade percebeu que Guron havia feito um sacrifício por outros, assim como sua deusa fizera por toda a humanidade ao entregar sua mortalidade às brumas, ele disse que Guron fora salvo por ela. Mais de uma vez Guron tentou retornar a sua terra natal pelo caminho de onde viera, mas as brumas pareciam uma espécie de labirinto mágico sem paredes. Não tardou para que Guron começasse a acreditar nas idéias de Columba, faziam muito sentido e ele tivera uma prova pessoal dos poderes de Ezra. Ao que o frade contara este mundo era um antagônico do seu e que precisava de luz. Guron achou um exagero da parte de Columba quando ele lhe confessou acreditar que Guron fora trazido por Ezra para desempenhar algum papel importante em Ravenloft, mas não se recusou a realizar pequenas missões pela igreja.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Alguns anos se passaram e os dois tornaram-se bons amigos. Este mundo ainda era um lugar estranho para Guron, mas Columba lhe ensinara tudo o que sabia. Até que então, o tempo levou Columba daquela terra.</span></div><span style="font-family: Calibri, sans-serif;">Tomado pelo desejo mútuo de espalhar o bem de Ezra pelo mundo, dando continuidade a vontade de seu mentor humano, trazendo “luz” para este mundo e de encontrar algum meio de retornar a Celanil, Guron partiu em peregrinação por Ravenloft.</span>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-34583473909024281852010-09-19T17:05:00.001-07:002011-06-01T13:09:54.601-07:00Olaf, o rei viking<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif1Tt1U0NO1Y6__WdUjC6Poi5tFTFvVe1nBluljP1OWvoH3owdSSyaZolx2yG4D9j8gcdL8yEqg4gZPqZFqvK5BQGYai03M2YizdjH3Em43oeQI_58EXMFE5E5V7m0sqT3L_wLzuVvKw/s1600/Shadow_Of_The_Geats_by_MissTake1989.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5538515883957473106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEif1Tt1U0NO1Y6__WdUjC6Poi5tFTFvVe1nBluljP1OWvoH3owdSSyaZolx2yG4D9j8gcdL8yEqg4gZPqZFqvK5BQGYai03M2YizdjH3Em43oeQI_58EXMFE5E5V7m0sqT3L_wLzuVvKw/s320/Shadow_Of_The_Geats_by_MissTake1989.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 301px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 455px;" /></a><br />
<div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiztj9qiDCaCD7wWYfLxY7qtAOU_qylJJW2s2nOzlfDjMPjdFiyiu0Hfj6mcTfaWBBw0aN4rNXzoRM7-5_J-0FMKFPsjuGPCFRAoh0LkKu1gQOWsrFRtOJmZNT4wuTxEQrB5b8wlx196Q/s1600/My_Drakkar_Wainting_____by_SHUME_1.jpg"></a><br />
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Assim como o <i>Brumas</i>, este conto foi feito para ser o histórico de um personagem. Desta vez a ambientação é para Vampiro, O Réquiem. E, também como o Brumas, eu gastei mais tempo fazendo o conto do que jogando (acho que deve ser algum tipo de maldição, meu próximo personagem vai se resumir à uma página, fato.), dessa vez pelo menos foram umas três sessões de história.<br />
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<a name='more'></a><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">O vento gélido impunha seus rigores sobre a face do homem, a única parte de seu corpo que não estava protegida pela grossa camada de pele de lobos negros. Contudo, suas feições não demonstravam qualquer incômodo, apenas continham um ar feroz. Na verdade, o homem na proa da embarcação que liderava toda a frota encarava o horizonte como se desafiasse qualquer tempestade a se aproximar.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Na frente de cada barco, jazia a carranca de Jormungard, o filho monstruoso de Loki banido de Asgard. Não que aquilo representasse uma adoração, mas a prisão decretada por Odin à fera era o mar. A serpente que crescera tanto que seria capaz de dar a voltar ao mundo e morder o próprio rabo poderia acabar com os planos do rei com um simples movimento, não seria sábio adentrar seu território sem demonstrar o devido respeito.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ao longo da drakkar homens musculosos remavam em uma fileira dupla na cadência dos tambores. O impulso avançava a embarcação no mar ondulante por entre os detritos de gelo, compensando a inutilidade da vela diante do vento contrário à sua destinação.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Dias se passaram até que os vikings aportaram em uma remota ilha. A ilha de Lindisfarne não seria um grande desafio. A ocupação da praia não custou nem mesmo uma vida no lado de seus futuros donos. Os guerreiros levantaram acampamento e descansaram durante a tarde. Atacariam sob o manto da noite, quando o medo nos corações daqueles bretões patéticos tivesse atingido o auge.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Como de costume, o druida não tardou a invocar os espíritos para que auxiliassem seus irmãos. Mas aquela não seria uma invasão como as outras, onde a fúria desmedida daqueles bárbaros garantia uma violência sem igual. Aquela noite seria diferente. Eles poderiam até vencer seus inimigos, mas aquele ataque não contaria com a selvageria de sempre, pois algo abalou a moral de todos.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Os longos rituais druídicos prosseguiam até o anoitecer. Cânticos druídicos eram entoados enquanto o ancião continuava com sua dança espiritual até que seus ossos não agüentassem mais, e talvez um pouco mais depois. Os homens já não prestavam tanta atenção ao sábio quando o sol havia abandonado completamente a terra encoberta pela neve. O que fez com que todos parassem para observar o homem não foi a preocupação de que a neve pudesse queimar seu rosto quando ele caiu e permaneceu no chão, foi a interrupção de seus cânticos que preocupou até mesmo Olaf e Brenda, os reis guerreiros.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Não havia presságio pior do que a interrupção dos cânticos pelo cansaço do druida. Pelo menos era o que se pensava. Com um surto de energia o xamã levantou-se da neve. Seus olhos em pânico direcionado para as montanhas faziam com que os guerreiros se afastassem da roda humana que agora o cercava. Seu queixo tremeu e ele gaguejou. Suas pernas revelavam que ele ainda tinha muita energia enquanto corria até seu rei. Era desconcertante ver o ancião correndo e tropeçando como uma criança.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Me… me… meu rei - Gaguejou debilmente o xamã.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Fale como o homem que você é Nilathak. - Trovejou Olaf. - Bebês gaguejam, você é o druida desta gente, e vai falar o que viu com coragem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Essa ilha… temos que sair… agora senhor… AGORA.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Não ouse dar ordens para mim, velho. - O viking puxara o casaco de seu conselheiro descontrolado levantando-o até que pudessem ter a mesma altura. - Não há nada nessa ilha que vá me fazer fugir, nem a nenhum de meus homens e certamente nem a você. Agora se acalme e me diga o que você viu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Holda meu rei! Holda! Ela vive nessa ilha e tem um acordo com essa gente. - E sussurrou a última parte para que apenas Olaf pudesse ouvir. - Todos aqui vão morrer, eu já vi!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Olaf largou o homem que caiu desengonçado no chão. Seus guerreiros e sua rainha o olhavam. Atentos e ansiosos por uma decisão.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ele encarou a cidade. Algumas milhas adiante tochas indicavam onde a população se reunira, onde estavam os suprimentos que ele deveria conquistar. Alguns passos atrás estavam seus guerreiros, a um passo de perder a coragem. Então ele se decidiu e anunciou com a voz trovejante.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">-Se a senhora das bruxas resolveu proteger essa escória eu tenho muita pena dessa puta! Tenho pena, pois essa noite ela está no caminho do meu machado! No caminho de suas espadas! E no caminho dos nossos falos! Está noite Odin terá orgulho de suas crias e meus guerreiros vão provar do sexo de uma bruxa!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Estava feito. Os guerreiros tinham um pouco de sua coragem de volta e foi pelo temor de que ela se esvaísse que Olaf ordenou o ataque mais cedo do que de costume.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A brutalidade sanguinolenta era pior do que a costumeira. Braços eram separados de seus corpos e cabeças eram esmigalhadas por machados. Vikings e Bretões morriam e matavam. Lado a lado Brenda e Olaf lutavam e banhavam-se no sangue de seus inimigos. Mais do que uma manobra para aumentar a moral da tropa, aquilo fazia parte de sua cultura. Seu povo não tinha reis e rainhas fracos. Qualquer um poderia ser rei, bastava desafiar o rei anterior e vencer todos os outros pretendentes. A batalha pelo título muitas vezes acabava em morte e somente os melhores se atreviam. Olaf era rei desde os dezesseis anos e nunca perdera um duelo. Sua rainha também se distinguia das outras. Ela não era fruto de um acordo político tampouco era a aldeã mais bonita e escolhida pelo rei. Ela deveria, assim como seu rei, conquistar seu título da mesma forma. Ela poderia ser bem mais fraca que Olaf, mas era a mulher mais forte de seu povo. Assim era feita a política na terra dos povos guerreiros, a consagração da lei natural, a lei do mais forte</span><br />
<br />
</div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">E ali no campo de batalha Olaf e Brenda trocavam suas maiores declarações de amor. Uma machadada na coluna desferida por Olaf e uma sequência de perfurações feita pelas adagas de Brenda salvavam constantemente a vida um do outro. Essa era a melhor forma de demonstrar sua paixão. Olaf poderia estuprar as mulheres conquistadas juntamente com seus guerreiros, mas ele só sacrificaria sua vida por Brenda.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">No entanto, não havia romantismo para quem olhasse o combate de qualquer outro ângulo. Tomados pelo medo das bruxas os homens não deixavam sobreviventes, mulheres e crianças eram perseguidas e assassinadas com a mesma voracidade mesmo quando não havia mais inimigos.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">O resultado da batalha era óbvio, os vikings haviam subjugado outra cidade e poucos deles haviam morrido. Olaf procurou por inimigos e só encontrou o resto da chacina contra os indefesos ao longo da cidade. Então Brenda correu em direção à igreja da cidade. Julgando pela sua velocidade e desespero Olaf considerou que deveria haver algum tipo de resistência ali dentro. Tentou acompanhá-la, mas ela, que sempre foi mais rápida do que ele, entrou na igreja muito antes.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A ausência de gritos de batalha no interior da igreja desesperou o rei guerreiro. E o desespero deu lugar à confusão. Três corpos sob uma poça generosa de sangue, seus homens haviam sucumbido sem trazer nenhum corpo inimigo ao chão. Olaf pressentiu uma armadilha e analisou o cômodo enquanto diminuía o ritmo de seus passos. As adagas de sua esposa estavam largadas no chão. Sua mente começava a fraquejar diante da possibilidade de tê-la perdido e seus punhos agarravam o machado com mais força do que o necessário. Uma voz feminina e majestosa ecoou pelo salão.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Então você achou que era uma boa idéia atacar e pilhar uma vila de meros fazendeiros.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Era difícil identificar a origem da voz, parecia vir de todo lugar e de lugar nenhum.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Uma boa oportunidade para estuprar mulheres e escravizar crianças.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Em um rompante Olaf investiu contra o palanque largo onde eram realizados os cultos, a voz certamente vinha de trás daquilo. Com um golpe estraçalhou a mobília e viu que se enganara.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Sabe, eu tinha um acordo com esta gente. É difícil se alimentar em um lugar tão hostil como esse, pouca densidade populacional… e é difícil não matá-los quando eles resistem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Me enfrente bruxa! - Rugiu o viking. - Tente a sorte com quem não tem medo de você!<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ela continuou como se ele nada tivesse dito.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Então eu tentei uma tática diferente. Eles me alimentariam de bom grado e eu garantiria que eles não morressem.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Mas eles morreram, puta covarde! Assim como você morrerá quando cansar de se esconder. - O homem desistira de procurar a voz, sabia que ela iria atacá-lo a qualquer tempo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Sim eles morreram, pois assim eu permiti. Fazia tempo que não me alimentava sem freios. Hoje eu poderei fazer isso sem o menor arrependimento. Sangue saudável de homens fortes e valentes. Vai ser uma verdadeira orgia.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Dito isso, a voz foi substituída por uma risada que faria qualquer homem desejar que a realidade não passasse de um sonho, que pudesse acordar e continuar a temer na segurança de seu lar.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Olaf pode ouvir a direção daquele som macabro. Ela estava atrás dele. Não conseguiu distinguir se ela possuía a velocidade demoníaca que os olhos não acompanham ou se conseguia controlar sua mente fazendo-o ignorar sua presença.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ela era uma mulher franzina e pequena. Seus longos cabelos negros contrastavam com sua pele cor de neve. Suas roupas não passavam de um pano fino caído sobre o corpo, a indecência de seus trajes indicava que ela deveria morrer congelada se saísse da igreja. Apesar de aparentar fragilidade ela trazia a viking mais forte que Olaf conhecia ajoelhada a sua frente. Brenda estava pálida e inconsciente. A jovem apertou seus dedos na nuca de sua vítima e sentenciou:<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Eu gostava dessa gente. Eles eram minha propriedade e eu sinto que você é o responsável por isso. Eu tentei dar uma chance a todos, avisei o seu oráculo e até considerei evitar a chacina. Você preferiu ignorá-lo e incitou seus homens para a morte. Eu vou me divertir torturando cada um de vocês esta noite.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Com a velocidade de um piscar de olhos Brenda foi arremessada na parede da igreja. Sem o corpo de sua rainha impedindo sua investida Olaf entregou-se a fúria cega.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">O primeiro golpe sequer a tocou. Era como um fantasma se esquivando. O segundo foi contido, a bruxa segurou o cabo de seu machado detendo o poderoso impulso do viking.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Você é fraco, não há na…<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Uma cabeçada conseguiu acertar a testa da mulher. Muitos homens desmaiariam com aquela pancada. Olaf estava enfurecido demais para perceber que não causara danos físicos e sim psicológicos. A garota estava aturdida pelo fato de ter sido tocada, como se há muito ninguém conseguisse tal feito.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A lâmina pesada e veloz impedia que ela continuasse sua perplexidade. Cada golpe parecia mais certeiro. Ela não estava acuada nem sequer ameaçada, mas aquele era sem dúvida um combatente excepcional. <o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Como um raio a menina se distanciou do combate e, alcançando a porta, o encarou. Os olhos semicerrados com um misto de raiva e curiosidade. Olaf arremessou seu machado em uma tentativa inútil, a bruxa esquivou-se com facilidade.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Eu tenho um destino melhor para você. O que não quer dizer que você não pagará pela minha perda.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">No instante seguinte Olaf estava ajoelhado no chão. Ela havia quebrado seus dois braços sem que ele pudesse acompanhar os golpes. Uma de suas mãos o empurrava para baixo e a outra afastava sua cabeça.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">O corpo do rei jazia no chão da igreja sem nem mais uma gota de sangue nas veias.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A bruxa cortou seu pulso e deixou que seu próprio sangue escorresse na boca de Olaf.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Você mesmo se encarregará da minha vingança, vai ser interessante ver que tipo de monstro você vai ser.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A bruxa desapareceu após ter fechado o ferimento no pescoço de Olaf com uma carícia de sua língua.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Segundos depois alguns guerreiros vikings entraram na igreja e encontraram seu rei ajoelhado encarando o chão enquanto respirava rapidamente. Havia um ar animalesco nele. Esta era a última coisa que aqueles guerreiros pensariam.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Com a fúria demente e amaldiçoada que tomou o domínio do corpo de Olaf todos os humanos da ilha encontraram a morte na mesma noite. Quando Olaf voltou a si estava diante de centenas de corpos espalhados na neve. Lembrou-se das atrocidades que cometera e entrou em pânico. Talvez tivesse enlouquecido não fosse a preocupação maior que brotara repentinamente em sua mente: Brenda.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ele não sabia se ela estava morta. Não se lembrava de tê-la assassinado em seu frenesi por sangue e não tinha a menor idéia se ela estava viva antes que o combate com a bruxa começasse.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Quando chegou à igreja encontrou o corpo de sua mulher no mesmo lugar em que tinha sido arremessada. Não havia pulsação em seu pescoço e seu corpo estava gélido como um cadáver. Em uma ação desesperada e intuitiva sangrou seu próprio braço com dentes que acabara de descobrir como letais. O sangue jorrou e transbordou na boca de Brenda. Olaf não sabia se aquilo tinha de fato alguma lógica, só queria poder salvar sua esposa. Queria poder fazer mais esta declaração de amor.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Brenda não se mexeu naquela noite, sem dúvida era um cadáver. Olaf prepararia um funeral digno do posto de sua rainha. Um de seus barcos levaria seu corpo e suas adagas para a outra vida. O mar pegaria fogo aquela noite enquanto seu espírito se juntaria aos deuses. Pelo menos era o que ele pensava em fazer. Com o surgimento do sol, Olaf começou a sentir a agonia em sua pele. Com velocidade e medo sobrenaturais ele fugiu para uma caverna escura e desmaiou durante um dia inteiro.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ao anoitecer do dia seguinte Olaf tentava entender sua nova condição. Sua pele era fria, ele não sentia fome depois de um dia inteiro sem comer e ainda assim sentia-se mais forte do que de costume. Havia algo dentro dele, algum tipo de fera esperando um momento de fraqueza para assumir o controle de seu corpo e sua mente. A bruxa havia transformado-o em algum tipo de demônio viciado em sangue, os cadáveres secos de seus companheiros estavam espalhados a algumas milhas para provar.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Lembrou-se de Brenda, incapaz de alcançar Valhalla enquanto seu corpo não fosse cremado e correu para a cidade. Apenas corpos bretões espalhados pela neve, nenhum viking. Sua vista, que estava mais aguçada desde sua transformação, alcançou pequenas fogueiras na praia e alguns barcos pegando fogo. Alguns sobreviventes estavam encarregando-se dos funerais.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Quando se aproximou o suficiente para distinguir as feições de seus súditos sem que fosse notado percebeu o cheiro de carne queimada. Estava acostumado com aquele cheiro, mas desta vez havia algo de diferente. O cheiro ferroso de sangue no ar o atiçava para o combate e a imagem do fogo vista mais de perto lhe causava pânico. Ele estava começando a perder o controle.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Com o pouco de força de vontade que lhe restara, fugiu para sua caverna e lá permaneceu. Ficou isolado por oito dias e oito noites, quando a fome finalmente lhe venceu. Com a mente de um predador correu pela noite em busca de sangue humano. Seus companheiros haviam deixado a praia e os suprimentos remanescentes lhe eram tão apetitosos quanto uma rocha. Percorreu toda a extensão da ilha sem encontrar um humano sequer.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A noite tornava-se menos escura a cada momento. Tomado pelo frenesi achou ter ouvido uma voz humana. Quando voltou a si havia sugado um javali até a morte. Não tinha mais dúvidas, era uma fera.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Décadas se passaram sem que o corpo de Olaf definhasse. Quando sentia fome se alimentava da vida de animais. Quando acabaram os animais da ilha, começou a caçar no mar. Cada vez mais um animal. Cada vez menos um humano.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Olaf percebeu sua consciência se esvaindo e em determinado ponto decidiu resistir à fome nem que isso o matasse. Dentro da caverna onde costumava se esconder do sol que lhe queimava o corpo cavou até os ossos de seus dedos ficarem expostos. Quando achou que não conseguiria sair facilmente começou a socar as paredes o mais forte que podia. Começava a sentir-se exausto e quando o desmoronamento finalmente aconteceu, não teve forças para se erguer.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Séculos se passaram e Olaf permaneceu em seu torpor.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Uma grande explosão chamou a atenção de Olaf. Ele estava em um dos raros momentos de consciência, quando acordava e a fome acumulada pelos séculos o fazia desmaiar no final da noite por mais muitos anos.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Sentiu o tremor nas pedras que o soterravam, algo estava acontecendo. Mesmo com prováveis toneladas separando-o da superfície sentiu novamente aquele cheiro. Cheiro de fumaça combinado com algo mais. Algo ferroso.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Possesso pela possibilidade de sentir o gosto do sangue novamente reuniu o máximo de forças que tinha. As pedras não se moviam apesar de seus esforços. A fera que o habitava queria rasgar seu peito e atravessar como um espírito demoníaco as rochas. E foi de fato o que aconteceu.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Como um demônio fantasma seu corpo se fundiu às rochas e ele tornou a superfície. Deveria estar no reino de Hel, a deusa da morte. A terra que ele conhecia não era mais a mesma. Troncos finos de ferro iluminavam o lugar com algum tipo de fogo controlado. Havia construções estranhas e uma delas estava em chamas. Humanos corriam amedrontados nas ruas fugindo para todos os lugares. Um deles fugiu para as montanhas e trouxe vida para Olaf.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A fera interior o chamou atenção para alguns humanos em específico. Eles eram rápidos e fortes. Saltavam como gafanhotos e se alimentavam de outros humanos.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Tomado pelo pensamento de que aquelas criaturas eram crias da bruxa responsável pela sua tortura secular Olaf cedeu a sua antiga fúria. Não como um demônio descontrolado, não como um viking invasor, mas como uma sincronia perfeita dos dois. Era a primeira vez que humano e fera entendiam-se.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Três das criaturas já estavam mortas e uma havia sido sugada quando as demais pararam de gerar o caos aleatório e se voltaram contra o viking que mais parecia um homem das cavernas.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">A luta estava desigual e Olaf certamente seria derrotado quando eles chegaram. Criaturas bestiais trajando couro negro uniformizado. Eram rápidos e mortais. Com adagas despedaçavam rapidamente a maioria dos descendentes da bruxa. Algumas das criaturas bestiais carregavam estacas de madeira que eram rapidamente cravejadas no peito dos inimigos que davam mais trabalho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Os inimigos de Olaf foram rapidamente substituídos e o rei viking conseguiu manter a luta por certo tempo, até virem as estacas. As adagas não pareciam causar muito dano, mas bastou um golpe de estaca no seu peito e tudo se apagou.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;"></span> </div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Um pano negro encobria sua cabeça e impedia sua visão. Três pares de mãos seguravam cada um de seus braços levantados e o outro o forçava a permanecer de joelhos. Os homens e uma mulher conversavam em um idioma estranho. A conversa era interrompida e começava o barulho de pernas se debatendo no chão. Aquilo se repetiu duas vezes até que o capuz lhe fosse removido. Sua cabeça era mantida abaixada e ele podia ver que o piso do lugar era feito de uma pedra polida de beleza rara. Havia uma iluminação fraquíssima no lugar, mas sem a ondulação luminosa que as tochas causavam, deveria ser magia, pois ele não conseguia ficar acordado enquanto havia luz do dia.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Os homens começaram seus diálogos incompreensíveis e então o levantaram. Estavam em um cômodo espaçoso e simultaneamente simples e luxuoso. Não fossem as pessoas em trajes negros capazes de amedrontar sua fera interior com um mero olhar, o local pareceria com os mosteiros que Olaf pilhava em sua outra vida.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Ele foi conduzido até um dos encapuzados que se dispunham lado a lado em uma fila. À esquerda três homens sem o capuz traziam sangue em seus maxilares e corpos sem vida em seus pés. À sua direita mais três homens cujos rostos o capuz escondia esperavam sua vez. O homem à sua frente retirou o capuz e ambos se encararam. O choque foi mútuo.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Olaf perdera todo medo ou ódio. À sua frente uma mulher branca como a neve e cabelos loiros em uma trança única. Em um movimento suave ela soltou o nó que prendia seu manto negro, uma adaga perfeita em cada mão. Falou algo que Olaf não compreendeu e todos os outros a encararam. E então falou em uma língua que Olaf usava em outra vida.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Olaf? É você, meu rei?<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">O viking não conseguia falar. Talvez fosse pelos séculos sem exercitar suas cordas vocais, talvez pela desconfiança de que tudo não passasse de mais uma piada infernal de Loki ou talvez porque nada precisava ser dito.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Brenda? - Os olhos do predador continuavam desconfiados, mas ele não parecia mais notar que havia outros seres na sala.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Brenda explicou para Olaf dos planos de Holda, de como a bruxa impediu que ela controlasse o próprio corpo quando Olaf a trouxe de volta a vida, de como ela se tornou o animal de estimação da senhora das bruxas por séculos e de como ela conseguiu traí-la sugando seu espírito para dentro de si. Contou sobre o que eram os vampiros e situou o viking no mundo atual. <o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">Brenda era uma das líderes de uma facção conhecida como “VII” que praticava a diablerie em outros vampiros, o beijo que sugava a alma transferindo os poderes vampíricos. A organização a qual Olaf seria obrigado a se filiar, pois já sabia demais. A conversa durou anos e com a ajuda de sua rainha, Olaf lembrou-se de quem era.<o:p></o:p></span></div><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- E quem é o rei? - Perguntou Olaf, sua expressão era séria.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Isso não faz diferença, se você não fizer parte disto será considerado um inimigo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Acredite, a idéia desta sua coligação me atrai mesmo que eu não a conheça muito bem, mas eu sou Olaf Hardrada, não vou me curvar aos caprichos de quem eu sequer conheço apenas por medo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Você não tem a mínima chance Olaf, nada é como antes agora. O poder individual ainda conta muito, mas nós agimos como um grupo agora.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Todo grupo tem um líder, Brenda. Sempre vai ser assim.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Você não conseguiria sequer me atingir, Olaf. Engula seu orgulho.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">- Então eu não seria o homem que você conheceu.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">* * *<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><o:p><span style="font-family: georgia;"></span></o:p></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; tab-stops: 45.0pt 151.9pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span style="font-family: georgia;">E assim Olaf fugiu da Escandinávia com a ajuda de Brenda. Agora o viking procura meios de conquistar tudo o que perdeu em muitos séculos. O mundo sempre foi dos mais fortes, não importa quantos séculos passassem, esta sempre seria a verdade.<o:p></o:p></span></div></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-22884557482809529862010-08-28T12:25:00.000-07:002011-05-31T11:07:02.889-07:003 no sonho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLRtoAzES_LdN_YLJxiWEWM_rAceB4u007IbMdFxqmFuEd1ZvoXZHBa_28wwwc8daxk1uYy-paKYKt-E6XQZla8jRqo_i3bu32IEtqOTeKBtfyLg2PZOYpecKuOhmA2KJCNeGzFmEB6g/s1600/794fcb37951b585defc56396134ba096.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLRtoAzES_LdN_YLJxiWEWM_rAceB4u007IbMdFxqmFuEd1ZvoXZHBa_28wwwc8daxk1uYy-paKYKt-E6XQZla8jRqo_i3bu32IEtqOTeKBtfyLg2PZOYpecKuOhmA2KJCNeGzFmEB6g/s400/794fcb37951b585defc56396134ba096.jpg" width="262" /></a></div><br />
Seguindo a linha do 24 de Maio de 2010, eu escrevi este texto da mesma forma, quase sonâmbulo. Talvez ele fique confuso pra qualquer pessoa que não eu mesmo e Ellen, a homenageada no texto (e ainda assim deve ser só porque eu expliquei). De qualquer forma o texto se deu baseado na saudade que as férias da faculdade podem causar, daí eu considerar ele uma homenagem.<br />
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<a name='more'></a><br />
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<div style="text-align: center;">* * *</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Como de costume eu voltava caminhando pelos paralelepípedos. Era noite e eu voltava para minha casa, para minha cama. Eu tinha a agilidade calma e criminosa de sempre e via alguns de meus amigos dormindo e se preparando para dormir, eles não me viam.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Vi poucas pessoas hoje, alguns amigos novos que sequer me reconheceram, mas foi em uma amiga de alguns anos que me detive. Ela dormia calma e tinha uma expressão tão feliz no rosto que me provocou o riso suave. Não me contive. Saí de meu caminho quando percebi que ela escutara meus passos e se mexia em seu sono. Pus-me a observar de perto. Como de se esperar entre dois felinos, o ágil e silencioso e o perceptivo ao som, nós nos cheiramos antes de falarmos. Não sensual, não humanamente. Como dois gatos caseiros mesmo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">- o que faz aqui? - ela perguntava ainda acordando.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">- estava voltando, mas achei graça de ti dormindo. - respondi com um sorriso calmo.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Ela riu sua risada gostosa de sempre e ele teve ainda mais sono.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">- vou dar uma parada aqui antes de voltar. Pode ser? - perguntei enquanto ela se sentava de pernas cruzadas e eu me curvava preparando para deitar minha cabeça em sua perna.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Ela apenas tinha sua risada gostosa e calma.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">E como se tivessem combinado ela passou de amiga e gato para cantora. Num tom suave e melódico. Como se essa noite eu fizesse um movimento louco dentro de meu sonho.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">---</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Em alguns instantes eu acho que adormeci, pois sua face mudou ligeiramente para outra pessoa como costuma acontecer nos sonhos. E eu tomei a estranha decisão de ir à cozinha buscar água, uma decisão sem sentido como somente o caos dos sonhos sem sentido consegue providenciar. E então tudo teve fim.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><o:p><span style="font-family: 'Times New Roman';"></span></o:p></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">Mas como era gostosa sua canção.</span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-38981017564170632022010-05-24T08:59:00.003-07:002011-05-31T19:10:55.223-07:0024 de maio de 2010<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijveQDC8lFU1BWhX0u63DnoRIx7CSUCACSgTSU2h3bKesnlf6OtxqKLCXKTYCUW3XskMPWnfu9NGsyg2ScdV6lYBGoNBd4Dx-qGpgGSZ_OQ1VZd5sDbHGd0HR4wChJXyRUSJs2paDpHQ/s1600/54428af7c4769dcbbbdeca2877adaa55.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijveQDC8lFU1BWhX0u63DnoRIx7CSUCACSgTSU2h3bKesnlf6OtxqKLCXKTYCUW3XskMPWnfu9NGsyg2ScdV6lYBGoNBd4Dx-qGpgGSZ_OQ1VZd5sDbHGd0HR4wChJXyRUSJs2paDpHQ/s400/54428af7c4769dcbbbdeca2877adaa55.jpg" width="266" /></a></div><br />
Tive um sonho tão estranho e perturbador que assim que acordei tive que colocá-lo no papel. A história praticamente se escreveu sozinha, uma vez que eu estava praticamente sonâmbulo.<br />
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<div style="text-align: center;">* * *</div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Indignados com a teoria, eles conversavam e planejavam afobadamente seu plano enquanto o elevador descia. Eu não conseguia prestar atenção na conversa, estava muito nervoso para isso.Com a chegada do elevador ao seu destino teve início o que parecia um plano sem elaboração alguma. Talvez fosse a falta de tempo ou mesmo nossa imaturidade, não fazia diferença agora, tínhamos que agir.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Aquilo parecia algum tipo de complexo científico, o chão era branco e brilhante como em um hospital de luxo e os nossos passos apressados ecoavam no silêncio </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri;">claustrofóbico</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Calibri;">. Procuravamos por algo que eu não me lembro o que era, mas seja lá o que fosse era importante. Em um instante de distração, não percebi que eles começavam a correr. Não entendia direito porque fazíamos isso. Estávamos visivelmente chamando a atenção, todos olhavam para os quatro loucos que começavam a correr dentro do complexo. Eu estava tão atordoado que acabei por virar em um corredor que meus companheiros não tinham virado. Deus! Por que eu estava assim? Fiz meia volta e eles já estavam alguns metros a minha frente, resolvi mudar os planos. Eles chamavam atenção demais para si. Eu iria na retaguarda, aproveitando que todos olhavam para os três insanos correndo, e conseguiria andar sem chamar a atenção. Chegava perto da sala onde eles tinham acabado de entrar, agora a minha idéia começava a me parecer boa. Se eles fossem pegos, o que parecia inevitável dado o alvoroço que criaram, eu ainda estaria sob meu disfarce, sustentando uma face impassível como todas as outras ali.</span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Foi tudo rápido demais. <o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Rafael, um de meus amigos que não estava na correria e na nossa tentativa de execução do plano, saiu da sala estranhamente calmo. Eu suspeitava que sua calma fosse controlada para não chamar a atenção dos outros que agora corriam em grande número para a sala onde os afobados entraram. Calmamente ele veio em minha direção. Seus olhos diziam “não fuja, é sua ultima chance” e eu fiquei parado com a cara estampando minha confusão. Se aproximou com um sorriso tranqüilizador que me deixou ainda mais confuso, e colou algo em minhas costas, algo que não consegui ver o que era.<o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">No momento seguinte dois homens de branco o puxavam pelas costas, mas ele mantia os olhos fixos em mim e um sorriso de quem acabara de ser vitorioso. Eu não entendi nada, mas não tinha tempo para tentar entender. No momento seguinte um homem caminhava em minha direção. Em sua mão uma injeção longa e afiada. Aquilo me despertou um pânico que eu nem sabia ser capaz de sentir. <o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Ele tentou cravejá-la no meu coração e eu desviei com um tapa em seu pulso, um golpe de dentro para fora.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;"></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Ele tentou de novo atingir meu peito e eu utilizei a outra mão. O mesmo movimento. Um movimento limpo e ágil. Aquilo me surpreendia, quão ágil eu era nessas situações de perigo. Outra tentativa de injeção, ele já não estava mirando no peito, simplesmente queria me injetar logo aquela droga e acabar com isso. Eu clamei por sua piedade “Pare! No peito não, por favor!”. Ele tentava agora minha barriga e perna enquanto eu desviava com meus punhos em seus punhos. Uma outra pessoa chegava agora, ela era loira e tinha um rosto estranhamente familiar. Sua voz era bem intencionada apesar de carregar outra seringa. Ela não parecia entender o motivo do meu pânico. “deixe-o acertar seu peito, vai ser melhor para você”. Ela ainda não sabia de tudo e não entendia o que eu entendia. Os golpes continuavam até que eu decidi fazer um ultimo apelo “você não entende. Eu sei o quanto vai doer em meu peito”. Mas minha força de vontade estava se acabando, eu sei que provavelmente iria dormir com qualquer acerto dele e que depois ele iria me atingir no peito. Enquanto tentava afastá-lo do meu tórax já nú eu me machucava mais, sua agulha batia ocasionalmente em meus braços e barriga rasgando a superfície da pele, o processo estava muito dolorido para ser sustentado. Aproveitando meu momento de dúvida ele conseguiu. Enfiou a injeção no meu peito e a apertou, a dor veio junto com minhas lágrimas. Teria o esforço dos meus amigos e talvez até mesmo seu sacrifício sido em vão? Acho que não saberia responder, tudo se apagava agora.</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><div style="text-align: center;">* * *</div></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Era como se respirasse pela primeira vez na minha vida. Um fôlego desesperado de quem acorda de um pesadelo. Meus testículos pesavam e eu sentia como se tivessem o dobro do tamanho. Eu estava deitado em algum tipo de leito ou mesa cirúrgica. Quando me levantei o peso de minhas bolas me fez pensar que a região toda estava inchada.<o:p></o:p></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">“Muita calma agora” disse um dos médicos. Eu respondi como se eles fossem incapazes de entender minha indignação “Calma? Olhe o que você fez com meu saco! Eu quero sair daqui, já chega!’’</span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><div style="text-align: center;">* * *</div></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;"></span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Eu agora subia o elevador onde tudo começou. A loira que acompanhara a cena da injeção e também tentara me neutralizar agora subia o elevador comigo, conversando como se fosse minha amiga ou tutora. Ela me explicava algo que não me lembro ao certo, mas ao fim da conversa eu havia entendido que não poderia ser como antes e que se não desse certo eles me apagariam. Eu teria uma limitação de área para agir e seria vigiado. Ao que tudo indicava eu era agora algum tipo de experiência. </span></div><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div><br />
<div style="text-align: center;">* * *</div><br />
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<span style="font-family: Calibri;">Estávamos agora subindo a escada rolante do shopping, algo muito acima do complexo de onde viemos. Eu corria fugindo para cima no mesmo sentido da escada quando ela me alcançou e falou “pare! Você quer acabar com tudo isso? Continue correndo assim e quando você passar dos limites eles simplesmente encerram isso.” Eu me acalmei, não adiantaria ser afobado agora, eu tinha que entender o que estava acontecendo. “ok então, tentarei ficar calmo” eu desci a escada rolante paralela até a praça de alimentação e comecei a testar meu novo corpo. Comecei com algumas acrobacias nos bancos e mesa e me surpreendi. Ao que parecia eu era extremamente ágil, meu corpo parecia adaptado e as pessoas se admiravam com o espetáculo. As meninas começaram a olhar e rir de um jeito cada vez mais atraente. Isso me afastou um pouco as preocupações. Comecei então a me exibir. Era boa a sensação de ser admirado. Uma das meninas vinha falar comigo, provavelmente impressionada, mas eu não lhe daria bola. Aproximei-me da loira que parecia ser minha tutora. “Está certo, vamos dar um volta por aí”. Eu a conduzia como se ela fosse uma menina que estivesse finalmente grata por estar saindo com o menino que ela sempre foi apaixonada. Havia um quê de falsidade em toda essa situação mas eu não me importava tanto, eu era incrível.<o:p></o:p></span><br />
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<span style="font-family: Calibri;">“Quero ver uma coisa aqui” eu disse. Uma barraca de cigana me chamava a atenção. Um cartaz dizia “pegue sua magia aqui” e abaixo dele uma mesa com vários papeis dobrados de uma forma estranha. No estande ao lado uma mulher vestida de cigana recebia o dinheiro dos trouxas. Eu peguei dois papéis ao acaso e levei pra ela. Ao que parecia eram biscoitos da sorte sem os biscoitos. Quando entreguei-o à cigana, minha acompanhante deixoua-a sem graça “você sabe que isso tudo é mentira… ela só quer ganhar dinheiro”. “Não importa. Eu quero saber meu futuro, é importante pra mim”.</span><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">A cigana mantinha um sorriso no rosto como se acostumada com esse tipo de coisa, como se pensasse “menina insolente, nunca entenderá este tipo de coisa”.<o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">A cigana abriu os dois papéis e começou a ler.<o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">“Mas que interessante. São duas más noticias o que temos aqui… Parece que as pessoas mudaram quem você é, quem você já foi, e tudo contra sua vontade. Você não gostou do que se tornou com o tempo e não quis que continuasse assim mas não conseguia mudar” meu sorriso desaparecera e eu me lembrei de porque estava ali. O bilhete não tinha nada de vago apesar de sua leitura fazer parecer um simples ditado chinês. Ela pegou o outro papel. “no entanto para voltar a ser você, você não pode mais ser você. Ser o que você é, é negar aquilo que você é e abdicar de sua existência. O dia em que você conseguir ser você, vai deixar de existir tanto como foi tanto como é”<o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;">Suas palavras tiraram meu fôlego e eu tive vontade de cair. Como podia aquela mulher prever e saber de tudo tão bem. O que significaria aquilo para mim? Seria verdade então? Eu era um clone com o comportamento alterado e ao descobrir a verdade e despertar o meu original faria com que eu morresse e deixasse de ser quem eu acho que sou agora? O que eu queria de verdade? Sentia-me observado.<o:p></o:p></span></div><br />
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<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></div>Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-59471709634856136752010-04-15T21:08:00.000-07:002010-11-11T06:31:05.865-08:00ÍcaroHoje eu tive um sonho que não pude por de lado<br />Acordei meio tonto, um tanto quanto desorientado<br />Ainda grogue, devagar me pus sentado<br />Olhei ao redor e vi na cama alguém deitado<br /><br />Para ver quem era eu devagar me aproximei<br />Era um de meus amigos, mas não estava acordado<br />Ele dormia tão calmamente que enfim eu relaxei<br />Deixei de lado a busca por meu sonho perturbado<br /><br />Em um gesto de carinho nele eu toquei<br />Ele acorda assustado e me joga para o lado<br />Que rude! Quase que me machuquei<br /><br />No chão percebo o fato<br />sonhei que era humano<br />mas acho que sou um gatoVinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-82561228311507227272009-09-15T07:27:00.000-07:002011-05-31T11:09:53.885-07:00Virgens e Cachaça<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitLHC1GFZ6DWaPSGU4DvYnL1zPHHC0g_ccPYnUtcMzdDMZUxZiZDB4bkoPTGZlvjIpJ0wIErkg2f25i117FxNJRdBT9vcZ_l1EhvA6mfihRBVaQnk_7LjcMZsGtf4LM3mUv3K6lkatJg/s1600/The_book_by_liebeSuse.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitLHC1GFZ6DWaPSGU4DvYnL1zPHHC0g_ccPYnUtcMzdDMZUxZiZDB4bkoPTGZlvjIpJ0wIErkg2f25i117FxNJRdBT9vcZ_l1EhvA6mfihRBVaQnk_7LjcMZsGtf4LM3mUv3K6lkatJg/s400/The_book_by_liebeSuse.jpg" width="400" /></a></div><br />
Este conto sempre vai representar um marco para mim. Foi escrevendo ele que me dei conta de que gostava de escrever. A melhor parte de escrever este aqui é que eu não sabia qual seria o final até chegar nele, foi uma escrita sem maiores planejamentos.<br />
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<div style="text-align: center;">* * *</div><br />
A chuva castigava a casa dos Eigens naquela tarde de terça feira. O barulho pesado de água e vento batendo do lado de fora das janelas abafava qualquer outro som e as grandes nuvens cinzentas se alastravam pelo céu de tal forma que a claridade diminuía alcançando um tom relaxante aos olhos. <br />
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Apesar da anomalia que era uma tempestade repentina na atual estação, Lanara estava contente. A mudança súbita na atmosfera conseguia diminuir um pouco o peso que a nova rotina lhe impunha. Nos últimos meses a menina esguia de cabelos compridos e cacheados perdia todas as suas tardes por culpa de um homem irresponsável.<br />
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Enquanto juntava latas em um saco de supermercado com cuidado para não pisar na cerveja derramada, tentava julgar qual situação lhe desgastava mais. Após tantos anos convivendo com as brigas diárias de seus pais ela chegou a achar que o divórcio poderia ser a melhor solução. É difícil para uma menina de 14 anos chegar a conclusão que a separação de seus pais pode parecer a melhor situação, mas Lanara era madura o suficiente para perceber a verdade. <br />
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No entanto, a calmaria que ela esperava vir imediatamente após a tempestade jamais chegou. Com a última briga, sua mãe finalmente juntou coragem e simplesmente sumiu sem deixar notícias. Se os comentários maldosos de seu pai estivessem certos, Luana estaria agora em alguma cidade do sul com um homem tolo o suficiente para pagar por sua companhia. Quanto ao homem responsável pela bagunça que ela limpava, a história era um pouco mais complicada. Era como se seu corpo continuasse com seus afazeres diários, mas seu espírito estivesse tão longe quanto sua esposa.<br />
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Enquanto a água fraca e gelada tirava o condicionador de seus cabelos, ouviu o barulho de garrafas vindo da cozinha. Seu pai acabara de chegar. Já eram dez horas da noite e o retrato vinha sendo o mesmo nos últimos três meses: cheiro de cigarro, uma lata de cerveja na mão e o bom humor dos injustiçados.<br />
– Pai, já estou indo dormir. - Ela disse com a voz cuidadosa. – deixei panquecas no forno.<br />
Sua resposta se limitou a um grunhido afirmativo. Não era uma conversa muito afetuosa e Lanara não queria estendê-la alem disso. Ultimamente a rotina do seu pai resumia-se ao trabalho enquanto houvesse luz do sol e a ficar bêbado em casa durante a noite. Apesar da bagunça no dia seguinte ela ficava grata por ele beber somente em casa, se fosse dirigir seu táxi do mesmo jeito que passava suas noites, logo ela teria mais tempo livre a tarde por não ter mais comida para cozinhar. <br />
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A televisão alta já não a incomodava como antes, e ainda que incomodasse, seu cansaço era grande e o sono era necessário se quisesse completar seus planos para o dia seguinte: ir para o colégio, cozinhar alguma coisa para o almoço, arrumar a bagunça deixada pelo seu pai, fazer compras, cozinhar alguma coisa para o jantar e estudar. Que dia divertido. Ela pensava se virando de costas para a luz que entrava pela porta sem tranca.<br />
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– Lanara, quero que compre alguns daqueles sacos azuis grandes hoje. – Sua voz parecia menos ranzinza do que de costume enquanto acrescentava uma nota de dez ao dinheiro dado. – Estive pensando em arrumar aquele porão. – Ela achava impossível de acreditar. Nos últimos meses que se arrastaram, em todas as manhãs ele entregava apenas o dinheiro necessário para que ela abastecesse a casa e ia embora sem dizer mais nada, mas hoje, alem de tentar um sorriso em sua última frase, estava falando em entrar no porão.<br />
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Quando Luana deixou a casa ele jogou tudo que era dela escada abaixo e trancou a porta. Há dois meses quando Lanara lhe pediu a chave porque precisava dos sapatos da mãe o rubor cresceu em seu rosto enquanto gritava que ela não tinha mais mãe e que ninguém ia entrar no porão. Apesar da alegria que o ato de boa vontade de seu pai lhe dava ela não queria forçar mais nada e temia também que ele lhe pedisse para arrumar o porão. Ela nunca gostou de entrar naquele buraco nem mesmo quando sua mãe o limpava regularmente, que dirá agora.<br />
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O céu parecia mais azul naquela manhã. No caminho de volta para casa, Lanara se pegou pensando se sua mãe também não estaria cansada de ficar longe e se ela pensava em voltar para casa. Quando o ônibus fez sua parada em frente ao bazar do gordo, uma espelunca suja que ficava próxima à casa de Lanara, ela já pensava em como estava sendo boba de imaginar tanta coisa só porque seu pai lhe pedira algo com um falso sorriso.<br />
Quando Lander chegou com seu habitual aroma de cigarro barato encontrou a casa mais limpa do que de costume e o cheiro de macarrão estava ótimo. Lanara terminava seus estudos quando escutou seu pai mexendo na panela. Enquanto passava pela cozinha com o pretexto de beber água, Lanara reparou que não haviam garrafas de cerveja em cima da mesa esta noite, apenas uma única garrafa larga de cachaça.<br />
Mastigando como um morto de fome ele parecia mais nervoso do que de costume. A julgar pelas experiências anteriores em que a mesma expressão dominava seu rosto ou ele perdeu dinheiro ou bateu o carro. Independentemente do que fosse, um diálogo era a pior opção. Desanimada, a garota subiu as escadas até seu quarto forçou sua retina contra o livro mais um pouco e tentou o sono. A ausência do som alto que deveria vir da televisão inquietou a menina.<br />
– Estaria ele realmente arrumando o sótão? Talvez tenha desmaiado com aquela cachaça. – os pensamentos a induziam a levantar-se e checar, mas o bom senso lhe dizia que não era uma boa idéia encontrar seu pai enquanto estivesse mexendo no porão, ainda mais bêbado.<br />
Passados alguns minutos, alguns gritos e vozes anormais vindos do andar de baixo indicavam que a televisão devia exibir algum filme de terror, tudo estava como de costume. Há tempos que não tinha problemas para dormir, esta noite não foi diferente.<br />
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Seu coração batia rápido e sua testa tinha gotas de suor. Quando se levantou de súbito, Lanara não conseguia se lembrar que pesadelo acabara de ter, mas ainda se sentia assustada. Engoliu o café da manhã enquanto inúteis tentativas de lembrar seu sonho e a frase “estou atrasada” disputavam sua mente. O dinheiro que seu pai deixara na mesa do telefone não seria notado se o mesmo não tivesse tocado.<br />
- alô? – Ela disse com pressa.<br />
- bom dia, o Sr. Lander se encontra? – Pelo tom de voz parece que seria propaganda de algum cartão.<br />
- Não, ele está no trabalho. Quer deixar recado?<br />
- Na verdade, aqui é da companhia de tele-táxi. Estou ligando para tentar encontrá-lo, ele não comunicou que não viria, mas pelo que você disse, já deve estar chegando. Obrigada.<br />
Ele deve ter se atrasado também. Pensou enquanto corria para a parada de ônibus.<br />
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Ela não havia notado pela manhã, estava com muita pressa para perceber. Quando chegou em casa naquela tarde, não havia garrafas pelo chão, roupas espalhadas ou louças sujas. Começava a se perguntar se ele havia de fato mudado, se finalmente teria caído na real. De qualquer forma, ela ainda teria que fazer o almoço e ir ao supermercado. Mas teria algum tempo de sobra esta tarde. Decidiu que seu pai merecia uma boa refeição e demorou-se um pouco mais no mercado.<br />
Chegando em casa adiantou o estudo que seria feito à noite e pôs-se a cozinhar sua especialidade: filé de frango com queijo e molho de tomate. Ainda faltava algum tempo para que Lander chegasse e apesar de estar com fome, estava decidida a jantar com o pai.<br />
Fazia algum tempo que não via televisão, a programação lhe parecia mais idiota do que de costume. Apenas alguns minutos foram necessários para lhe mostrar que não estava perdendo nada todo esse tempo longe da televisão. Movida pela curiosidade decidiu verificar como estava o sótão. Já arrumara a casa vezes o suficiente para saber que seu pai escondia a chave na mesa de cabeceira. Com medo de ser pega de surpresa correu até o quarto de seu pai à procura da chave. Ele devia ter mudado de lugar ou... Ele tinha deixado-a aberta. O pensamento lhe pareceu bobo, mas não custava a tentativa.<br />
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Com um leve empurrão a porta de madeira foi se abrindo acompanhada de um rangido. A luz vinda da sala permitia a entrada de luz o suficiente para iluminar parte da escada. Um hálito morno exalava do porão. O cheiro de pó estava misturado com algo podre. Um, dois, três, quatro cliques. A luz do sótão estava queimada. No final das contas, ele não tinha arrumado o sótão. Pensou Lanara, decepcionada com o pai. A porta estava quase fechada quando um grunhido agudo e baixo chegou aos seus ouvidos.<br />
- Quem está aí? – ela perguntou curiosa e assustada.<br />
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O silêncio foi interrompido pelo grunhido novamente. Com a porta aberta ele era mais audível. Um cachorro chorando talvez. Ela pensou. O som era muito similar, mas que sentido isso fazia.<br />
Em hipótese alguma ela iria descer ali sem luz. Seja lá o que estivesse ali, teria que esperar seu pai chegar. Obrigando-se a se distrair, decidiu que ela e seu pai beberiam suco junto com o frango. Pegava as laranjas na fruteira quando o som esganiçado voltou. O choro conseguiu lhe convencer que havia um cachorro machucado em seu sótão. Por que motivo ela não fazia idéia, mas a julgar pelo desespero na voz do bicho, ela precisava ajudá-lo.<br />
Procurou pela lanterna, mas só o que conseguiu juntar foi uma vela, fósforos, um mini castiçal de madeira e coragem. O choro parecia mais calmo com o barulho dos degraus velhos reclamando do peso da menina. O sótão estava estranhamente quente e até onde a vela podia iluminar estava tudo arrumado, a não ser pela areia espalhada no chão. O som havia cessado quando uma brisa quente teve a perversidade de num único movimento apagar a vela e fechar a porta do sótão. Seu coração já acelerado desde que entrara ali agora parecia querer correr e deixar o corpo sozinho naquela escuridão. Pensamentos voavam enquanto tentava puxar os fósforos do bolso. E se tivesse realmente um cachorro ali, o que o impediria de atacá-la? Que tipo de porão maldito consegue gerar uma brisa?<br />
Quando conseguiu acender um fósforo, algo lhe arranhou a perna perfurando a carne. O grito e o movimento brusco foram o suficiente para apagar a nova chama. Desesperada ela correu em direção a escada. Não estava mais correndo, estava se arrastando escada acima tateando seu caminho no escuro. A luz do sótão piscou. Um clarão seguido da escuridão e então a luz voltou. Não com a força que se esperaria, mas uma luz extremamente fraca e amarelada que agora iluminava o porão. Prostrada na escada a primeira coisa que viu foi um livro logo abaixo de seus olhos, estava aberto em uma gravura com pequenos demônios torturando e atacando humanos. A gravura era típica da idade média. Alguns humanos corriam nus dos diabretes enquanto outros humanos bem vestidos tinham chifres na cabeça e riam da cena. Descontrolada ela virou para encarar o que lhe atacara e pode presenciar que tipo de arrumação seu pai tinha feito.<br />
O chão do sótão tinha um pentagrama desenhado com algum tipo de areia vermelha. No centro do pentagrama dois cadáveres. Cabelos longos encaracolados e roupa nenhuma no corpo revelavam o corpo já muito decomposto de Luana. O outro corpo lembrava-lhe vagamente a filha de 12 anos da vizinha, não havia tempo para ficar parada olhando. No pé da escada Lander encarava Lanara com um sorriso enlouquecido. Olhos amarelos e brilhantes, barba por fazer, pele acinzentada e unhas monstruosamente alongadas. Um... Dois... Três... Quatro passos em direção à garota paralisada de medo. Despertando do choque, ela correu em direção a porta. Um rosnado parecido com o de um cachorro violento ecoou de suas costas enquanto seu pai saltava como um felino dando o bote.<br />
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O local está lotado. Transeuntes curiosos, repórteres e policiais. Há faixas impedindo a multidão de avançar. Dentro da casa dois policiais conversam.<br />
- Cachaça e uma virgem. Bobinho este diabo. – um policial satirizava uma das páginas de uma possível pista do crime. Na capa vermelha e grossa do livro pode-se ler: Invocando os Abissais. E no título do ritual da página lê-se: pedidos de ressurreição.<br />
- Se quer saber minha opinião, ele virou essa garrafa, - disse o outro policial enquanto movia uma garrafa de cachaça com a bota. – ficou tão bêbado que matou a própria filha e sua amiga. Quando voltou a si e viu os corpos destas duas meninas, fugiu com medo da policia.Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-87295667168083574572009-09-14T18:24:00.003-07:002011-08-20T21:02:34.389-07:00Sombra da madrugada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwu_y8r4UFCntMbdAgQ_XBnADhNAEZiwMCz4rwIiB6ybedbW6dCvn3IdkOJIJwsqHH3DGQq0kW8uQSZVlTl7DTRLFlGX0Dat3g3hHeyCMS38ZLUxW5dAtO7c8d_72yyCTKNBvMG-14ig/s1600/Blue__White__Black_by_thorcx.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwu_y8r4UFCntMbdAgQ_XBnADhNAEZiwMCz4rwIiB6ybedbW6dCvn3IdkOJIJwsqHH3DGQq0kW8uQSZVlTl7DTRLFlGX0Dat3g3hHeyCMS38ZLUxW5dAtO7c8d_72yyCTKNBvMG-14ig/s400/Blue__White__Black_by_thorcx.jpg" width="265" /></a></div><br />
O primeiro, e talvez o único, conto deste Blog a se basear em uma experiência própria. Acho que eu escrevi este aqui só pra ver se conseguia fazer algo ao estilo de Stephen King.<br />
Ah sim! Este foi o meu primeiro conto.<br />
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Televisão, computador e cama. O garoto continuava seu tedioso ciclo tentando ignorar o clima abafado e irritante da nova cidade. Ainda que estivesse ha pouco tempo morando ali, a falta de amigos lhe deixava preocupado. Quantas tardes teria de passar sozinho em casa até que encontrasse algo divertido para fazer. Não deveria ser tão difícil fazer amigos na quarta série.<br />
Por fim o calor lhe convenceu a optar pela única alternativa que não deixaria suas costas úmidas de suor. Deitado ali no quarto com o ventilador ligado era ainda mais difícil evitar pensar nas coisas que o incomodavam. Tantos garotos pareciam ser felizes em seu colégio, tinham amigos, sabiam jogar bola sem passar vergonha. E o pior, porque nenhuma garota conversava com ele? Como sempre elas preferem se amontoar por apenas um garoto. Se ele ao menos fosse mais forte. Talvez se conseguisse que seu pai lhe pagasse uma academia... Um grito interrompeu seus pensamentos, parecia alguém gritando de dor ou lutando com alguma coisa. Havia raiva naquele som vindo do prédio ao lado. Rompendo a letargia o garoto correu para a janela da sala. No meio do caminho outro grito. Desta vez o som parecia cair. Antes que pudesse alcançar as janelas um barulho de choque vindo do térreo o fez imaginar o que estava acontecendo.<br />
Ali no chão do prédio vizinho o garoto viu seu primeiro cadáver. Um corpo deitado com uma poça de sangue ao redor do crânio. Não era uma mancha circular, era como se seu cérebro tivesse forçado a saída deixando um rastro de sangue e algo pastoso num vermelho escuro entre o corpo e a massa encefálica a uns dois metros. Apesar do caráter perturbador da cena ele não conseguia afastar seus olhos. É como uma ferida na boca que, apesar da dor, não se pode deixar de passar a língua. Trinta segundos ou dez minutos devem ter se passado enquanto ele observava o que um dia fora uma pessoa. Aos poucos chegavam outros iguais ao cadáver, mas ainda com seus cérebros no lugar. Corpos com vida e curiosos para saber o que acontecera amontoaram-se ao redor do infeliz. Dali do sexto andar não dava para saber o que se passava. Na tentativa de parecer diferente daqueles urubus humanos se afastou da janela e foi para o computador.<br />
"Será que ele foi empurrado? Um assassino no prédio ao lado? Por que ele pularia? Como alguém decide morrer de uma forma tão sem graça? E os seus familiares?"<br />
As perguntas foram diminuindo à medida que o computador exigia sua atenção.Após algumas horas no computador (sim, para este menino horas passam como minutos quando se trata do computador) chegaram seus pais. Eles disseram que o porteiro sabia o que tinha acontecido. Pelo visto o homem que morrera naquela tarde morava no nono andar e era maluco. Tomava remédio controlado e vivia sob os cuidados da mãe ou empregada ou irmã, não se sabe ao certo. Estava a dois dias sozinho no apartamento e quando a polícia entrou não encontrou os remédios em lugar algum. Sem sua medicação o homem cedeu à loucura e pulou.Descoberta a causa do acontecimento o mesmo parou de lhe despertar o interesse. O tempo terminou de se arrastar até que o sono se fez presente. Antes de prosseguir com a história é necessário falar um pouco sobre a casa. A arquitetura dela era tal que a ordem dos cômodos era: banheiro, no fim do corredor; quarto dos seus pais e seu quarto, um de frente para o outro e perto do banheiro; um pouco mais adiante o quarto de seus irmãos. O corredor onde estavam as entradas destes quatro cômodos terminava na sala, que tinha a forma de um “L”, na parte menor da sala havia uma porta para a cozinha e outra que saia para os elevadores.Naquela noite o garoto, sabe-se lá por quais motivos, iria dormir sozinho no quarto de seus irmãos.Antes de cair no sono ficou imaginando o que poderia ter se passado na cabeça do suicida antes de pular. Alguns loucos acham que podem fazer coisas impossíveis, outros não percebem a realidade como ela é. E alguns vêm seres que ninguém mais vê.Nunca teve problemas para dormir e naquela noite não foi diferente. No entanto, teve um sonho um tanto quanto estranho.Estava deitado na cama de um de seus irmãos, cabeça para o corredor e pés para a janela, perpendicular ao corredor, quando ouviu o som de vidro se quebrando. O barulho parecia ter vindo da sala, correu para lá. O vidro estava quebrado e ele olhava fixamente para o andar em que o suicida morava.Acordou do sonho um pouco perturbado. Levantou-se e foi receoso até a sala para ter a certeza de que tinha sido apenas um sonho. Assim que chegou ao corredor e olhou para a sala viu uma coisa que lhe arrepiou a nuca com uma força jamais sentida.O que parecia ser uma sombra de um homem forte acabara de entrar pela janela próxima ao computador. Ele estava um pouco envergado como quem acaba de tocar o chão após um pulo alto. Aquilo o encarou, seu corpo era uma massa negra, como sombra materializada. Não havia detalhes em seu corpo, apenas contorno. Seu contorno não era o de um homem normal, apesar de essa ser a base. Pendurados em sua pele estavam algum tipo de cordas tão negras quanto ele. Em seu rosto havia olhos humanos e um lábio carnudo extremamente vermelho formando um sorriso fechado diabólico.Ele sabia que o menino o observava assustado, pois ele também o observava, mas sem medo algum. O encontro durou menos que cinco segundos, em seguida ele pulou pela janela que entrou. Paralisado de medo o garoto permaneceu inerte no corredor. Após algum tempo voltou para a cama e conseguiu se convencer de que fora um sonho.Nunca teve problemas para dormir, por pior que seja a situação. Naquele fim de noite não foi diferente.<br />
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Após me convencer de que tudo fora um sonho, e pra falar a verdade, talvez tenha sido, consegui voltar a dormir. Se foi real ou não, acho que não chegarei algum dia a ter certeza, mas sempre que me lembro do que vi naquela noite sinto um calafrio fugindo da minha coluna para se esconder em minha nuca.Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-67784118307278373652009-09-14T18:24:00.001-07:002011-05-31T11:16:52.512-07:00Constitucional 3 - algo sobre reforma agráriaEscrito durante a aula de Delgado que a época se davam no Demec, acho que essa foi a forma mais direta do meu subconsciente me dizer que eu não sou lá muito fã das aulas de Direito. Menos ainda quando são de manhã.<br />
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Palpitando dentro do peito. Não é amor, não é meu coração. Somente vísceras quentes e inquietas me lembrando como meu interior se difere deste ambiente monótono e frio. Estarei em algum tipo de frigorífico com carnes podres e um pingüim revoltado vomitando peixes de conhecimento em mim?Aqui nesta sala as cores têm um tom de comida mal digerida, o marrom das cadeiras velhas, a parede já mofada quase não faz contraste com o chão sujo, a pele das pessoas... Na verdade tudo está limpo, mas me recuso a aceitar que a nojeira esteja somente em minha cabeça. Não importa quanto eu tente, essa sala não muda, não importa se me afasto pela distração de um sorriso ou de um beijo, as cores simplesmente não mudam quando eu volto, pior, elas ganham voz... Falas irritantes de pseudo-conhecedores me empurrando pseudo-conhecimentos que eu não quero ter. – Professor, tenho uma pergunta. Posso vomitar na turma? – pausa para uma tentativa de vômito. Não sei porque ainda me surpreendo com a baba e o cuspe que substituem o maciço do vômito. – desculpe, não tinha engolido nada ainda, na verdade sequer mastiguei, mas muito me fascina o ato de regurgitação em público.E assim continua mais uma manhã na sala do nojo. Dentre vômitos alheios, cores maçantes e muito movimento de minhas entranhas eu continuo a mostrar minha máscara, não que ela seja bonita (ela é feia como o tédio) nem por que tenho medo de me mostrar, mas simplesmente porque não me parece nada divertido ou animador mostrar quem sou. Na verdade, tenho plena consciência que faço parte desse quadro repugnante.<br />
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era esse texto ou algum desenho mal feito...Vinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7020861160753118604.post-17343216681401942442009-09-14T18:23:00.000-07:002010-11-11T07:17:29.997-08:00Ossos negrosProcuro na escuridão o meu bem estar<br />É calmo é aconchegante é convidativo<br />Sinto as costelas o sangue o coração<br />Tudo parece ter mudado de ritmo<br /><br />Reconheço meu lugar dentro da sombra<br />No espelho olho e não me vejo<br />Apenas carne e cabelo tentando me esconder<br />No escuro meu reflexo me conforta<br />Nada vejo nada sinto<br /><br />A aura de sangue sombra e mistério me cerca<br />Encantado, começo a aproveitar<br />Eu mesmo! Finalmente<br />Ira maldade e frieza, tudo a tona<br /><br />O êxtase invade meu espírito<br />E logo eu quero invadir também<br />Chave escondida, arrombamento... Nunca descobrirão<br />Em seu sagrado lar estive<br />Levei sangue sombra e excitação<br /><br />A poucos metros de mim<br />Família cansada e indefesa<br />Se eu quiser, o que eu quiser<br />Não foi por isso que eu vim<br /><br />O frenesi sobrepõe-se, mas tem fim<br />Não há sangue. Há sombra<br />Rompeu-se a combinação perfeita<br />Sinto-me diferente, estou ausente e presente<br />Recolhida a personalidade outra acorda<br />Ligue a luz! Quero me ver<br /><br /><br /><br />*Encontrei o papel quase sem pontuação, achei melhor não mudarVinicius C. L. Higinohttp://www.blogger.com/profile/17867615491243313168noreply@blogger.com0